Autoextermínio
15 — Luíza
O bailado sinuoso que Luíza tentava acompanhar a fragmentava em pedaços, lento e constante.
Encarava o cenário nevado com olhos brilhantes. Até que encolheu-se, covarde, na parede gélida que era sua vagueza. Observou, pelo canto dos olhos, as disfunções bradarem entre si.
"Só eu sei como estás inquieta. Levante-se!" ordenou a Ansiedade.
Luíza estava cansada. Não só da mesmice da tristeza, não só da agitação ansiando extravasar, mas de ser uma marionete. A Depressão a encarou, de longe, ameaçando se justapor com mais afinidade dentro dela.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Gritou com voracidade. Ninguém a ouviu.
Àquela situação, Luíza não conseguiria estabilizar seu fio. Com pesar, encarou-o, açoitado pelos distúrbios enquanto ela, simplória, continuava estendida na parede branca.
Foi erguida à força, mais uma vez maltratada pelo verbal ácido da Depressão. Clamou que era estúpida. Assegurou que não iria melhorar. A Ansiedade sussurrava:
"Vai ficar tudo bem. Tudo está bem."
Luíza enraiveceu-se de jeito espontâneo. Até achou que tinha visto uma Bipolaridade minúscula se esconder atrás da Ansiedade, mas pensou ter delirado. Ouvia o desalento da Depressão, corrompida pela angústia. Luíza chorava em descontrole.
Olhou para seu fio novamente. Rompendo.
Luíza condenou os transtornos pela última vez.
Então, arrebentou. E a mente morreu.
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