Vidas ao Vento

Capítulo 20 — Animal


O escorpião levantou sua cauda, pronto para atacar quem quisesse lhe assustar ou fazer mal. O grupo de garotos andava em volta, cautelosos, com sorrisos medíocres estampados no rosto.

— Não o matem!

Berrou um quinto garoto, que corria exasperado. Seu boné balançava torto na sua cabeça, deixando vários cachinhos serem soltos.

— Larga de ser hipócrita, cara. Vacas e galinhas não são mortas para você se alimentar?

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— Isso é óbvio. — Começou a admoestar. — Quer me chamar de nojento? Pode chamar. E é exatamente isso: eu gosto de comer carne de terceiros e não me arrependo nem um pouquinho. Mas evito matar outros por diversão, seu grande pirralho.

O ar estava tenso. Os xingamentos vieram logo depois, mas o animal não estava com paciência. Na hora em que um avançou, sentiu uma grande dor em seu pé descalço, e gritou para transmitir isso.

Os inspetores vieram ver o que estava ocorrendo, ambulâncias foram chamadas. O local nada menos fora o hospital e a diretoria.

— Viu? — Disse a coordenadora, passando a mão pelos cabelos encaracolados. — Se alguém tivesse matado antes, não teria todo esse problema.

— Pois é. Pena que ainda existe um pouco de compaixão pelos animais e esquecem da própria burrice humana.