O que o destino aprontou dessa vez?

Capítulo 30 - Na manhã seguinte


Na manhã seguinte, o asfalto, o telhado das casas e a copa das árvores ainda estavam molhados, devido a fraca e remota chuva que se passou na noite anterior. Os pássaros cantavam e saiam de seus ninhos no alto das poucas árvores que embelezavam a rua nobre.

Os dois dormiam na cama, agora desordenada e bagunçada. O cenário era de roupas, lençóis e peças íntimas espalhadas por todo o quarto. Ele foi movimentando-se lento e suavemente, até perder totalmente o sono. Abriu os olhos devagar, tendo a bela e deslumbrante visão de Luana nua, dormindo ao seu lado. De bruços, ela tinha somente metade do lençol cobrindo seu corpo. Algo o impediu de levantar da cama. A vontade de ficar ali era maior. Então se pôs a olha-la enquanto dormia lindamente.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Seus cabelos ruivos estavam totalmente bagunçados e certamente ela teria um pouco a mais de trabalho para penteá-los quando acordasse. Um involuntário sorriso apareceu no rosto daquele homem ao se dar conta de que enfim passou a noite com ela, vendo-a despida de qualquer roupa, ouvindo seus sussurros, seus fracos gemidos e totalmente entregue a ele, sentindo seus toques e seu cheiro apaixonante.

Foi lembrando-se disto, que enfim a viu acordar, revelando claros e expressivos olhos verdes.

— Bom dia. – Disse ela com a voz fraca e rouca, ainda na posição que dormia a segundos atrás.

— Ótimo dia. – Ele retribuiu sorridente, com aquela inconfundível e atraente voz que ela tanto adorava. Ficaram alguns minutos fitando-se, sem dizer nenhuma palavra nem expressar nada. Corada, ela virou-se, deitando com as costas na cama e cobrindo-se ainda mais com o lençol que havia sobre seu corpo. – Dormiu bem?

— Perfeitamente bem.

Ele então sentou, escorando-se na cabeceira da cama. Ela aproximou-se dele, pondo a cabeça sobre sua coxa, permitindo que ele acariciasse suas longas mechas de cabelo com as mãos. A essa hora do dia, suas sardas ficavam ainda mais aparentes, entrando em contraste com sua macia pele clara.

— Você fica ainda mais bonita quando acorda.

— Você também, com essa barbicha e esse cabelo bagunçados. – Ele sorriu, passando os dedos entre os próprios fios de cabelo, na tentativa de arruma-los um pouco. – Não. – Ela o interrompeu, tirando sua mão. – Deixa assim, fica mais bonito.

— Só você mesmo pra me achar bonito todo assanhado desse jeito. Mas pensando bem, minha mãe também acha. – Ele complementou fazendo-a rir.

— Não sei por que dizem que humoristas são alegres no palco, mas tristes na vida. Você não é assim.

— Na verdade acontece com algumas pessoas sim. É como se trabalhar com comédia fosse uma terapia pra sua tristeza.

— Que poético.

— Eu sou só poesia. – Disse ironicamente, fazendo-a rir novamente.

— Mas deve ser um pouco frustrante pra eles, sendo que têm que dar uma virada no jogo só pra parecer que são engraçados.

— Talvez. – Ele disse enquanto brincava com uma de suas mechas de cabelo, entrelaçando-a em seus dedos. – Mas uma hora eles...

— Hora! – Ela o interrompeu, levantando-se de súbito.

— Que?

— Hora! Que horas são?

— São 8:10. – Respondeu depois de alcançar o celular em cima do criado mudo e conferir.

— Tô atrasada. – Luana levantou-se da cama, levando o lençol consigo para cobrir-se, visto que estava completamente nua.

— EI! – Ele disse relativamente alto, e segurou o lençol com tamanha força que Luana quase caiu da cama.

— O que?

— Você vai me deixar pelado. – Era fato. Levando em conta que o mesmo lençol cobria os dois. Entretanto ela o olhou com malicia e respondeu com autoria.

— Eu já te vi nu, criatura.

— Mas... – Ele não teve tempo para falar mais nada. Logo Luana puxou o lençol de vez, deixando-o desprovido de qualquer pano. Foi catando suas roupas que estavam espalhadas pelo chão e entrou no banheiro.

— Você é teimosa! – Disse alto o suficiente para que Luana ouvisse da suíte.

— E você já me disse isso! – Respondeu-lhe no mesmo tom. Daniel não teve como conter um inconsciente sorriso.

Em pouco tempo, ambos já estavam devidamente vestidos e bem arrumados.

— Não vai comer nada? – Indagou o barbixa.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Não tenho tempo.

— Tem certeza? Não quero que passe mal.

— Não, não vou passar mal.

— Se você diz... eu vou te deixar no trabalho então.

— Muitíssimo obrigada.

Daniel já havia decorado o caminho até a clínica, então chegou lá sem nenhuma dificuldade, até pelo trânsito, que não estava tão congestionado e facilitou o trajeto.

— Obrigada por tudo, mesmo. Agora tenho que ir. – Ela tirou o cinto de segurança e lhe deu um rápido beijo na bochecha. Porém ele não se contentou somente com isso e lhe puxou com uma certa ganância para um beijo mais intenso. A ruiva se deixou levar pelo calor e pela essência daquele beijo, mas logo voltou a realidade e o empurrou levemente com as mãos, tendo a plena consciência de que realmente estava muito atrasada.

— Se fosse por mim você não sairia mais desse carro sabia?

— É, dá pra notar. – Disse meio ofegante. – Aparentemente só a noite passada não foi suficiente pra você, não é?

— Tenha certeza que ainda vamos ter muitas noites como aquela.

— Bom saber que não pretende me largar tão cedo. – Enfim saiu do carro e o deixou ir. Por certo muitos pacientes que tinham hora marcada já estavam a espera da consulta há muito tempo.

Durante o trabalho, ela só conseguia pensar em uma coisa: na noite anterior. Lembrou de cada detalhe com satisfação. De cada cheiro, cada toque e cada palavra. A cada lembrança, um sorriso. Ainda não podia acreditar que tudo aquilo estivesse acontecendo com ela. Era mais que surreal estar vivendo isso com tal pessoa. O homem que fazia valer a pena cada segundo, que a fazia perder a cabeça, sair do chão e sonhar alto.