Entropia

Interlúdio - O Deserto, de novo


Interlúdio

O Deserto, de novo

Durante as noites é que era possível de enxergar a verdadeira face do Deserto: frio e solitário.

Durante as manhãs e as tardes, o Deserto parecia ser agradável como um passeio na praia, sendo embalado pela brisa marítima — o sarlik — e sentindo a deliciosa sensação de areia fofa sob os pés.

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De noite, porém, o Deserto mudava suas feições calorosas, mudava seu sorriso acolhedor para um sorriso belo, porém maldoso. Um sorriso digno de um vilão prestes a pôr em prática seu plano maléfico, mas ainda assim, um lindíssimo sorriso. Era inegável que as noites do Saar eram magníficas, mas traziam consigo uma sensação de desespero e solidão, principalmente esta última.

Era uma sensação comum a qualquer um que andasse pelo deserto a solidão. Ter areia e apenas areia acompanhando-lhes. Quilômetros de quilômetros de areias ao seu redor, e além disso, apenas o céu do Deserto.

Àquele céu davam o nome de vjeraan: a visão cósmica daquele céu, em que era possível observar corpos celestes a olho nu. Já o céu tradicional, escuro e com apenas estrelas pontilhando o céu, a ele era dado o nome de saahn. Havia aqueles que o chamavam de “o céu solitário”, pois ele não preenchia o vazio dos viajantes sós do Saar, diferente do vjeraan, que despertava emoções positivas nos dwelerva. Já o saahn era apenas vazio. Não despertava emoções, tampouco as retirava.

O saahn gostava de ver os feitos daqueles que moravam no Deserto. Era o fiel capacho do Deserto: juntamente com as areias, ele possuía pulso firme e olhos atentos, sempre assistindo, observando, ao vazio de emoções presentes naqueles que vagavam naquele lugar seco.

E naquela noite que demoraria muitos tempos para acabar, não seria diferente.

“Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso.”

— A Bíblia Sagrada; Apocalipse 1:8.