Sentidos

Peças


Eles conversavam na biblioteca, pareciam íntimos... senti algo me alfinetar. “Não deveria ter ido à festa... não ainda” ela disse. “Já estava na hora” ele retrucou. Apesar de odiar ser contrariada, nada fez além de rir.

Escutei passos vindo até a porta. Me escondi para não ser flagrada, escutando. Victor saiu de lá, se dirigiu até a porta da frente, como se conhecesse toda a casa. “Foi ele que me atraiu ao escritório” lembrei.

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“Ele já frequentou essa casa?” refleti.

Enquanto admirava as estrelas pintadas pelo meu pai, no teto do meu quarto, quando eu era bebê, pensava na estranheza dos acontecimentos recentes. Num dia meu pai está bem e, noutro, um ataque cardíaco fulminante. Ele era o homem mais saudável e ativo que conheci. Vi, toquei a mão gelada do cadáver que parecia com meu pai... mas não senti que aquele corpo um dia foi o meu pai.

Era como apertar a mão de um desconhecido.

Desconhecido. Victor, porém... não lembro, mas sinto que nos conhecemos profundamente. Ele se relaciona com Marta, com meu pai...?

Não consigo confiar em fatos. No corpo que toquei. Na conversa que ouvi. Minhas intuições lúgubres me obrigam a dar o próximo passo.