Capítulo vinte

Mia House nasceu perfeitamente bem apenas algumas semanas adiantadas. Precisou passar alguns dias no Hospital para garantir tudo, tempo que foi suficiente para seus pais prepararem seu quarto.

House achou mais adequado que Cameron e Mia passassem a morar em sua casa, afinal eram uma família agora. E quando Alisson aceitou sua proposta, se apressaram em preparar o quarto vago para receber a pequena.

Seus pais e amigos foram muito receptivos e esperaram o casal colocar tudo em ordem para começarem as visitas ao novo membro de suas vidas e os primeiros meses estavam sendo meio bagunçados ainda.

–Allie é a sua vez de atender a porta. – House murmurou enquanto ouvia o barulho que indicava mais algum visitante chato.

–Então segure ela. – Alisson disse lhe entregando a pequena criança que dormia em seus braços.

House a pegou e se ajeitou no sofá novamente, sua novela estava muito interessante.

–Wilson! – Cameron exclamou quando o amigo a abraçou e entrou. – Achei que não te veria tão cedo, Cuddy disse que você estava palestrando.

–Estava, cheguei hoje pela manhã. E não podia deixar de vir ver minha afilhada preferida. – ele disse entregando a amiga o terceiro presente que comprara para a pequena.

–Que engraçado você dizer isso sabendo que ela é sua única afilhada, Jimmy. – Gregory resmungou tentando não acordar a filha.

–Espero que ela tenha puxado você só na aparência meu amigo. – Wilson disse se sentando ao lado do amigo e fazendo carinho nos cabelos negros da pequena.

–Somos dois. Imagina eu ter que aguentar dois House em casa? – Cameron disse fazendo os dois rirem e um par de olhos azuis se abrirem repentinamente. – Oras, acordaram ela.

–Oi – House disse e Mia sorriu com sua boca sem dentes. –Que tal o Tio Wilson ficar com você um pouco não?

–Você já me usando para cuidar da sua filha enquanto faz outra coisa? – Wilson perguntou indignado.

–Não é qualquer coisa. Preciso ligar para a pizzaria estou com fome. Mas se você não quiser comer, azar o seu. – House disse enquanto Cameron lhe passava o telefone.

–E eu achando que você mudaria alguns hábitos! – o oncologista resmungou sorrindo afinal a maior mudança já tinha acontecido.

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–Pai! Era a minha vez! – Mia exclamava brava quando House fez a jogada de xadrez antes dela.

–O que? Ah, tudo bem. – ele resmungou olhando para a TV onde um desenho animado parecia mais interessante do que o jogo que a filha tinha aprendido na escola.

–Mãe! O papai não está jogando direito! – Mia gritou para a mãe que estava preparando o jantar.

–Greg, por favor jogue direito. – Cameron gritou da cozinha.

–Eu estou jogando Allie! Ela que não sabe direito o que está fazendo. – ele disse mostrando a língua para a filha que ficou indignada e desistiu do jogo.

–Nunca mais vou jogar com ele. – a pequena disse fazendo cara feia enquanto se sentava em uma cadeira observando sua mãe.

–Deixe pra jogar na escola, com os seus colegas. Seu pai só gosta de pôquer. – Cameron disse.

–Mas ele disse que eu sou muito pequena pra aprender pôquer, mãe. Mas eu já tenho sete anos! – ela disse cruzando os braços.

–Nem eu sei jogar pôquer, filha. Um dia você aprende. Agora vá pegar os pratos pra mim, por favor. – Cameron disse verificando que tudo estava pronto.

–Onde está a menina que não sabe perder? – House perguntou entrando na cozinha.

–Eu não perdi! Você que é um chato e não quer jogar direito! – Mia disse brava fazendo o pai sorrir.

–Por que não achamos algo mais legal para fazermos depois do jantar? – ele perguntou.

–Como o que? – Mia perguntou.

–Como tocar piano. – ele disse.

–Mas isso você faz sozinho pai. – ela disse revirando os olhos.

–Mas não era você que queria aprender? – ele perguntou se inclinando em direção a ela e fazendo Mia arregalar os olhos de surpresa.

–Você vai me ensinar? De verdade? – a animação na sua voz era gritante.

–Só se você quiser mesmo aprender. – ele disse fazendo Cameron sorrir enquanto servia o jantar.

–Sim! Eu quero, quero muito! Mãe, ele vai me ensinar mesmo! – ela dizia enquanto dava pulinhos ao redor da mesa.

–Certo. Mas primeiro vamos comer, depois vocês podem ir. – ela decretou e tanto House como Mia bateram continência e disseram:

–Sim senhora!

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–Obrigado. – Wilson respondeu ao pegar a cerveja que House lhe oferecia.

O amigo acenou e se sentou na varanda de sua nova casa, dando um gole na sua garrafa.

–Vocês encontraram uma casa muito boa, House. Vão gostar de morar aqui. – o amigo disse lhe dando os parabéns pela mudança.

–Eu sei, e o melhor de tudo Jimmy é que é uma casa bem grande e sem escadas. Nenhuma. Allie soube onde procurar mesmo! – ele disse agradecendo a mulher mentalmente.

–Apesar de você ter continuado apegado a sua antiga casa, foi uma escolha acertada. Mia já está bem grande e precisa de mais espaço. – Wilson disse.

–Sim, aquela criatura consegue fazer qualquer lugar ficar pequeno! Está sempre procurando uma coisa nova pra fazer. – ele disse sorrindo.

–Mia me contou que está aprendendo piano com você. Como estão indo as aulas?

–Muito bem! Ela está realmente empenhada em aprender, gosta de música e tem facilidade com as notas. Pelo menos isso eu vou conseguir passar pra ela.

–Só isso? Por favor, House! A menina tem muito mais de você do que da Cameron. Fisicamente falando nem preciso comentar sobre aqueles olhos azuis e os cabelos negros. E a personalidade dela também é muito parecida com a sua. Com exceção de que ela é mais amorosa e sociável, como a Cameron. – o oncologista concluiu.

–Você fez um ótimo resumo da sua afilhada, Jimmy. Quero ver o que vai comprar pra ela de aniversário já que a conhece tão bem. – House provocou.

–Oras, eu já comprei! Um livro de fábulas dos irmãos Grimm. – ele disse com pose de vencedor. Sabiam que Mia adorava ler e fábulas a interessavam bastante.

–Certo, então isso eu tiro da minha lista. Vou pedir ajuda pra Cameron, ela vai ter uma ideia mais útil. – House disse a contragosto.

–Já se passaram quase oito anos e eu ainda acho estranho ver sua vida amigo. Você até que é um pai bem aceitável. – Wilson disse.

–Aceitável? Jimmy, eu sou incrível! – House disse se gabando. – Mas falando sério, eu tinha um medo enorme de não ser bom pra Mia.

–Você também tinha certeza de que não faria bem a Allison e olhe só quem é a doutora mais feliz daquele hospital. House, você ainda não se acostumou, mas tem uma capacidade enorme fazer bem aos outros. Basta você ser você mesmo, nós vamos te amar assim sempre. Todos nós. – Wilson disse sincero e House deixou um leve sorriso escapar.

–Certo. Agora pare com esse sentimentalismo barato. Temos um jogo de pôquer em meia hora! – House disse se levantando com a ajuda da bengala e indo buscar as chaves do carro.

A noite seria longa e cheia de fichas como eles gostavam.