Os quatro irmãos

O conto dos quatro irmãos


Há muito tempo, bem antes dos seres humanos existirem neste mundo, uma grande árvore nasceu no centro do mundo, dessa árvore cresceram quatro frutos.

Depois de um tempo os frutos amadureceram e caíram. Desses frutos saíram quatro formas humanoides, dois meninos e duas meninas. Todos tinham cabelos e olhos negros como a noite, estavam nus e não possuíam umbigos.

Todos se levantaram aos poucos e abriram os olhos, eles olharam uns aos outros e compreenderão que eram irmãos.

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Eles olharam ao redor e identificaram a terra em baixo de seus pés descalços, o Sol quente em cima, o céu azul e sem nuvens...

Eles caminharam juntos pelo mundo em busca de formas e sensações. Eles conheceram as árvores, o mar, os animais, e toda a beleza que a natureza tinha para dar.

Aos poucos cada um foi se desenvolvendo, crescendo e amadurecendo diferente do outro.

O primeiro menino ficou com os cabelos e olhos da cor do por do sol, ele começou a falar com o fogo, com a terra e os com animais e dobrá-los as suas vontades.

O segundo menino ficou com os cabelos e olhos da cor de uma ameixa, ele começou a mover as coisas sem precisar tocá-las, a criar palavras e ensiná-las a seus irmãos.

A primeira menina ficou com os cabelos brancos como a neve e olhos prateados como a lua, ela começou a falar com a água e o ar e a movê-los conforme a sua vontade.

A segunda menina ficou com os cabelos e olhos dourados como o Sol, ela começou a fazer perguntas e imitar tudo o que seus irmãos faziam.

Os quatro irmãos continuaram sua jornada pelo mundo, explorando suas novas habilidades e conhecendo ainda mais o mundo.

Um dia eles se depararam com uma coisa muito diferente, parecia um animal, mas esse “animal” falava e pensava como eles.

A coisa olhou para eles e perguntou:

- Quem são vocês?

- Somos irmãos – respondeu o menino de cabelos roxos

- Mas quem são vocês? De onde vieram? – a coisa olhou para eles de um jeito estranho, a menina dourada ficou inquieta, mas não entendeu direito por que, tinha alguma coisa muito estranha no olhar daquela coisa...

- Viemos da Árvore, e somos irmãos como já te dissemos – respondeu a menina dourada. Enquanto a albina e o ruivo só encaravam a coisa, com a mesma inquietação da menina dourada.

- Da Árvore? – a coisa inclinou a cabeça, como se estivesse confusa, mas como os irmãos não responderam ela mudou a pergunta – Mas quais são seus nomes? Vocês não têm nomes?

- Nomes? Nós não temos nomes, o que é isso? - a curiosidade da menina dourada venceu a sua inquietação e seus olhos brilharam como sempre acontecia quando conhecia alguma coisa nova.

- Nome é o que te identifica e diferencia de outras pessoas – explicou a coisa.

Os irmãos pensaram naquilo, tentando entender, a menina dourada foi a primeira a compreender, ela sorriu e decidiu criar nomes.

- Eu sou a Dourada – ela aponta para a irmã albina – você é a Branca – ele aponta para o irmão ruivo – você é o Vermelho – ela aponta para o último irmão – e você é o Roxo.

Os irmãos sorriram e concordaram com ela, quando eles olharam novamente para a coisa ela tinha mudado, agora tinha a forma de um homem com os cabelos longos e negros, e olhos inteiramente negros, sem íris nem nada. Ele sorriu friamente para os irmãos.

- Belos nomes, mas deveriam ter guardado para si mesmos, pois, infelizmente para vocês, eu estou com muita fome.

Antes que os irmãos tivessem tempo de reagir, o homem atacou Dourada, mas Vermelho entrou na frente e ganhou um buraco no peito que imediatamente começou a sangrar, a dor era insuportável, e ele cuspiu sangue e começou a cair no chão. Dourada o pegou antes que caísse e soltou um grito de fúria e dor pelo irmão, e antes que o homem pudesse machucar mais alguém ela ergueu a mão e desintegrou-o sem hesitar.

Ela abraça o irmão e começa a chorar. Branca aperta o ombro de Dourada e aponta para a ferida de Vermelho que estava se fechando sozinha. Quando a ferida se fecha Vermelho abre os olhos e sorri como se nada tivesse acontecido.

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- Estou bem - ele limpa as lágrimas de Dourada gentilmente.

Todos os irmãos sorriram e suspiraram aliviados. Naquele dia eles tinham descoberto a fúria e a dor de perder um irmão, o desespero da perda. Eles se amavam como se os quatro tivessem uma só alma, e não queriam ter que perder ninguém novamente.

Eles não falaram nem encontraram mais ninguém por algum tempo, mas continuaram sua jornada. Roxo e Dourada se perguntavam o que era aquela coisa, mas nunca descobriram.

Depois de um tempo eles encontraram várias outras Coisas, todas tentavam mata-los, chegavam a ter de fugir de um exército de deles, eles poderiam mata-los, mas Dourada era contra, ela nunca se esqueceu da primeira Coisa que matou...

- Não importa o que eles são ou o que querem, matar é errado, não importa o motivo – ela dizia.

Eles fugiram e fugiram por muitos e muitos anos, e as Coisas nunca param de persegui-los.

