Quando eu nasci, foi numa pequena cidade larga, escura e luminosa.

A confusão é parte da esperiência.

Mas era sempre barulhenta.

Eles logo notaram que eu não pertencia ao lugar, apesar do calor da noite ser agradável.

Eu tive de escapar muitas vezes.

Não me movia como os outros.

Não me alimentava como os outros.

Não falava como os outros.

Não sentia como os outros.

Eu nem ao menos sorria ou chorava como eles.

Os cidadãos com suas expressões monstruosas gritavam.

Acho que eles queriam que eu fosse embora, apesar de não poder entendê-los.

Eu também queria ir embora.

Pra sempre.

Uma criança como eu, mas normal, jogava seus papéis fora.

Muitas crianças da cidade jogavam fora as folhas de papel.

Eu recolhi todas, juntando e processando informação.

Quase me tornei um deles, mas seus narizes proeminentes me encontravam no meio deles.

Eu podia entender o que gritavam, apesar de não conseguir responder ainda.

Eu era anormal, uma aberração, e devia sumir e voltar para o meu lugar.

Concordei.

Eu sabia onde era meu lugar.

Então subi um dos prédios, na cobertura, e voei de volta pra casa.

Foi uma viagem agradável, apesar da gravidade.