Chiaroscuro

Antepor


Hinata tinha o costume de ocupar todos os seus sábados com visitas ao cemitério. Nunca sabia ao certo quanto tempo ficava lá, apenas conversando mentalmente com uma lápide velha.

Num desses sábados nublados, ela notou uma nova presença alguns metros ao seu lado. Um rapaz bonito, de olhos e cabelos negros, também havia passado um bom tempo ali. Ele possuía um semblante vazio, mas Hinata logo conseguiu identificar seu sofrimento.

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Ele apareceu no próximo sábado. E no outro. Sempre em frente ao mesmo túmulo. A partir do momento em que ele chegava, os corvos pareciam criar coragem para descer dos galhos secos das árvores, indo para perto dele.

Hinata arrepiava-se completamente com aquilo. Por outro lado, estava começando a sentir-se atraída pelo rapaz, mesmo desconhecendo os motivos. Ela sabia que nunca deveria antepor seus sentimentos daquela maneira, culpando-se sempre na volta para casa.

Ela passou a esperar os sábados com mais ansiedade do que antes.

Houve um sábado em que ele não apareceu. Ele também não apareceu no próximo, nem no outro.

Hinata percebeu, com desgosto, que não voltaria a ver o rapaz misterioso novamente. Os corvos, porém, permaneciam, observando-a.

Eles sempre estariam ali. E ela não os temia mais.