O Dia da Caça

Auferir


Era terça-feira; dois dias, seis horas e quarenta e três minutos após ter matado seus pais. Fazia sol (vinte e sete graus) e o céu estava limpo e azulzinho.

Sua imaginação fértil projetava um ceifador entrando pela janela aberta da sala, pronto para auferir sua alma amadurecida. Ele merecia e, francamente, ele desejava.

O peso da máscara estava o incomodando demais nos últimos tempos. Sim, era verdade que matá-los tinha aliviado seu fardo. Mas não o tinha liquidado.

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Contudo, o ceifador não veio. Nem ele, nem a polícia, nem os vizinhos enxeridos. Ninguém viria. Ninguém viria porque todos estavam indo.