Autoextermínio
10 — Larissa
Aos dezesseis, Larissa teve foto íntimas partilhadas na internet.
Frustrou-se tanto que as lágrimas não sustentaram tanta fúria e temor. E, a princípio, sofreu com a aspereza rude da mãe, que açoitou a adolescente com tanta ferocidade que mal ela pôde entender.
"Eu não te eduquei assim!" Ah, como se fosse culpa dela.
E seguiam-se outros.
"Você é uma vagabunda!"
Segredou seu lado visceral e fora traída tão vorazmente que silenciou-se perante os boatos alheios. Não olhou mais para os pais da mesma forma enquanto checava as cicatrizes da surra "para ensiná-la o que é certo".
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Chorou sozinha. Até pensou que estivesse errada.
Só ousaram admoestar. Apedrejaram.
Quando questionou o namorado, ele nem quis saber. Despejou uma gargalhada temerosa na cara da desfeita e feito desgosto, munido de um grupo de bárbaros junto dele.
Gritaram, no meio de tanta estúrdia:
"E aquela pinta no seio, Larissa? É de nascença?"
Escarneceram. Outra vez e outra vez.
Até uma melancolia negra preferiu se hospedar na mente aniquilada de Larissa. E não bastou o ridículo. Foi dolorosamente largada pelas colegas, mal-olhada pelos pais e conhecidos. Temeu que resolvessem lhe apelidar com tamanha pejoratividade.
E não conseguiu silenciá-los.
Teve que silenciar si mesma.
Fale com o autor