In Case

Capítulo 13


Case– Capítulo 13

— Vargas, você tem um péssimo gosto — resmungou Violetta, indo até a televisão e desligando a mesma.

Era noite e ambos estavam no apartamento dela – novamente. Algumas semanas haviam se passado desde o convite de León, mas acabaram não tocando no assunto. Ambos passaram o natal separados; León com os amigos e Violetta com Ludmila e sua família.

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Durante os dias que se passaram eles tem estado bastante tempo juntos. Afinal, não poderiam aparecer noivos sendo que nem ao menos tiveram a chance de iniciar um romance adolescente – um daqueles onde os amigos vê, comenta, espalha e se intromete.

Não seja mal educada! Eu estava vendo — reprimiu um riso ao notar a feição ruborizada da morena.

— Você não vai ver um filme porno na minha casa — balançou a cabeça em negatividade. — Como você tem coragem de ver uma coisa dessas? É vergonhoso.

— Deixa de ser fresca — murmurou, fingindo irritação. — Não é porno. É um filme com partes... quentes — respondeu com um riso interno. — Mas se você não quer ver, não serei eu a insistir. Por mais que seja uma delicia ver essa sua carinha de vergonha misturada com raiva — dobrou os braços acima da cabeça, olhando-a intensamente, vendo-a revirar os olhos.

— Já falei que não gosto quando você diz essas coisas — passou por ele, indo até a cozinha.

Pelo canto dos olhos observou León se levantar, mas ignorou-o e abriu a geladeira, tirando de lá uma garrafa de agua. Por alguns segundos a garrafa de agua parecia ser a coisa mais interessante do mundo, já que para desviar do visitante, ela simplesmente manteve sua atenção na jarra.

— E eu não gosto dessa sua variação de humor — a voz dele soou irritada. — Me diz, qual o problema?

— O problema é que não somos namorados, León — disse a ele, virando-se rapidamente para fita-lo. — Você fica me fazendo elogios, me beijando e... Eu não gosto disso — afirmou, na defensiva, desviando o olhar e levando o copo até seus lábios.

— Então por quê corresponde? Você não pareceu se importar com isso quando a gente se beijou a uns quinze minutos atrás — cruzou os braços na altura do peito, esperando pela resposta.

Violetta o ouviu, mas manteve o olhar desviado. Bufou alto e foi, novamente, até a sala.

— A questão é que isso está saindo do controle — disse ela depois de alguns minutos em silêncio. — Nós fizemos um acordo. Você ajuda minha família e em troca eu me caso com você — virou o rosto para encara-lo. — Mas não significa que temos que ter alguma relação. Ou contato físico.

Lá vem você com esse papo de novo — León revirou os olhos, descruzando os braços e indo em direção á ela. — Já falei que devemos manter as aparências... — ela o interrompeu.

— Mas não tem ninguém aqui, Vargas — elevou a voz alguns oitavos. — Por favor, me diz o porquê de você está fazendo isso — pediu, quase em suplica. — Eu não quero me envolver com ninguém. Não quero me apaixonar! E você já parou pra pensar que se continuarmos assim, a gente pode começar... — antes que pudesse terminar a frase, León se aproximou e a interrompeu.

— A se apaixonar? — perguntou em um tom sério, mas com um riso abafado em seu tom de voz e os olhos brilhando a divertimento. — Violetta, não seja ingênua. Eu não vou me apaixonar por você — sibilou a frase querendo que ela entendesse de uma vez. — Nunca.

Foi impossível não se surpreender com as palavras dele. O modo como ele dizia... Havia algo a mais ali. Algo como mágoa e incredulidade, mas também tinha uma certeza assustadora.

— E como pode ter tanta certeza disso? — Violetta perguntou, tentando manter sua voz firme.

— Por que eu não acredito em amor — disse simplesmente, dando de ombros. — Pra mim ele não existe; E se existe não é pra mim.

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— Não diga isso — pediu.

— É a verdade — mordeu o lábio inferior. — Ninguém nasce cafajeste, Castilho. Eu sou um, mas eu nem sempre fui assim.

— Do que você está falando?

— Estou dizendo que eu gostei de uma pessoa uma vez e ela acabou comigo — respirou fundo, jogando a cabeça pra trás. — E eu não quero voltar a gostar de ninguém. Não como eu gostei dela — disse com a voz embriagada, parecendo perdido.

Ao fim de sua declaração, Violetta lembrou das palavras de Diego. Ele não estava mentindo. León tem mesmo uma dor no passado. Sentiu a curiosidade lhe abraçar, ao passo que sua língua coçou para perguntar a respeito, mas não se viu nesse direito.

Afinal, pelo modo como ele diz, parece ser algo delicado.

