Infinito

Capítulo 8


Haviam se passado menos de meia hora, mas Skye sentia que estava presa há várias horas. As algemas faziam seus pulsos arderem e a única coisa que a garota desejava é ter sua espada em mãos para fazer com que o homem, que a observava devassamente, pudesse sofrer.

Após Edmundo e Caspian serem levados para a masmorra, apenas Skye e o homem com roupas esquisitas ficaram nas salas. Ele amarrou uma corda ao redor das algemas da garota, para que assim pudesse puxá-la, mesmo que Skye se recusasse a andar, o que aconteceu muitas vezes. Mas um homem de meia idade é claramente muito mais forte que uma garota magra de dezoito anos.

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O homem arrastou Skye para um lugar que ficava logo atrás do templo. Após subir alguns poucos lances de escadas, os dois chegaram a um quarto, com janelas demais e móveis de menos. Basicamente havia no quarto apenas uma cama minúscula, uma escrivaninha coberta por papéis e uma cadeira incrivelmente velha.

O homem fez com que Skye se sentasse no chão, ao lado de uma das inúmeras janelas, e se encaminhou até o outro lado do quarto, sentando-se na cadeira velha. E assim ficaram: Skye rezando para que alguém aparecesse e tirasse aquelas malditas algemas, pois ela nem conseguia sentir suas mãos; e o homem olhando-a, de uma forma que Skye não queria nem imaginar o que se passava na sua cabeça. Nenhuma palavra fora dita e apesar de que nada poderia melhorar a situação, Skye preferia que o homem estivesse falando.

– Você não vai falar nada? – perguntou Skye, com a raiva transparecendo na voz. O homem apenas deixou um sorriso sínico escapar – Acha que pode me sequestrar sem me dar nenhuma explicação?

O homem se levantou da cadeira, puxando um pano de seu bolso. Quando estava na frente de Skye, ele se abaixou para poder ficar na mesma altura da garota, e passou seus dedos ásperos pelo rosto dela. Skye se esquivou, fazendo com que o sorriso do homem crescesse. Ele torceu o pano e o fez de mordaça, amarrando-o com força no rosto de Skye.

– Você fala demais. Apenas aproveite o espetáculo que está prestes a começar.

Ele tornou a se levantar, mas continuou onde estava, voltando sua atenção para algo fora do quarto. Skye conseguiu erguer sua cabeça até a janela que ficava ao seu lado. Nada além do mar e um pequeno pedaço da ilha podiam ser vistos. Um barquinho apinhado de pessoas se mantinha não tão longe da costa. Era uma imagem curiosa, mas de repente se tornou uma espécie de pesadelo.

Uma névoa esverdeada surgiu do mar, sem nenhuma explicação. Ela se aproximava do barquinho com uma rapidez incrível. Em questão de milésimos de segundos o barquinho havia desaparecido, e aos poucos a névoa foi voltando para dentro do mar.

Skye assistiu tudo com uma expressão de extremo pavor. Mas o que diabos havia acontecido ali?

– Não é incrível? – perguntou o homem, com um semblante sereno – Talvez aquele houvesse de ser o seu destino, se eu não tivesse lhe resgatado. Mas duvido muito que nossos compradores fiéis ignorariam algo tão belo. Mas eu... Eu tenho planos melhores para você.

O homem já estava quase encostando sua mão no rosto de Skye, mas algo chamou sua atenção do outro lado da janela.

– Mas o que...

Skye tentou ver o que estava acontecendo, mas antes que pudesse alcançar a janela, o homem puxou-a pela corda. Ele correu para fora do quarto, arrastando Skye. Ao saírem do pequeno prédio, gritos e barulhos de espadas se chocando podiam ser escutados, não muito longe de onde estavam. Os homens de Drinian, pensou Skye.

– Vamos para o cais – sussurrou o homem – Talvez haja algum bote e poderemos fugir.

Aquilo definitivamente não era o que Skye queria. Ela tentou ao máximo continuar onde estava, mas o homem sempre conseguia lhe arrastar.

Quando chegaram à rampa que dava acesso ao cais, Skye conseguiu ver Eustáquio dentro de um bote. O homem também notou a presença do garoto, pois parou de andar abruptamente. Ele virou-se para Skye, com o dedo indicador entre os lábios. Por acaso ele era idiota? Como Skye conseguiria gritar ou dizer algo com a maldita mordaça que se mantinha na sua boca?

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O homem puxou uma faca de seu cinto e andou devagar até Eustáquio. Skye ficava cada vez mais aflita a cada passo que seu sequestrador dava. Ela não queria que Eustáquio se machucasse e nem podia dar um sinal para que o garoto pudesse se proteger.

Quando estava a pouquíssimos instantes de ser atacado, Eustáquio, que segurava um remo que parecia ser muito pesado para seus braços magricelas, se desequilibrou e girou o remo rapidamente. Aquilo fez com que o objeto batesse na cabeça do homem, nocauteando-o e fazendo com que ele caísse na água.

– Ai não! – disse Eustáquio, ao perceber o que havia acabado de fazer – Será que era um cônsul britânico?

Skye apenas queria abraçar o garoto. Ele não só havia se salvado, como também salvara a garota. Após alguns instantes, Eustáquio percebeu a presença de Skye.

– V-Você está... Bem? – perguntou Eustáquio, hesitante.

A garota queria responder, mas ainda estava amordaçada. Porém Eustáquio não parecia perceber isso.

– Skye!

O gritou chamou a atenção da garota e também de Eustáquio. Edmundo descia a rampa correndo. Skye não podia se sentir tão feliz. O garoto só parou de correr quando estava a poucos centímetros de Skye. Ele desamarrou a mordaça da garota com pressa, e quando o pano jazia no chão, tomou os lábios da garota com uma necessidade que Skye nunca havia sentido antes. Edmundo só parou de beijá-la quando a preocupação falou mais alto.

– Ele tocou em você? Te machucou? – perguntou ele nervoso – Eu vou mata-lo.

– Acalme-se Eddie – pediu Skye, rindo – Não ele não me machucou. A única coisa que está me machucando aqui não essas malditas algemas.

Edmundo tirou um molho de chaves de seu bolso. Ele parece ter decorado qual era a chave que abria todas as algemas, pois quando encaixou a primeira chave, as algemas de Skye soltaram seus pequenos punhos, que estavam vermelhos. Edmundo deu um beijo suave em cada um dos punhos de Skye, tendo o máximo de cuidado para que não a machucasse.

– Obrigado. – gemeu Skye, dado um selinho rápido no garoto – E sobre aquele homem repugnante: não precisa se preocupar. Eustáquio conseguiu apagá-lo.

– E-Eustáquio? – perguntou Edmundo surpreso, olhando para o primo, que assistia toda a cena ainda do bote.

– Sim! Ele foi incrível. Muito obrigado, Eustáquio. – agradeceu Skye, sorrindo.

– Não... Não foi nada.