1860

Capítulo XIX


— Eu aguardarei o tempo que for necessário, Mary. Minha existência, minha perpetuidade pertencem à ti.

Abracei-a uma última vez, depositando um tênue beijo eu teus gélidos lábios.

Nosso primeiro e último beijo.

Encarreguei-me de estruturar uma sepultura digna de uma pessoa com coração tão benevolente, também dediquei meus dias à sepultar os outros moradores que agora poderiam descansar em paz.

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Como Siegfrield fizera questão de admoestar-me, tudo era exacerbado para nós. A mágoa convertia-se em delírio, raiva em fúria. E tudo isto resultava em apenas uma condição: sede por sangue.

O simples devaneio sobre a vítima contorcendo-se em desespero era o suficiente para despertar meus instintos. Aquilo aterrorizava-me.

Comecei a suprir-me com o sangue de animais que encontrara mortos na floresta.

Não era o suficiente.

A dor tornou-se física de modo que meu peito doía constantemente. Cada minuto era carregado de melancolia enquanto eu concentrava-me em perceverar contra minha natureza.

Cada parte de meu corpo suplicava por algo em comum, admoestando-me de que eu encontraria alívio duradouro se permitisse-me entregar à mercê de tais impulsos.

Fiz desta cidade fantasma uma prisão para a aberração que tornei-me, disposto a permanecer alí por toda a eternidade.

Até que Mary retornasse para mim.