A Mensageira

Dia #24 - Derreter em Pedra


Não me lembro quantas foram as vezes em que Deus foi invocado aos gemidos suspirantes de prazer por mim naquele quarto. As cobertas entrelaçadas, as luzes chamuscadas, nossas mentes desmanteladas, desmanchadas em derretimento crescente… Dimitri me segurava e me acariciava com uma certa paixão intrínseca. Ali, estaria eu, sã e salva até agora, se não fosse por um detalhe: a casa não era nossa.

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Havia alguém parado na porta, segurando uma espingarda. Feroz.

– Se eu não puder me juntar a essa festa… meto bala - bradou o caipira.

Fiz uma cara de nojo que meu homem compartilhou: não disse uma palavra; mostrou o dedo indicador e pulou (apague luz, apague…) para fora das cobertas, investindo contra os calcanhares do velho gordo. De repente, um disparo. Dois. Três.

Depois de alguns minutos, Dimitri e eu estávamos na carruagem novamente. Sentindo frio através das vestes mal postas.

– Isso foi bem anticlímax - disse.

Ele sorriu e tocou meu nariz gelado.

– Foi incrível, Raquel.

A forma como ele pronunciava meu nome me fez inclinar-me num beijo.

Minha situação estava melhor que o impossível. Nada podia se antepor à felicidade do momento. Mas não era nada certo contar vantagem. Eu ainda tinha uma missão.