O Dia da Caça

Admoestar


Sua casa havia se tornado uma cela; seu bairro havia se tornado uma prisão. Não importava a direção que tomasse as ruas sempre desembocavam em cercas, todas resguardadas por militares armados até os dentes.

O motivo por trás de seu cárcere era ainda mais desagradável do que as cercas: as pastas que havia pegado do chão no dia anterior eram nada menos do que um manual de instruções. Seu conteúdo explicava em detalhes como matar um errante, o termo utilizado pelo exército para apelidar pessoas doentes como a Sra. Gomez.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Ele descobriu que tinha muito em comum com os errantes. Apesar de ter achado que a Sra. Gomez queria comê-lo porque estava com fome, percebeu que estava errado: ela queria matá-lo por prazer; a Sra. Gomez não poderia tê-lo matado por fome porque a Sra. Gomez já estava morta.

Alex e os errantes não tinham necessidade em matar, tampouco tinham motivos. Alex e os errantes apenas queriam matar, ansiavam matar. Precisavam matar.

“Só há um problema, garoto. Essas coisas querem o mesmo que você. Em qual time você vai jogar?”

— O que isso quer dizer? — ele perguntou à voz.

“Apenas quero admoestar meu hospedeiro a tomar decisões sábias.”