Podia observar, pela janela do meu quarto, todo o azulado manto vespertino cair sobre o vilarejo de Saint-Remy-De-Provence, sinalizando o início da noite.

Era impossível descrevê-la com uma única palavra, talvez devido a sua etérea natureza:

Silenciosa, embora barulhenta.

Tranqüila, embora turbulenta.

E assim apresentava-se, diante de meus olhos, sublime e transcendente: Um verdadeiro espetáculo celeste. Captar toda a sua essência em um único vislumbre era inimaginável.

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Ainda assim, observava-a todos os dias, pois a necessidade de ver as estrelas era, para mim, mais viciante que a bebida e mais fervorosa que a volúpia - não sei se pelas emoções que em mim despertava, ou se pela força inexpugnável que exercia sobre todo meu ser.

À noite, era como se todas as minhas emoções se extravasassem de meu espírito para o meu corpo, que sentia-as mais intensamente que a luz do sol sobre a minha pele.

Fazia-me lembrar de meus tempos de petiz, da doce inocência pueril. Lembrava-me também de velhos sonhos de minha juventude que não consegui realizar. Agora, amadurecido pelo tempo e pelas circunstâncias, a idéia de concretizá-los era simplesmente inconcebível. E embora estes fossem pensamentos tristes, sentia-me satisfeito – pois, estranhamente, há um pouco de tranqüilidade na angústia.