Mesmo trôpego, consigo divisar o espelho. Um sujeito iníquo e repulsivo devolve-me o olhar.

Como pude ser capaz de tão perniciosa brutalidade? Como pude deixar que a insanidade sobrepusesse-se à razão? Não era ela quem deveria admoestar a sandice?

Fui insensato e irracional ao tentar agredir-te.

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E agora lembro-me de seu olhar acusador e repreensivo sobre a ínfima criatura que sou. Todas as irracionalidades do ocorrido volta-me à mente em um turbilhão de idéias recriminantes.

Arrependimento não é palavra suficiente para descrever o meu verdadeiro estado de espírito. Sentia-me frustrado, culpado. E sobretudo distorcido e desiludido.

Se a minha vida era uma total decepção a culpa era unicamente minha. Não consegui cumprir meu papel de filho, de irmão, de amigo. Não consegui sequer vender um único quadro. Falido e fracassado, percebi que todos os erros da minha vida situavam-se não no destino ou na coincidência dos fatos como sempre pensei, e sim sobre o ser errante que os cometia.

Eu era o ser errante. A culpa era toda minha. E tal coisa precisava ser julgada e sentenciada.

Talvez absolvida, talvez condenada.

Resolvo arbitrar minha própria sentença.

Com a adrenalina correndo em minhas veias, agarro o instrumento do crime e condeno-me.