De volta ao Clã

Cap. 2 - Novatas


Nova York, 2015...

O táxi parou a frente da terceira casa do quarteirão, a porta se abriu e Fiona saiu.

– Não irei pagar, obrigada - Fiona usou seus poderes de persuasão e o taxista voltou a dirigir sem reclamar - Por favor, sabe me dizer se é aqui que mora Dianna Hansey ? - Fiona perguntou a uma senhora que passeava com seu pequeno cachorro.

– A garota demônio ? Sim é aqui - Respondeu e deu um grande suspiro no fim, olhando para a casa com expressão assustada - Senhor Travis pare agora - A senhora puxava a coleira do cachorro que latia muito contra Fiona.

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– Que cachorrinho mais...adorável - Fiona esboçou um sorriso falso - Obrigada pela informação - Passou por cima do cachorro e foi em direção ao portão.

– Não entre ai, você irá morrer - A senhora pegou o cachorro no colo e balançou a cabeça freneticamente - Ela tem pacto com o satanás, olhe só fico toda arrepiada - A mulher se tremia.

– Cala a boca, sua velha nojenta - Fiona virou-se com olhar furioso - É melhor esse cachorro também se calar o mais rápido o possível - O cachorro cessou os latidos e abaixou as orelhas - Agora, que tal se jogar de um ponte ?

– Sim, com licença - a senhora que parecia hipnotizada virou-se e caminhou lentamente pela calçada.

– Ótimo - Fiona murmurou e atravessou o jardim, chegando na varanda parou a frente da porta e tocou a campainha.

– Como posso ajudá-la ? - Uma mulher loira e alta abriu a porta.

– Olá - Fiona tirou um isqueiro e um cigarro da pequena bolsa, acendeu e tragou, logo depois soltou a fumaça na cara da mulher, a mesma tossiu e se abanou - Quero conversar com Dianna...ela está ?

– Conversar ? Qual seria o assunto ? - a mulher observava atenta e com expressão facial séria.

– Nada que interesse a você - Fiona balançou a cabeça e estilou a mão, usando a mente lançou a mulher pelo ar, fazendo a mesma cair sentada na poltrona - Fique sentada ai querida, está tudo bem - Fiona bateu os saltos pelo corredor e abriu a ultima porta do mesmo - Boa tarde meu pequeno raio de sol.

– Olá - Dianna estava encolhida em cima da cama - A mulher do meu sonho, você é uma bruxa não é ?

– Sim, eu sou - Fiona respondeu enquanto olhava os livros na prateleira - Como sabe disso ?

– Você sempre está sentada a frente de um símbolo feito com sangue no chão nos meus sonhos - Dianna se balança para frente e para trás - Olha pra mim e diz: Qual o nível da sua dor ?

– Que sonho maravilhoso - Fiona gargalha e se senta na ponta da cama - O que aconteceu aqui ? O caso com os gatos - A bruxa lhe ofereceu o cigarro.

– Foi você! você me mandava desenhar os símbolos com sangue - Dianna esticou a mão e pegou o cigarro, o colocou na boca e tragou - Eu quase matei meus pais, mas optei pelos gatos rabugentos da minha avó - A garota tossiu e lhe entregou novamente o cigarro.

– Não se engole a fumaça, sua vadia burra - Fiona bufou e levantou-se - Você é uma bruxa, querida..assim como eu...quer dizer, um pouco mais fraca e idiota.

– Não me chame assim - Dianna cerrou os punhos com raiva - Fala como se fosse minha mãe - ela bufou.

– Acalme-se, estou aqui em missão de paz - Fiona balançou a cabeça - Estou aqui para te acolher em minha mansão e te levar para longe dos seus pais e conhecidos.

– Proposta tentadora - Ela riu e animou - Tipo um lugar pra bruxas jovens ?

– Tipo isso, mas você é a primeira bruxa jovem - Fiona sorriu com orgulho - Aprenderá a controlar seus poderes e também a desenvolvê-los... agora mostre me eles.

