Sentidos

Sentidos


“Lembra-se daquela tarde no parque de diversões? Do algodão doce azul que comeu? Do cheiro da terra depois da forte chuva que caiu pela manhã?” – Victor murmurava em meu ouvido enquanto eu lutava para continuar de olhos fechados, tentando lembrar detalhes da cena que ele invocava.

“Como você sabe...?”

“Foi depois do seu aniversário, aquele que você passou sozinha. Lembra da roda gigante? Das luzes coloridas das barracas? Do frio que sentiu com aquela ventania ao cair da tarde?” Ele fez uma pausa “Eu sei, porque fui eu quem acompanhou você”.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

“Mentira...” eu disse, enquanto lembrava do meu pai vestindo seu casaco em mim, para me proteger do frio “Meu pai me levou. Eu lembro... dele...”

“Como eu poderia saber, se eu não estivesse lá com você?”

Essa lembrança se tornando resiliente. Todas as sensações, o gosto, o cheiro, a altura... o frio. E o rosto do meu pai, antes tão nítido, ficou nebuloso... censurado.

“Comece a se perguntar agora... porque você sente tão intensamente... que Nicolás está vivo” o rosto de Victor se confundia com o do meu pai “Nicolás ocupa o espaço... em que eu estava”.

...

“Pergunte-se porque você é tão apegada ao seu pai”.