Uma Noite no Halloween.

Nem mesmo um socorro pode ajudar.


A jovem se acalmou com o silêncio seguinte e se direcionou ao segundo passo. Por fim, durante o estrondoso som da descarga, seus olhos se direcionaram a maçaneta, que se mexia lentamente sem querer ser notada. Foi o momento que suas barreiras se desfizeram. Ela acreditou em espíritos, monstros e serial killer. Acreditou em tudo dos filmes de terror e também acreditou que a casa fora invadida.

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Estava tensa demais para verificar se havia trancado a porta. E descobriu que não, quando a mesma começou a se abrir lentamente e seu coração arrumava caminho em disparada para sair-lhe pela garganta. O frio lhe arrepiou a nuca e todo o corpo quando a porta já tinha um vão para o ambiente escuro. Ela não sabia como ia lutar naquele lugar confinado e sem arma, e a escuridão lhe impedia de ver quem ou o que era.

Um rosnado grosso soou, sobrepondo-se ao som da chuva. A respiração pesada a farejava e as mandíbulas que salivavam fizeram barulho ao serem fechas e abertas novamente. A peça fluorescente da pia ajudou-a a enxergar um brilho em um nariz negro, que se confundia na escuridão, e a ver os dedos de nós grossos que seguraram a porta e a abria lentamente, se satisfazendo com o medo e a tensão da garota encurralada no banheiro.

A moça seguiu com passos hesitantes para trás, entrando na banheira baixa no fundo do banheiro. O corpo tremia e estava frio, era tanto seu pavor que nem conseguia pensar em gritar ou reagir. A porta se abriu até a metade. A escuridão do corredor e os dedos eram tudo que ela via, até que notou o brilho fraco, vermelho esverdeado, que apenas olhos de cães tinham.

Ele se preparava para atacá-la. Os pelos do corpo já se erriçavam, os rosnados eram involuntários e a saliva lhe escorria entre os dentes afiados. Apesar do desejo intenso de feri-la, ele não queria deixar de aproveitar toda aquela sensação de sentir o medo no ar, pressentir os batimentos cardíacos jorrando sangue velozmente para todo o corpo da moça pálida e ver os tremores nos músculos do corpo atlético dela. Ele ainda desejava que chegasse o momento que ela gritasse de pavor e chamasse por ajuda. Aí, então, teria sua própria adrenalina por estar correndo o risco de ser pego e ter que lutar contra os humanos para fugir.

Quando a gigante cabeça canina se exibiu no vão da porta, encarando-a fixamente com olhos esbugalhados, ela reagiu pegando o frasco de shampoo, pronta pra jorrar na boca ou nos olhos do animal.

Os segundos se estenderam, tornando-se minutos infinitos. A criatura avançava lentamente com um silêncio impressionante, enquanto vigiava os movimentos dela. Os pelos negros, sujos e grossos lhe cobriam toda a face, apenas as pontas dos enormes caninos brancos se mostravam na boca que pingava saliva. Ela certamente morreria de ataque cardíaco se ele fosse mais devagar; Ou talvez isso estivesse prestes a acontecer, pois ela sentia o coração no ponto de explodir e então acabaria melhor do que com a provável morte mastigada que teria.

Ele parou dentro do cômodo e se endireitou, revelando seus dois metros de um corpo musculoso, peludo e de animal. Um grande cão negro apoiado nas patas traseiras, que carregava o cheiro de terra, umidade e até mesmo podridão. Ele também demonstrou a ótima articulação com das patas dianteiras erguidas no ar, ao levanta-las e revelar as garras afiadas cinzenta e brilhante com a qual dilaceraria sua vítima.

Ao som de um trovão, em um ato impensado, ela apertou o frasco para espantá-lo e liberando um grito, acreditando que agilmente a criatura iria revidar sua ação. O jorro de shampoo o atingiu no pescoço, o confundindo por um momento pelo cheiro doce, e então a encarou mais irritado. Os outros dentes apareceram quando ele deu um rosnado, avisando que chegou a hora e que ela não teria misericórdia.

