Infinito

Capítulo 10


Após toda a tripulação embarcar, Caspian deu a ordem e finalmente o Peregrino da Alvorada partiu das Ilhas Solitárias. Skye olhou uma última vez para as Ilhas e antes que se desse conta, a noite já havia chegado.

Grandes mesas foram postas no convés, e não só os Reis e Rainhas, mas todos os marinheiros jantaram juntos. Foi uma noite muito agradável, coberta por risadas e pelas histórias de Drinian.

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Quando já estava tarde o suficiente e Lúcia disse que estava um pouco cansada, foi que Caspian viu que estava na hora de se recolherem. Skye deu um selinho rápido em Edmundo, e rumou até sua cabine. A garota teve um sono calmo e tranquilo.

Após acordar, Skye passou rapidamente pela cozinha do navio. Pegou uma maçã e subiu até o convés. A garota caminhava calmamente enquanto comia a maçã, mas algo chamou sua atenção.

Eustáquio estava sentado entre muitos barris, escrevendo. Uma gaivota havia pousado no barril que estava na sua frente e o garoto falava com o animal.

– Falando em comida, por acaso sabe onde eu como? – perguntou Eustáquio para o animal.

Mas o que ele está tentando fazer?, pensou Skye, é um passarinho.

Parece que Tavros leu os pensamentos de Skye, pois segundos depois o centauro perguntou a Eustáquio:

– É... Por que está falando com um passarinho?

– Ora... Porque eu naturalmente presumi...

Tavros teve uma crise de riso, fazendo com que Eustáquio parasse de falar e olhasse feio para o marinheiro.

– Ele fala com passarinhos. – disse Tavros para outro marinheiro.

– É doidinho de pedra, esse daí. – afirmou o homem, dando um tapinha no centauro e recebendo outro que quase o derrubou.

Eustáquio afugentou a gaivota e saiu pisando duro. Skye apenas soltou uma risada nasalada e continuou caminhando até chegar a Edmundo.

O garoto estava tão empenhado em raspar o estranho material branco que cobria toda a espada que Caspian havia lhe dado, que nem percebeu a presença de Skye.

– Acho que vou acabar sendo trocada com por uma espada. – disse Skye sentando-se ao lado do garoto que sorriu ao vê-la.

– Você é mais interessante que ela. – começou Edmundo, voltando a atenção para a espada – Mas eu se fosse você, não descartaria essa alternativa.

Skye riu, empurrando Edmundo de leve. O silêncio pairou e Edmundo voltou a raspar a espada, enquanto Skye analisava cada parte do navio. Lúcia costurava perto da cabine da proa e Ethan estava sentado ao seu lado, olhando para o vazio. Caspian estava nas escadas junto com Drinian, e eles pareciam ter uma conversa animada. A garota voltou sua atenção para Edmundo. Seu rosto tinha uma feição concentrada e Skye sentiu vontade de tocá-lo, mas não queria distraí-lo. Aos poucos a garota se deu conta de que todas as pessoas que ela amava – com exceção de Susana e do professor Cornelius – estavam ali, naquele navio, próximos a ela.

Uma lembrança voltou na memória de Skye. A lembrança da noite em que o enjoo de Ethan havia atacado. Ela havia sentido um bom pressentimento, e no dia seguinte Lúcia e Edmundo haviam voltado. Novamente a sensação boa lhe dominou, mas agora ela sabia o motivo. As únicas pessoas com quem ela se sentia realmente segura estavam ali, todas ao seu redor. Nada podia lhe machucar.

[...]

Skye continuou sentada junto a Edmundo, Lúcia e Ethan por vários minutos, quando de repente Eustáquio, que levava um facão, voltou ao convés correndo e derrubando muitos marinheiros por onde passava. Quando o garoto estava próximo ao mastro, Ripchip apareceu. Ele estava pendurado numa corda e parou graciosamente em cima de um barril, apontando sua espada para o rosto de Eustáquio.

– Tentando fugir? Estamos num barco lembra?

– N-Não podemos conversar? – gaguejou Eustáquio.

– Ok. Isso vai ser bom. – sussurrou Skye cutucando Edmundo.

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Ripchip deu golpe em Eustáquio, o que fez um rasgo em sua camisa.

– Essa foi por roubar! – exclamou, e em seguida enfiou a espada no rasgo tirando de lá uma laranja na ponta da arma – Essa, por mentir! E essa, por me irritar! – o rato deu um grande golpe no rosto de Eustáquio com a laranja.