— Desculpe, eu não queria te chatear — se desculpou ao notar a feição de tristeza e raiva que abitou no rosto do moreno.

— Esqueça isso — pediu. Foi em direção ao seu casaco que estava jogado sobre o sofá e o vestiu rapidamente, indo em direção a porta. — A gente se fala depois — despediu-se, colocando a mão na maçaneta e girando-a.

Violetta o observou fazer todos os atos calada. Mas, ao vê-lo abrir a porta, pareceu ter acordado do transe.

— León, espera! — rapidamente foi até ele, segurando em seus braços. — Não vá — sussurrou, hesitante.

— Não dá para entender você — encarou a morena confuso. — Agora a pouco você disse que não quer nenhum contato físico; não quer que a gente se envolva.

— Mas nós não precisamos ter nenhum contato ou nos envolver — esclareceu, com um sorriso de canto. — Eu gosto de ter você por perto. Quando você não está eu me sinto sozinha — confidenciou, sentindo-se envergonhada ao termina de dizer.

Sentiu os olhos verdes varrer todo o seu rosto atentamente; ele parecia buscar algum vestígio de sarcasmos ou ironia. Sorriu quando percebeu que ela falava serio.

— Por que não disse isso antes? Poço me mudar pra cá agora mesmo se você quiser — brincou, enquanto fechava a porta e entrava novamente.

— Vou pedir uma pizza — avisou, querendo mudar de assunto.

— Okay — o ouviu murmurar.

Foi até a cozinha e pegou o panfleto da pizzaria mais próxima. Enquanto pedia, observou homem sentado no seu sofá. Ele parecia estar com o pensamento longe... Caminhou até ele – assim que desligou o telefone – e sentou ao seu lado. Encostou a cabeça no ombro masculino e sentiu o mesmo pousar a mão em sua cintura, puxando-a para mais perto.

— Ela era sua namorada? — perguntou, quebrando o silêncio enternecedor que se estendeu pelo ambiente.

A respiração de León ficou mais pesada e seu coração acelerou – ela pode sentir e ouvir isso.

— Sim — concordou. Sua voz saiu rouca e falha. — Eu nunca mais vou gostar de ninguém como eu gostei dela — sussurrou, com pesar. E, novamente, as batidas do seu coração ficaram mais rápidas.

— Você não pode ter certeza disso — afastou-se minimamente para olha-lo. — O coração não escolhe a quem gostar — afirmou.

— O meu coração não tem mais escolha — disse, olhando diretamente nos olhos castanhos. — Porque ele está quebrado — respirou fundo e tombou as pálpebras, sentindo as batidas de seu coração se acelerar cada vez mais.

Quando abriu os olhos novamente, León sentiu sua visão embaçada pelas lagrimas acumuladas. Tentou desviar o olhar, mas mãos pequenas o segurou pelo rosto, mantendo-o ali. Não queria que Violetta o visse chorar – seria embaraçoso – então simplesmente fechou os olhos novamente.

Não era para estar tendo essa conversa com ela. Jurou não contar ou falar sobre isso com mais ninguém - somente Diego e seus pais sabiam. Simplesmente não suportaria a ideia da morena linda, de sorriso meigo e olhos brilhantes, o visse com pena.

Sua surpresa maior foi quando sentiu lábios quentes, tímidos e atrevidos tocarem nos seus. Abriu os olhos por alguns segundos apenas para ter certeza se era mesmo isso. E, sim, era...

O corpo masculino se arrepiou quando a língua feminina lhe acariciou os lábios ainda fechados, abrindo caminho para que pudesse adentrar na boca masculina. León deixou, sem hesitar – mesmo que estivesse confuso com o seu ato. Afinal, não era ela que o proibiu de a beijar a minutos atrás?

A língua de Violetta iniciou uma dança lenta e excitante juntamente com a de seu marido. A questão é que quando ela viu os olhos verdes dele repletos por lagrimas, se deu conta que estava sendo egoísta. No fim das contas, León a fazia bem. O beijo dele a fazia bem; a presença, o cheiro puramente masculino, as cantadas ridículas, os elogios fora de hora... Tudo isso a fazia bem.

Vargas não sabia, mas somente a presença dele a deixava feliz. Feliz como a muito tempo não era, pois agora não estava mais sozinha. Ele a protege de tudo – até dela mesmo – e isso a encanta.

— Eu conserto — disse, quando se afastaram. León abriu os olhos e a olhou confuso. — Eu conserto o seu coração — acrescentou, passando as mãos nas madeixas escuras dele.

— E como você pretende fazer isso? — questionou, não acreditando nas palavras dela.

— Cuidando de você, assim como você vem cuidado de mim desde o dia em que nos conhecemos.