Crônicas e Contos Cotidianos

Capítulo 3 - Virando a página


Ele era companhia. Parceria. Encantamento. E por mais que havia conexão, faltava algo. Mas ela não queria admitir.

Talvez medo de ficar sozinha. Medo de descobrir que ele não gostava dela como de fato mencionava.

No entanto, ele parecia tão sincero com as palavras...

Nos primeiros tempos em que se conheceram, ele se preocupava com ela; era carinhoso; mais romântico. E sempre foi amigo.

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Depois, ele foi mudando. Era calado e não correspondia como antes. Já não eram diárias as conversas. E foi se afastando.

Ela se perguntava se estava apegada demais; se era melancólica demais; se havia se enganado com ele; se o erro era ela. Se... Se...

Então, ele se afastou de vez. E ela nunca soube quais eram seus reais sentimentos.

Palavras ficaram ao vento. As frases. Suas músicas. Mensagens de conforto e de cuidado. Tudo aquilo que demonstrava que fazia parte daquela história.

Ou era apenas dela?

Talvez tivesse acreditado de mais. Amado de mais. Talvez quisesse permanecer na cegueira. Talvez, no fundo ela soubesse. Talvez... Talvez.

Quando se está sozinho; se sente sozinho; o pouco parece muito. As migalhas são significantes e cada gesto é um bálsamo.

Até que, gostar de um lado só não bastou para manter e nutrir as raízes daquele sentimento. E ela se viu novamente sozinha, esperando pela atenção dele; por um pouco de renúncia ou de reconhecimento.

Mas não veio.

Então, ela soltou a corda e o deixou ir.

A angústia foi sua maior companheira , mas não podia demonstrar; sabia que era o correto a se fazer.

Só lhe restava aceitar.

Aceitar que tudo foi mentira. Ilusão. Que amou sozinha. Que a amizade não foi verdadeira. Que não fora tão importante para ele.

Mas a clareza dessa visão dói.

E ainda hoje, tem que reconhecer para si mesma que foi mais um engano na sua vida. Que deixou marcas.

Ainda que as pessoas vejam seu sorriso; presencie a sua alegria e disposição, a dor continua lá e talvez, a esperança.

Sim. De ser de fato, importante para alguém.

Mas, pode ser que não. É só uma mera possibilidade.

O orgulho, muitas vezes, fala mais alto.

Ela sabe que quem tem o espírito livre, não consegue se apegar a alguém. Ou tem medo.

Medo. Que geralmente vem acompanhado de dor. E que, por sua vez, era uma palavra conhecida e amarga que já provara.

Confiança. Foi esse o motivo. E foi quebrada.

Confiança é como um vidro. Quando se quebra, pode até tentar colar, mas nunca será o mesmo. Podem faltar pedacinhos bem pequenininhos, deixando lacunas e cicatrizes permanentes.

Agora, só lhe restava escrever...

E acabava de virar essa página.