A primeira coisa que pensou ao chegar na universidade fora que ele não sobreviveria àquela vida por conta própria, e que certamente seria trucidado diante de todos aqueles rapazes mais velhos e fortes, animados com a chance de provocar os calouros.

Bem, aquilo ele resolveria depois, quando tivesse terminado de se instalar no seu dormitório e tivesse que enfrentar todos os alunos e professores. Por falar em dormitório, o seu era um cubículo com duas camas e armários, também duas mesas de estudo.

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Seu colega de quarto, descobriria depois, era um homem apenas um pouco mais velho que ele próprio, chamado Jordan Parrish. Era um cara legal, de fácil convivência, e com quem poderia se acostumar pelos próximos anos que viveriam juntos.

Tal como esperava, sofreu um pouco na mão dos seus veteranos, que tinham um prazer especial em aprontar com o rapaz, especialmente por ele não ser capaz de manter sua língua quieta, ao que parecia. Mais de uma vez tivera boatos a seu respeito circulando pela faculdade, o pobre Parrish inclusive foi envolvido em um deles, onde alegavam que os dois tinham um caso.

– Lamento por isso, talvez se você mudar de colega de quarto, ou eu ir embora... - começou Stiles, mais de uma vez.

– Estamos juntos nessa Stilinski, não perderei um amigo por boatos idiotas. - dissera dando de ombros, antes de acertar o braço dele. - Vamos, o professor Finstock nos mata se nos atrasarmos.

– Sempre podemos colocar a culpa no Greenberg. - riu o Stilinski baixo antes de juntar seus livros e seguir para o prédio das aulas.

O tempo passava incrivelmente rápido, em um dia ele estava quase vomitando enquanto via seu professor de anatomia humana abrindo um corpo, ele vira alguns de seus colegas saindo para vomitar, o que só aumentou seu enjoo, mas suportou.

No outro dia, ele estava sob a supervisão de um professor suturando ferimentos e fazendo uso de talas para imobilizar fraturas. Aprendera utilizar diversos instrumentos, a usar plantas para preparar os medicamentos quando não tivesse um boticário* acessível.

E qual não fora sua surpresa ao se ver na frente da sua turma, ou o que restara da mesma sendo o orador, dizendo palavras de incentivo àqueles que iriam agora cada qual para seu lar por em prática aquilo que aprenderam, iriam salvar vidas.

– ... Foi muito difícil, achei que o sr. Finstock jamais nos permitiria deixar esse lugar, desculpe professor é a verdade, sei que nos ama, mas precisamos partir. - comentou provocando a risada de alguns de seu grupo. - Muitos de nossos amigos não puderam estar aqui, mas nós persistimos em nosso sonho. - dissera, sentindo um amargo na boca ao dizer tais palavras, ele não persistira em seu sonho de desbravar o mar. - E eu espero sinceramente nunca mais ver vocês na minha vida, especialmente você, Jackson, você é um verdadeiro pé no s...

– Já entendemos, obrigado por dizer algumas palavras, Stiles. - dissera Parrish tapando a boca do amigo e o puxando para trás enquanto todos batiam palmas, ele pôde facilmente notar Jackson estralando os dedos das mãos não muito distante de si. - Você está morto.

Stiles apenas riu, nem mesmo Jackson faria um caso na frente de todas aquelas pessoas, ele não estragaria o próprio dia daquela forma, uma vez que até seus pais estavam presentes. E foi exatamente como imaginara, apenas uma ameaça, mas o rapaz não estaria mais ali quando o louro fosse tentar cumprir a mesma.

Quando chegara ao seu dormitório, trocara suas vestes e pegara suas malas, agora uma maleta o acompanhava, nesta tinham todos os seus instrumentos cirúrgicos que comprara ao longo do curso assim também tinha alguns medicamentos e bandagens. Ele não somente cursara a faculdade como trabalhara ao longo da mesma auxiliando alguns médicos, alguns dos mesmos eram seus professores.

Nem mesmo a passagem de volta para as colônias ele pagara, o navio assim que soube que teria um médico formado em Cambridge a bordo não somente custeara sua passagem, como também lhe ofereceu trabalho ali durante a viagem, uma vez que muitos ilustres passageiros iriam seguir viagem e seria desastroso que algo lhes acontecesse.

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– Algo errado doutor? - indagou uma senhora observando o jovem médico, que parecia um tanto distraído em meio a sua consulta, a qual ela reclamara de uma tosse um tanto inconveniente, e também preocupante.

– Oh, me desculpe, não foi nada demais. - ele sorriu enquanto balançava a cabeça e abria os armários, pegando um medicamento e dando a ela. - Tome duas vezes ao dia por duas semanas, depois me venha me visitar novamente. Se não tiver nenhuma mudança ou piorar, venha imediatamente.

– Obrigada doutor, Deus lhe abençoe. - dissera aceitando o remédio e se retirando, logo em seguida o homem se afundara em sua cadeira. Aquele era um dia comum, entediante e cansativo, fora em um dia exatamente como aquele, sete anos atrás, numa tarde quente em que conhecera Derek Hale, o homem que atormentara sua mente e invadira seus sonhos.

Colocando a mão dentro da sua camisa, puxou para fora o colar com o triskelion, aquele que ele jamais tirara, sempre oculto por baixo da camisa, aquele colar que ele levava como um amuleto de sorte naquele mar. Por algum motivo desconhecido...

– Eu só queria que ele estivesse aqui... - comentou suspirando baixo, mas logo negou com a cabeça. Provavelmente aquela altura o pirata sequer lembrava mais de seu rosto ou seu nome, era estúpido pensar nele. A propósito, quem garantia que ele não fora preso pela coroa e executado? Quem garantia que seu próprio irmão não executara a única pessoa por quem ele nutrira algum sentimento, por mais estranho que fosse?

Ouvindo batidas na porta, guardou o colar e arrumou a postura, antes de dizer um "Pode entrar" para quem quer que fosse seu próximo paciente.

–x-

Se por um lado Stiles pensava que Derek o tinha esquecido, o pirata ansiava que o mesmo não o esquecesse. Pegando um pedaço de carne, acariciou as penas de seu falcão de forma distraída antes de alimentar o mesmo, que comeu ferozmente.

– Capitão, está tudo pronto para zarparmos. - dissera Boyd se aproximando do homem, que logo assentiu, sem dar muita atenção ao outro. - Para onde vamos?

– Pegar nossa rota habitual, quem sabe não temos sorte dessa vez? - caminhou até a claraboia com a ave no braço, e logo soltou está para que tomasse voo. - Me avise se ela voltar com algo novo.

– Aye! - dissera antes de se retirar, indo assumir o leme rumo ao seu destino. Ao longe era possível ver a ave do capitão se afastando em busca de suas novas presas.