A garota balançou a cabeça e olhou fixamente para o abajur em cima da cômoda, concentrou-se e fechou os olhos, algum tempo depois o abajur estava coberto por chamas, o cheiro de queimado infestava o quarto e Dianna se sentia fraca e com dor de cabeça, enquanto Fiona olhava fascinada para o abajur em chamas.

– Maravilhoso - Fiona bateu palmas - Podemos desenvolver esse poder e coisas maiores queimarão, o que acha ? - Fiona ajoelhou-se ao seu lado.

– Apesar da forte dor de cabeça e a fraqueza depois de usá-lo, é um ótimo poder - A garota sorriu - Eu aceito ir com você - Dianna levantou-se e arrumou o casaco de moletom meio grande no corpo.

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– Péssimas roupas - Fiona passou pela garota batendo os saltos em direção ao corredor da casa - Tive que conter sua querida mãe - Ela apontou para a mulher presa na poltrona.

– Minha doce mãe, poderia por fogo em você agora - Dianna riu enquanto a mãe olhava assustada - Mas eu não sou igual a você - A garota acenou e saiu pela porta atrás de Fiona - E então ? Onde você mora ? Algum lugar bem macabro ?

– New Orleans, uma grande mansão - Fiona esticou a mão e acenou para um táxi - Você vai gostar - Ela sorriu e entrou no carro, seguida de Dianna.

New Orleans, 2015...

New Orleans ainda mantinha a divisão de territórios, o povo crioulo tinha seu bairro, harmônico e sem qualquer discriminação ou preconceito era lá onde Marie Laveau, a rainha Vodu, comandava seu salão de beleza para cabelos afros. Marie esperava a melhor oportunidade para tomar o poder da cidade, a rivalidade e o ódio que sentia por Fiona era o que ainda lhe deixava determinada.

– Prontinho querida, seu cabelo está maravilhoso - Marie rodou a cadeira e abriu espaço para que as outras mulheres vissem o cabelo de sua cliente - Por conta da casa - Marie piscou.

– Marie ? Eu quero pagar, por favor - A cliente tirou o dinheiro da bolsa.

– Não, foi por minha conta - Marie balançou a cabeça e foi surpreendida por um abraço - Volte sempre, seu cabelo merece - Ela sorriu muito satisfeita.

O sino na porta tocou, avisando que alguém havia entrado, duas garotas da mesma altura entraram arrastando grandes malas.

– Com licença, estamos perdidas poderiam ajudar a gente ? Estávamos indo para o hotel palace no centro mas acabamos descendo do táxi antes - Disse uma das garotas meio envergonhada enquanto a outra observava o local.

– Saiam daqui antes que as coisas fiquem feias - Marie cruzou os braços e as encarou - Sei quem são vocês.

– Desculpe, algum problema ? - A garota olhou confusa.

– Ela sabe o que somos - Finalmente disse a outra garota - Ela é a rainha Vodu, dona do salão...

– COMO SABE DESSAS COISAS ? GAROTA ABUSADA - Marie deu um passo a frente e sua clientes observavam caladas.

– Li sua mente sua negra burra - A outra garota tinha os pulsos cerrados e encarava Marie.

Marie começou a sussurrar algumas palavras em outra língua, seus olhos reviravam e o tempo lá fora começava a mudar.

– Não queremos confusão, vamos Megan - Beatrice puxou a outra garota pelo braço.

– Não sairão - Marie murmurou e abriu os braços, seu corpo começava a mexer e os pés batiam contra o chão.

– Iremos sair sim sua vaca - Megan virou-se e puxou Beatrice pelo braço, indo em direção a porta, antes que chegassem a mesma se escancara e bate forte contra a parede, derrubando as coisas da prateleira ao lado, LaLaurie estava parada com os punhos cerrados e encarava Marie.

– O que a bruxa quer aqui ? Isso não diz respeito a você Laurie - Marie havia cessado a invocação e assumiu uma expressão de surpresa no rosto.

