Agridoce

Reflexo


–Não vá, é perigoso. - as palavras jorraram automaticamente.

O garotinho, antes distraído com sua perseguição, olhou para mim.

Seus olhos castanhos brilhavam com a curiosidade da descoberta de um pequeno amigo. O gato, sua nova companhia, também tinha parado.

Uma pequena pontada de dor surgiu em meu peito.

Ele tinha os mesmos traços que eu, a mesma aparência, mas olhos diferentes, olhos que observavam longe, onde minha visão limitada não poderia alcançar.

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Olhos de um petiz interessado em “banalidades”, como diriam os adultos.

Uma pessoa que não sou e nunca fui.

Meu irmão, meu espelho, minha alma às avessas.

Sempre sendo comparados, e ele sentado a minha sombra, sem preocupar-se com os julgamentos, a pressão nem fazia cosquinhas em seu ego. Era intocável, pois vivia em outro mundo, distante da minha capacidade de compreensão.

Era minha meta secreta, mas não progredia nem um centímetro para frente.

Se tivesse perguntado como, você teria respondido?

O garoto lançou um sorriso terno para mim. Era uma despedida.

Balancei minhas mãos o mais alto que pude.

Obrigado por reacender novamente sua existência dentro de mim, ela se extinguia rapidamente, assim como nosso tempo juntos.

Volte outra vez para construir memorias que nem existiram.