Vinca Rosea

Petunia x Hybrida


Pela primeira vez em toda sua vida, Júlia agradecia por nunca ter se dado ao trabalho de comprar um celular. Avisar que não podia mais atender o telefone de casa já era trabalho suficiente, e no fim do dia já tinha colocado o aparelho no lixo e arrumado a mesa em que ele antes estava, colocando um bloquinho de notas em seu lugar.

Com as mãos na cintura, franzindo o cenho para a pequena reforma de sua sala de estar, quase não percebera a petúnia que a espiava desde a estante de livros que tinha do outro lado do cômodo. Isso até ela resolver se pronunciar.

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– Você está exagerando. Sua imersão no silêncio não vai ser o fim do mundo.

Júlia mordeu o lábio inferior, cruzando os braços lentamente antes de encarar a flor. Deixara de pensar quão ridícula era quando fazia isso há muito tempo.

– Ainda não compreendo como isso vai me ajudar a ser feliz.

– Sua audição nunca teve a ver com sua felicidade. E o trato foi claro, eu te ajudaria no mundo e enquanto pudesse me ouvir, também ouviria aos outros. Você pareceu bem contente na época.

– Eu estava triste e tinha sete anos!

– Idade suficiente.