– Elas são bruxas, não mexam com o meu clã - LaLaurie esticou os braços e fechou os olhos, usando o poder da mente jogou Marie e as outras mulheres contra a parede, todas estenderam-se pelo chão - Corram garotas, entrem no carro preto a espera de vocês lá fora - Megan hesitou mas foi puxada por Beatrice - Enquanto Fiona e eu estivermos vivas você não ataca ninguém do nosso clã, boneca vodu - LaLaurie jogou Marie contra a parede novamente - Está avisada - Laurie virou-se e correu para o carro, entrou e o mordomo acelerou sumindo pela rua.

– Valeu - Beatrice deu um sorriso doce para Laurie - Mas como sabe sobre a gente ?

– Posso sentir a energia vital de vocês e que com certeza é a energia mais forte que senti - Laurie balançou a cabeça.

– Para onde vai nos levar ? - Megan perguntou enquanto olhava pela janela.

– Minha mansão, estarão seguras lá - Laurie sorriu - De onde são ?

– Lima, Ohio...nossas mães eram bruxas - Beatrice encarou Laurie - Foram mortas pelo pessoal do nosso bairro, as queimaram como faziam antigamente depois que descobriram a coleção de artefatos para bruxaria, tivemos que fugir pois estavam nos caçando.

– Eu teria dado uma lição nos filhas da puta, mas Beatrice achou melhor fugir - A indignação era presente na voz de Megan.

– Não conseguiriam contê-los, a melhor coisa foi terem fugido - Laurie balançou a cabeça - Agora estão com nós, pessoas como vocês - Ela sorriu, fazendo com que as garotas retribuíssem o sorriso.

Salão de Beleza da Marie...

Marie gritava com as clientes e com as funcionárias, andava de um lado para o outro e roía as unhas de raiva.

– EU QUERO TODAS VOCÊS FORA DAQUI AGORA - Marie abriu a porta e deu espaço para que as mulheres passassem - Você fica - Disse apontando para a sobrinha que era sua funcionária - Traga-me os vasos e o tambor.

– Tia Marie, pense no que está fazendo - Ellie a encarou - Quer mesmo começar isso ?

– Elas começaram isso, PEGUE AGORA - Marie bateu o pé e a sobrinha correu para o porão, trouxe os grandes vasos e um tambor - Bata o tambor - Marie suspirou e se ajoelhou na frente dos vasos, passava as mãos por cima dos mesmos e sussurrava as palavras em um idioma africano, o tambor começou a ser batido lentamente - VENHA PARA NÓS - Marie mudou a voz e jogou a cabeça para trás, o tambor começava a ser batido mais rápido e sua cabeça se contorcia - VENHA PARA NÓS - Repetiu e tirou uma grande cobra de um dos vasos, a aproximou de seu rosto e a beijou, virou-a de barriga para cima e afundou sua unha pontuda, a cobra se contorceu, desceu o dedo abrindo a barriga da cobra, o sangue jorrava.

– Tia, não faça isso - Ellie murmurou enquanto batia o tambor, ainda assustada.

– CALADA ELLIE - Marie encharcou a mão com o sangue da cobra e se levantou, caminhou em direção a uma pequena porta no canto - VENHA PARA NÓS - Repetiu e fez um X de sangue na mesma - PARE - o tambor parou, foram escutados cascos batendo no chão e um mugido vindo de dentro da porta.

– Não abra, não abra, NÃO ABRA - Ellie gritava desesperada.

Marie olhou para a sobrinha e depois colocou a mão na maçaneta, girou a mesma e escancarou a porta.

– Acalme-se Ellie - Marie sussurrou e deu espaço para um ser monstruoso sair, as mãos e os pés eram cascos, era alto e musculoso e no lugar da cabeça humana tinha uma cabeça de touro, grandes chifres e uma língua maior ainda para fora, lambia o focinho e batia os cascos - Vá para a mansão, mate as bruxas e traga-me suas cabeças - Marie comandou e abriu a porta de trás do salão, o ser mugiu e saiu pela mesma, a Rainha Vodu olhou para a sobrinha e sorriu satisfeita - Limpe tudo - Marie fez expressão esnobe e foi para o seu quarto.