Justapor

Tudo estava escuro à minha volta. Eu estava com uma dor de cabeça avassaladora e sequer sabia o que havia acontecido.

Comecei a escutar o barulho da chuva. Subitamente, as memórias dos últimos minutos começaram a invadir minha mente. Eu lembrava de estar no carro com Hinata ao meu lado e, de repente, ver um farol forte vir em nossa direção. O resto não passa de um borrão.

Senti minha cabeça ser colocada sobre algo macio. Só então eu abri os olhos, identificando o rosto de Hinata logo acima de mim. Ela chorava. Tentei dizer a ela para se acalmar, que tudo daria certo no final, mas tudo o que saiu da minha boca foi sangue.

Ainda tive forças suficientes para tocá-la no rosto. Eu sabia que nosso tempo estava se esgotando, então queria poder sentir sua pele macia uma última vez. Hinata segurou fortemente minha mão com as suas, ainda tremendo.

Eu queria me justapor a ela. Sabia que minha consciência estava indo embora aos poucos e não havia nada que eu pudesse fazer.

— Não me deixe. — Consegui ouvi-la dizer.

Eu queria poder ter dito a ela que nunca a deixaria.

Eu queria não ter morrido em seus braços.