Feelings

Capítulo 2


A última semana de agosto passou incrivelmente rápido, dando logo início às aulas. Apesar de ter os bens de toda a família Morgenstern, não desperdiçaria todo o dinheiro em coisas que já sabia, como a escola, além disso, queria se misturar com as pessoas, então nem se deu ao trabalho de escolher uma escola particular, escolheu a dedo, e agora, lá estava ele, andando pelos corredores, atraindo olhares, talvez por ser o novato que ninguém nunca viu. Sorriu para as pessoas amigavelmente, conquistando-as de primeira. Teria sido um completo babaca, se não fosse seu rosto lindamente demoníaco, afinal, Lúcifer era o anjo mais belo.
Havia colocado uma roupa qualquer e caminhava despreocupadamente, como todo mundo, percebeu. Recebeu instruções de que deveria ir à secretaria pegar os horários. O problema é que obviamente ele não era o único novato, então havia uma pessoa em espera. Sentou-se na cadeira ao lado da garota.
Bem, se fosse pelos métodos dele, provavelmente seria um desastre. Mas resolveu confiar nas palavras do pai e iniciou uma conversa praticando o que Valentim dissera sobre como agradar as pessoas.
Olhou para garota, de uma forma que não demonstrasse desinteresse, mas que não estivesse encarando-a:
– Camisa legal. Onde comprou?
A garota olhou para sua camiseta de banda e olhou novamente para o garoto.
– É fã de Linkin Park?
– Como não ser? Algumas pessoas dizem que é só modinha, mas na verdade, é a melhor banda de rock.
– É, eu sei. As pessoas costumam ter muito preconceito com bandas famosas, elas não param para pensar que a banda é famosa porque é realmente boa.
– Sebastian Verlac – disse estendendo a mão.
– Aline Penhallow – apresentou-se apertando a mão dele, e rindo pela formalidade.
– Novata também? – A garota enrubesceu.
– Ãhn, não. Estou esperando uma pessoa – disse um pouco nervosa.
Com essa reação, Sebastian imaginou que fosse alguém íntimo:
– Seu namorado?
– Namorada – Ela disse por fim.
– Ah, certo. Ela tem muita sorte de ter uma garota como você. – Ele piscou e sorriu amigavelmente, deixando Aline mais confortável.
Nesse momento, uma garota loira saiu da sala da secretaria com um papel em mãos. Ela olhou para Aline e sorriu.
– Prontinho. Obrigada por esperar.
A garota se levantou e saiu pela porta de mãos dadas com a loira.
– Tchau, Sebastian.
Ele deu um meio sorriso e acenou com a mão em um movimento rápido, partindo da cabeça. Um instante depois, uma voz feminina um tanto rouca chamou seu novo nome. Ele adentrou a sala da secretaria e pegou os horários, percebeu sua ficha escolar e riu de como fora fácil falsificar impecavelmente todo seu histórico, tendo um certo cuidado em colocar notas razoáveis, mas ainda assim que combinasse com as que tiraria esse ano. Antes de sair, passou o olho por um papel em cima da escrivaninha e leu a caligrafia um tanto apressada da secretária: Valentim Morgenstern, com um número de telefone logo abaixo.
Ao sair da sala, anotou o número, que ainda encontrava-se em sua memória, no papel dos horários, e seguiu seu caminho.
Pouco tempo depois, achou seu armário. Antes colocar a folha de papel nele, deu uma olhada nos horários, decorando-os e passou um certo tempo encarando o “número de seu pai”. Tempo o bastante para perceber que o corredor estava vazio e que já havia tocado. Seguiu para a sala de aula e abriu a porta, o professor estava no meio de seu discurso de início de ano, e não gostou nadinha de ser interrompido.
O garoto, nunca tendo frequentado uma escola antes, apenas fechou a porta atrás de si e sentou-se em uma cadeira no meio da sala, sem sequer dirigir uma palavra ao professor, que ficou um tanto desorientado.
Sebastian percebeu que os olhares encontravam-se nele, alguns divertidos, outros que indicavam flertes, mas nenhum tão penetrante quanto o do professor.
O garoto apenas o encarou por um tempo, arrancando risadas abafadas da turma. O professor começou a ficar vermelho de raiva, o que fez com que Sebastian o encarasse mais duramente, o pobre homem pareceu ver a morte em seus olhos, e se deixou surpreender, um tremor passou por seu corpo, como um espírito atravessando seu corpo. Ele desistiu de encarar o novato e continuou seu discurso, agora com a voz um tanto insegura.
Certo que Sebastian nunca aprendera a ter respeito com ninguém além de seu próprio pai, mas sabia como agradar as pessoas, só não queria desperdiçar a técnica com qualquer pessoa, mesmo que fosse uma “autoridade”.
Alguns dos alunos ainda olhavam-no. Um louro ao seu lado, com um meio sorriso nos lábios, murmurou para ele em um tom de divertimento:
– Que velhote babaca.
Ele riu com deboche do professor, não achou isso engraçado, mas concordar com as pessoas, em alguns casos, as fazem gostar de alguma forma de você, rir de suas piadas, por menos engraçadas que sejam, causa o mesmo efeito.
Olhou para esse garoto: loiro, olhos dourados, confiante, sarcástico e arrogante.
O garoto olhou para ele:
– Jace Herondale.
– Sebastian, Sebastian Verlac.

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