A cidade do Vento.

22. Motins


Trabalhava o horário de expediente normal mais as horas extras, pela qual não era paga para cumprir. Dormia na fábrica, comia na fábrica, sua vida estava na fábrica. Do baixo salário, ainda lhe era descontado as taxas pelas refeições, exceto pelos lanches da madrugadas.

Ela tinha 14 anos e trabalhava lá fazia um ano, quando teve que ajudar a sustentar a família. Volta e meia se lembrava da sua vivência com os pais e com a escola: eles diziam que existiam as tais "leis trabalhistas", mas, para ela, isso já não se passava de mito.

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Fazia dois meses que não recebia e a jornada de 17 horas diárias estava-lhe deixando doente, mas havia dinheiro para comprar remédios, ela sabia se caso não melhorasse rápido, estava despedida.

O sinal tocou para o fim almoço, porém ninguém voltou ao trabalho: todos queriam seus salários.

Fazer motins dentro fábrica era proibido, mas isso não os impediram. O diretor, encurralado, foi obrigado a admoestar o protesto prometendo a liberação dos salários.

Por volta das 4 horas a tabela com o salário de cada fora liberado e de noite receberam.

"Talvez ainda tenha jeito de melhoramos nossas condições" ela pensou ao receber, feliz e esperançosa.