Sufocou-se

Perdi meu guarda-chuva


Ele deu o quinto passo e sentou, fixando seu olhar no céu escuro. Os ponteiros ditavam quatro horas. Eu olhei para ele e por um momento, ele fingiu que eu não existia. Um momento longo que fez as marcas dos granizos pulsarem. Quanto tempo tinha durado? Não sei; o relógio não contou e eu não me importava também. Pelo menos não quando vi seus olhos em mim – especialmente nas marcas.

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O que... aconteceu? Ele sabia a resposta, senão sua voz não estaria tão baixa. Eu perdi meu guarda-chuva... E choveu. Mas, olha, o céu está vazio agora. Não precisa se preocupar. Um riso seco e uma lágrima - ao mesmo tempo. Eu quero me matar por isso... Por tudo! Ele voltou a olhar o céu e eu dei o quinto passo.

Eu não suporto ouvir a minha própria voz. Ou me ver. Não é um desconforto, nem uma questão de aparência, eu só quero ficar longe de mim... E o que eu fiz com você?! Me desculpa... De verdade. Eu assenti com a cabeça, sem lhe falar nada, e ele inclinou-se para ver o mar. O silêncio entre nós era tão reconfortante que eu desejei antepor o relógio no bolso.