Contudo, os dois ouviram o estilhaçar de vidro em algum quarto do corredor. Mas isso não impediu que o lupino voltasse para sua vítima e enfiasse as garras para tirar lhe o sangue. A moça abaixou-se dentro da banheira, escapando das unhas e gritando de pavor mais uma vez ao fechar os olhos e rezar por uma ajuda.

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De repente, ele ganiu ao sentir seu couro das costas ser agarrado e a calda volumosa estirada, também pega de surpresa no corredor escuro da casa. Não sabia o que era, mas se irou e derrubou os itens da pia, tentando manter-se no cômodo, até ser arrastado para a escuridão a força e jogado contra uma parede.

A jovem se encolhia na banheira de olhos fechados e protegendo a cabeça com as mãos. Mal sabia o que aconteceu. Apenas olhou o banheiro vazio quando a porta se fechou brutalmente. Viu apenas o piso e o ladrilho sobre a banheira partidos pelas garras do bicho e o pote de escovas que jazia florescente no chão. Do outro lado da porta, a confusão desconhecida prosseguia. Por um momento ela se acalmou achando que estava salva, mas então lhe ocorreu que ninguém a ouvira chamar por ajuda, pois não chamou e ninguém a ouviria daquele lugar. Provavelmente, podia é estar sendo disputada.

A luta no corredor era definida pelas batidas contra as paredes, os grunhidos de ira e dor, os rosnados, e então mais batidas novamente. Ele e seu oponente estavam no mesmo nível. Era difícil vencê-lo naquele espaço estreito e escuro. O outro era esguio, forte e ágil. Ele rugiu, segurou seu inimigo e o jogou contra a porta, onde este outro tinha prendido novamente sua presa, então deferiu as garras em seu pescoço. Mas o desconhecido escorregou pelos seus dedos no último segundo, ele suava e ofegava, mas estava determinado em mantê-lo longe da moça.

O inimigo agarrou lhe na cintura quando ele ainda liberava as garras da porta, deixando rasgos e furos, e o empurrou para as escadas, o jogando de lá do alto. Ele tentou fincar as garras na parede enquanto dava cambalhotas doloridas e barulhentas para o andar de baixo, mas não conseguiu resultados além de alguns dedos deslocados e uma queda desajeitada. Quando parou, sua visão borrou, mas, mesmo atordoado, pôs-se de pé sem querer desistir.

A moça percebera que ainda estava em perigo quando as garras surgiram na porta, com um baque que a fez tremer, e depois abriram rasgos na madeira. Ela ficou de pé na banheira, tendo mais controle de si com a falsa sensação de proteção dentro do cômodo e ouvindo a queda de algo grande pela escada. Sem esperar, procurou pela janela do cômodo, esquecendo-se de que estava no segundo andar.

Então, subitamente, a porta foi aberta. Ela ouviu passos e o som do pote de escorava atingir a parede depois de ser chutado. Assustada demais, se dedicou a enfiar-se pelo vão da janela sobre a banheira, se prendendo a sua única saída para sobreviver. Logo dedos mornos agarram suas pernas à mostra pelo short de algodão de dormir e a puxaram fortemente pra baixo. Ela se agarrou a janela, sem querer ver quem era e temendo enxergar mais um monstro em que não acreditava até algumas horas atrás. Os dois caíram dentro da banheira quando ela não conseguiu mais segurar. Sobre ela, em sua nuca, a voz de uma rapaz a xingou rapidamente, enquanto pingos escuros caiam diante dela.

— Temos que sair daqui, sua besta! — ele disse num murmúrio e depois a segurou pela cintura, a ponto de pé junto com ele, quase como se ela fosse uma boneca de pano. E de fato naquele momento estranho de um desconhecido a ajudando, era como se sentia depois de estar diante da morte.