Vinca Rosea

Papaver Rhoeas


– E como ela recebeu a carta? - Júlia enrolava os dedos no fio do telefone, nervosa.

– Como sempre, confusa quando a entreguei, mas sorriu enquanto lia. - seu irmão, do outro lado da linha, respondia.

– E se lembrou de alguma coisa? - soltou um resmungo ao bater o dedo no canto da mesa.

– Não, ela achou interessante e me perguntou porque dei aquilo pra ela. - Júlia pôde ouvir que ele respirava fundo antes de continuar. - Dessa vez tinha enfiado na cabeça que eu era um dos médicos do hospital.

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Um silêncio tomou conta da linha, mas não era incômodo. Júlia passou os dedos sobre as pétalas da papoula ao lado do telefone, nem mesmo ela parecia querer comentar o óbvio. Daniel foi o primeiro a cortar a tranquilidade do momento, com a voz cautelosa.

– Fiquei sabendo que viu nosso pai.

– Sim, apesar de antepor não tê-lo visto, não foi um encontro feliz.

– Imagino. - ele suspirou.

– Daniel, você ainda lembra da linguagem dos sinais que aprendeu pra falar comigo quando pequena? - Júlia mordeu o lábio inferior.

– Antes daquela sua história da magia ter te curado? Lembro sim, por que pergunta?

– Porque vai ter que usá-la outra vez.