Sufocou-se

Trovões


O céu estava nublado e os trovões eram os únicos que me acalmavam. Sem estrelas, sem sol, sem coisas boas. Você consegue sentir o tremor de um grito? Ele olhou para mim. Tentaria me admoestar – como sempre faz? Suspirei e disse-lhe. Eu queria muito não me importar, mas as vozes falam alto demais. As vozes, as estrelas... Girei, olhando o céu. Você. Ele não falava agora. Conseguia me ouvir? Eu estava tornando as coisas excessivamente bonitas? Deveria ser menos dramática talvez? Eu ri... Ah, como eu odeio esse som; como meus pensamentos doem!

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É por isso que você está calado? Porque vai chover? Quando eu era pequena, eu tinha medo da chuva, medo dos relâmpagos, mas eu fechava os olhos. Aí ficava tudo bem... Não obstante, eu também tinha medo dos trovões. Colocava as mãos em meus ouvidos, tentando de toda forma não escutá-los, porque eles pareciam rir de mim e do meu esforço. Claro, não deu certo. Eu ainda conseguia ouvi-los e pior: sentia-os dentro de mim.

Mais um trovão. Fechei os olhos – onde ele estava? Eu ainda sinto o tremor e achava que os outros sentiam também. Que ouviam, aliás. No entanto, eu estava muito enganada. Ninguém ouve.