Muitos marinheiros pararam o que faziam para assistir a luta, até Drinian que via toda a cena com um sorriso. Eustáquio parecia extremamente furioso e balançava o facão na mão.

– Tolo! – suspirou Skye. Era óbvio para qualquer um que ele estava cogitando a ideia de tentar golpear Ripchip. E foi isso que ele fez.

O garoto tentou dar dois golpes no rato que desviou com facilidade.

– É assim que eu gosto. – gritou Ripchip, pulando para outro barril que estava logo atrás de Eustáquio – Agora vamos duelar. Pega! – A laranja voou até a mão de Drinian – Anda, vem! Cadê o seu melhor golpe?

Eustáquio partiu para cima de Ripchip, que novamente desviou, pulando para a balaustrada. Foi então que Eustáquio tentou dar muitos golpes no rato que se desviou de todos como se fizesse aquilo todos os dias, e com mais facilidade ainda, desarmou o garoto.

– Concentre-se e pare de bater asas como um pelicano bêbado! – exclamou Ripchip fazendo todos rirem. Eustáquio pegou o facão e novamente o apontou para Ripchip – Postura! Mantenha a lâmina em riste! Levanta, levanta! Assim.

Novamente Eustáquio partiu com toda sua força para cima de Ripchip, que pulou em suas costas e depois foi pulando por entre várias cordas até parar em cima de um barril. Eustáquio havia preso o facão e após uma pena luta contra a madeira para tirá-lo de lá, virou-se rapidamente, na procura de Ripchip.

– Estou aqui! – debochou o rato e Eustáquio tentou-lhe atacar – Agora desliza o pé. O esquerdo não, o direito! Entendeu? – ele pulou do barril e bateu com a espada nos pés do garoto, indo para a beirada do barco – Vamos! Agilidade! Destreza! É uma dança, rapaz. Dance!

Após uma saraivada de golpes, Eustáquio atacou o rato rapidamente, fazendo com que o mesmo perdesse o equilíbrio e caísse em direção ao mar. Eustáquio correu até a borda, procurando Ripchip.

– Sério que ele caiu nessa? – perguntou Ethan, vendo Ripchip reaparecer entre as cordas e cutucar o menino.

– Como minha namorada havia dito: tolo. – respondeu Edmundo, dando ênfase em ‘namorada’. Skye estranhou aquela atitude, mas continuou prestando atenção na luta.

Eustáquio se sobressaltou e ao virar, Ripchip empurrou o menino, fazendo com que ele caísse no chão e derrubasse uma cesta muito próxima aos pés de Skye.

– E isso é tudo! – disse Ripchip fazendo uma leve reverência e sendo aplaudido pelos marinheiros.

Mas Skye não prestava atenção em Ripchip, muito menos em Eustáquio. Assim que a cesta caiu próximo aos seus pés, um grito pode ser ouvido de dentro dela, fazendo com que Skye se levantasse quase que imediatamente. Lúcia também pareceu escutar o grito, pois segundos depois foi para o lado de Skye e disse:

– Olha!

Aos poucos uma menina foi saindo da cesta, o que chamou a atenção de todos que a pouco assistiam a performance de Ripchip. Skye reconhecia aquela menina de algum lugar.

– Gael?

Rhince saiu do meio da multidão. A menina se levantou e olhou para o pai. Todos os marinheiros sussurravam a respeito.

– Como veio parar aqui? – perguntou Rhince.

O homem se aproximou da filha e abraçou-a. Drinian se aproximou dos dois, e os outros tripulantes fizeram silêncio enquanto esperavam a decisão do capitão.

– Parece que temos uma nova tripulante.

Drinian entregou a laranja para Gael, que a pegou com calma. Finalmente, Drinian voltou para as escadas e as duas Rainhas se aproximaram da menina.

– Bem-vinda a bordo! – desejou Lúcia.

– Majestades. – disse Gael, fazendo uma reverência.

Skye abaixou a cabeça. Por que todos sempre tinham que fazer reverências?

– Me chama de Lúcia.

– E eu sou Skye. – disse Skye, levantando a cabeça e sorrindo – Venha! – pediu a garota dando sua mão para que Gael pudesse segurá-la, enquanto Lúcia passava um dos braços pelos ombros da menina.

Lúcia e Skye levaram Gael até a cabine de Lúcia e uma longa conversa cheia de risadas começou. Skye sempre gostara de crianças, e há algum tempo, esse sentimento havia crescido.