Num dia Roxo avistou estranhas construções, os irmãos foram ver, eles encontraram seres pequenos e com asas, presos no chão por bolas de metal que estavam acorrentadas aos seus pés.

- O que vocês são? – Dourada perguntou aos seres, um deles olhou-a nos olhos e falou com uma voz muito fina e delicada:

- Somos fadas, servas e escravas dos sanguessugas, se vocês não quiserem ter o mesmo destino é melhor irem embora daqui.

- Sanguessugas? O que é isso? E o que são essas construções? Que lugar é esse? – Dourada deixou-se novamente ser levada pela curiosidade.

- As construções são casas, e aqui é uma aldeia, as sanguessugas são os moradores, eles sugam o sangue de nosso povo, por isso chamamos de sanguessugas, mas eles chamam-se de vampiros. – a fada analisou os quatro irmãos atentamente – vocês não parecem vampiros, o que vocês são?

- Somos irmãos – respondeu Roxo.

- Sim, mas o que vocês são? – a fada perguntou novamente, e os irmãos não souberam responder, antes que dissessem alguma coisa, foram interrompidos quando um homem der repente sai de uma das casas, ele olha para a fada que se encolhe e se esconde depois ele olha para os irmãos. O olhar do homem era cheio de luxuria, e era principalmente dirigido à Branca e Dourada.

O homem era diferente das “Coisas”, seus olhos eram vermelhos e seus cabelos eram dourados e curtos, ele cobria seu corpo com panos. Branca achou-o lindo e elegante. Dourada ficou curiosa sobre os panos.

- Você deve ser o vampiro. O que é isso em seu corpo? – Dourada perguntou. Ele deu um sorriso de lado, e Branca ficou fascinada para aquele sorriso.

- Chamam-se roupas. E eu acho melhor as senhoritas vestirem também, é muito perigoso vagar nua pela floresta. – ele quase ignorou Roxo e Vermelho, que o olhavam desconfiados – e os cavalheiros também, claro. Entrem por favor.

Eles entraram e ganharam roupas e quartos, empregados ajudaram-nos a vestir-se e a banhar-se, Dourada e Branca adoraram seus vestidos, mas dispensaram os sapatos, Roxo e Vermelho não gostaram tanto, mas como suas irmãs insistiram, eles aceitaram vestir-se. Dourada elogiou-os.

O vampiro não disse seu nome, e não perguntou o nome deles, ele falou que enquanto estivessem na aldeia as Coisas não iriam persegui-los, ele também falou para não se importarem com as fadas, era uma pena ter de prendê-las, mas se não o fizessem elas seriam devoradas pelas Coisas, era verdade que os vampiros alimentavam-se delas, mas eles não faziam por mal.

Branca aceitou tudo o que ele disse, os outros não gostaram nem um pouco, mas quando tentaram argumentar o vampiro pareceu indignado, e Branca defendeu-o, eles não quiseram discutir com a irmã, então ficaram quietos. Eles decidiram ficar naquele lugar, e moraram junto com o vampiro.

Depois de um tempo eles ficaram fascinados com o lugar, eles aprenderam as boas maneiras, a civilização, conheceram os outros vampiros da aldeia e aprenderam sobre uma sociedade, eles conheceram os objetos que os vampiros usavam. Dourada e Roxo ficaram fascinados pelos livros, Vermelho se interessou pelas espadas e varias outras armas, que os vampiros usavam para espantar as Coisas, Branca se interessou só pelo vampiro, ela passava muito tempo com ele e com o tempo, descobriu que tinha se apaixonado.

Mas aquele vampiro era incapaz de amar, ele já fora tomado pela luxuria e pelo desejo, era o rei dos vampiros, e só o que desejava era o poder de Branca e seus irmãos, ele tentou drenar todo o sangue de Branca, para roubar o seu poder, mas antes que acabasse, Dourada sentiu o perigo e matou-o.

Os vampiros revoltaram-se com a morte de seu rei, sem escapatória, os irmãos decidiram lutar, os quatro exterminaram quase todos os vampiros e deixaram alguns fugir, eles libertaram as fadas, que voaram e choraram, finalmente livres.

Naquele dia eles foram odiados e amados.

O amor de Branca era mais intenso do que qualquer coisa que ela já sentira, mesmo sendo traída, ela não deixou de amar o vampiro, e desejou morrer com ele, ela perdera muito sangue, e suas feridas não se fecharam. O amor a matou. E levou junto parte da alma de seus irmãos, que choraram e gritaram de dor, enquanto o corpo de Branca se desfazia em brilhantes flocos de neve, que voaram livres na direção do céu.

Eles estavam cansados, tinham viajado muito, aprendido muito, sofrido muito, e estavam cansados de sua eterna jornada. Dourada nunca deixou de se culpar por todas as mortes que causou, e quase desejou ter morrido junto com a irmã, mas decidiu viver por ela.

Os três irmãos decidiram voltar para a Árvore onde nasceram, e assim o fizeram. Dourada decidiu fazer uma aldeia ao redor deles. Vermelho decidiu que eles não deveriam ficar mais na terra, então fez uma ilha em volta da Árvore e com a ajuda de Roxo, transformo-a numa ilha do céu.

E lá eles ficaram pelo resto de suas vidas, construíram um castelo, uma “escola”, e várias casas, passaram todo seu conhecimento para livros, e fundaram uma biblioteca.

E quando se cansaram e morreram, quatro novas frutas cresceram da Árvore.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.