Pó de Estrela - O Final

Morte daquilo chamado Vida


Eletricidade e fumaça por todo lado.

Terra flutuando no ar.

Gritos de pessoas, correndo para tentar se salvar.

– Mamãe, o que está acontecendo? - Uma criança pergunta, antes de ser engolida pelo inevitável.

Um homem no alto de um palanque, discursando antes de tudo ruir.

– Nós podemos salvar todas as memórias da humanidade, aqui. - Alguém levanta um pequeno chip.

A arte, os prédios, o futuro e o amor, tudo desapareceu em um segundo.

Tudo que sobrou, no meio de planeta vazio, fora um pequeno andróide adormecido.

Um ser humano que não era humano, mas só conhecia a humanidade.

O anjo elétrico acordou, após inúmeras voltas ao redor do sol.

Ele olhou ao redor, procurando as agulhas que alcançavam o céu.

Os arcos que ligavam terras.

As nuvens verdes que enfeitavam e cresciam em grandes extensões.

Não havia mais, estava tudo desaparecido.

O robô não entendia, ele se lembrava de estar tudo ali.

Todas as agulhas de vidro e concreto.

Os arcos cinzentos e gigantescos.

As nuvens que respiravam.

Onde estaria tudo aquilo, onde poderiam ter escondido?

E onde estava os seres como ele, que não eram como ele?

Eles desapareceram.

Eles não existiam mais.

O andróide fora feito somente para se lembrar deles.

Não para chorar suas mortes.

Então aquele anjo elétrico, ele somente chorou por sua solidão.

Não havia mais vida.

Ele estava sozinho.