Diário Virtual

Uma sessão de críticas


Eu sei que podia ter colocado tudo a perder, só que eu realmente precisava fazer algumas perguntas. Qual era a dele? Sim, eu fui dizer isso a ele. Não pessoalmente, claro, até porque quando eu estava perto do David, olhando aqueles lindos olhos, eu meio que adormecia acordada. Fiz melhor, mandei um sms.

Eu : Qual é sua, David?
Ele : O quê?
Eu : Por que do nada você decidiu ser meu amigo?
Ele : Não foi do nada.
Eu : Me explica então.
Ele : Pensei que tivéssemos deixado isso bem claro.
Eu : Não deixamos não. Esclareça.
Ele : Lá vai você com essas suas manias de desconfiança.
Eu : Como foi que disse? Eu? Mania de desconfiança? Nunca desconfiei de você. Peo menos, não abertamente.
Ele : Toda vez que as coisas dão certo pra você, você dâ um jeito de procurar uma falha. Típica característica sua.

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Nesse momento da conversa, eu fiquei bem p da vida, porque assim, ninguém nunca tinha me dito isso. Eu tinha esse traço de personalidade?

Eu : Você não sabe disso, mal me conhece.
Ele : Olha só, eu realmente não quero discutir com você. Não no dia em que a gente combinou de ver um filme.

O que foi uma surpresa pra mim, porque eu não lembrava de nenhum filme. E se eu tivesse marcado algo com ele, eu com certeza me lembraria.

Eu : Que filme?
Ele : Aquele que você pediu pra eu levar na sua casa.
Eu : Não me lembro disso.
Ele : Você viu aquele trailer daquele filme, disse que queria ver e então eu te prometi levar na sua casa.
Eu : Ah, aquele filme. Mas você não disse que viria aqui hoje.
Ele : To dizendo agora.

E eu sorri por dentro, porque eu super queria que ele viesse aqui em casa. Porém, eu sabia que ele estava me distraindo. Como foi que mudamos mesmo de assunto?

Eu : Não quero assistir filme com vocé, quero saber qual é a sua.
Ele : Vou levar mais de uma opção de filme, okay? Tem pipoca na sua casa ou eu levo?
Eu : Qual. É. A. SUA??
Ele : Eu levo então.
Eu : David, estou falando sério. E a minha mãe nem ta aqui, não venha.
Ele : Melhor ainda. ""

E eu passei uns bons minutos pensando o que era esse "melhor ainda" e essa piscadinha, mas mais uma vez, ele mudou o rumo da conversa.

Eu : Só quero entender isso. Está sendo meu amigo por pena?

Vinte minutos se passaram, e eu tinha até desistido de esperar uma resposta dele. O que não significa que eu tenha deixado de vibrar quando o celular anunciou uma nova mensagem.

Ele : É porque nós temos mais em comum do que você imagina. É por isso.

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O David trouxe um filme que na verdade é uma série, da pra acreditar? M. R. Robots ou algo assim. Eu tinha visto o trailer e gostado pra caramba dele, porque falava dessas paradas de hackers, iluminats e anonymous. Esses assuntos me interessam muito.

Foi meio estranho quando o David chegou. Digo, ele estava sério, quieto. E a gente ficou naquele clima estranho sabe, sem saber o que fazer ou dizer. Depois de alguns minutos que a gente se soltou mais, e na metade do filme, a gente já tava rindo e comentando as cenas.

A única cena que deixou un clima estranho foi uma de quase *sexo*. Eu não sabia pra onde olhar, nem ele. Super vergonhoso. Só seria pior se a minha mãe chegasse naquele momento.

O filme/série acabou, só veio com 13 episódios. E o David disse que ia lâ na locadora, ver se arranjava a continuação porque parou num momento incrível, e eu fiquei aqui, sentada no sofá, pensando.

Tem coisas que os amigos dizem que machucam. Coisas que irritam, que dâ vontade de sair xingando eles de tudo quanto é nome. Às vezes, eles só falam coisas sem sentido algum, e de vez em quando, sai uma frase inteligente da boca -ou dos dedos- deles.

Uma coisa que eu não conseguia suportar no Bryan era a mania dele de me criticar e de botar defeito em tudo que eu fazia. Só não me irritava mais do que quando era a minha irmã falando, porque aquela ali é um caso perdido.

O meu novo amigo, David, na verdade é o cara que eu gosto, e ele sabe disso. E antes dele sair pra trazer o restante dos episódios da série, ele me disse coisas que, segundo ele, um amigo tem que dizer. Ou seja, críticas. E isso :

1) Me fez chorar
2) Me fez pensar.
3) Me fez chorar mais um pouquinho.
4) Me fez escrever.

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E eu nem deveria estar escrevendo, porque isso foi um dos conselhos dele : pare de escrever tanto. O que foi quase como me pedir pra diminuir a quantidade de oxigênio que eu uso pra respirar.

E se fosse qualquer pessoa, ppde ter certeza de que entraria num ouvido e sairia do outro, mas poxa vida, era o David.

Ele basicamente disse :

– É muito perigoso ficar escrevendo sobre sua vida, Cassid... Kathe. Online ou no papel, e se alguém pega e lê? Eu li. E se cai em mãos erradas? E se alguém tirasse cópias e saísse distribuindo para as pessoas? E se alguém te ameaça com isso? É sério, pode não parecer, mas é muito perigoso.

É, ele tinha razão. Em partes. Eu tenho essa mania de sair escrevendo sobre mim, mas o que posso fazer? E isso nem foi o pior que ele disse.

– Você passa tanto tempo escrevendo, e deixa de aproveitar momentos da sua vida. Lembra daquele filme, O Hobbit? Sei que você gosta dele. Tem uma parte que um dos personagens dizem que a aventura não está em pâginas ou em textos, está em todo lugar. Basta olhar pra frente.

O que eu discordo em partes. A maior aventura da minha vida é ir pra escola e no supermercado. E era fácil o Gandalf dizer aquilo para o Bilbo, ele era um PERSONAGEM de um LIVRO.

E eu tentei, juro que tentei parar. Mas escrever faz parte da minha vida, é o que me define. E eu não o culpo por tentar me ajudar, foi fofo esse gesto vindo dele.

David, mesmo sem intenção, me fez chorar. Foi só ele passar pela porta que as comportas dos meus olhos se abriram. E agora que a crise de choro passou, ta na hora de agir como uma menina madura.

Droga, o portão da frente ta sendo aberto. Será aue o David voltou? Ou é a minha mãe? Eu devia parar de escrever, porque eu prometi ao David que tentaria parar ou diminuir esse vício, e ele mal deu as costas e eu voltei. Merda, tarde demais.