O dia amanheceu azul e sem nuvens. Seria mais um dia tranquilo.

– Mas assim em cima da hora?! – Gritou Raven de seu quarto.

– Raven, isso não é o fim do mundo! – Gritou Diana.

– Mas eu não tenho roupa! Eu não sei o que vestir! Eu não tenho o que vestir!

Jasmine foi até o quarto da garota ver o que se passava. O quarto de Raven tinha um piso de tijolos de cerâmica cor de areia, as paredes eram de um bege escuro. Também tinha uma cama feita de cedro, lençóis de algodão egípcio e dossel, uma cômoda e dois criados mudos feitos de carvalho claro, uma escrivaninha feita de mármore branco e uma cadeira de cerejeira. Dois grandes abanadores egípcios de plumagem azul com fios de ouro estavam cruzados sob um pássaro egípcio na parede acima da cama, uma esfinge estava em um dos criados mudos e uma miniatura de pirâmide em outro juntamente com alguns livros, um tapete persa enfeitava o chão, um espelho dourado jazia em algum canto do quarto e o lustre turco era feito de vidros de cor azul, verde, branco e dourado.

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Jasmine notou várias peças de roupa espalhadas pelo quarto. Raven estava no closet, Diana na porta do closet berrando com a egípcia e Helena estava na porta do quarto.

– O que aconteceu? – Pergunto à morena albina.

– Nossos pais resolveram ligar para avisar que hoje terá uma reunião informal entre egípcios e nórdicos em Valhalla. Nos querem lá por alguns dias.

– Isso é ruim?

– Hei, quer parar de jogar as roupas por aí?!

– Mas eu não tenho nada pra vestir! Nem sei como está o clima!

– Isso não é o fim do mundo!

– É o começo do fim!

– Deixe de ser rainha do drama! Você não precisa ir toda chique para uma reunião informal!

– É uma reunião entre deuses, Diana! Não se vai vestida de qualquer maneira para uma reunião de deuses!

– Mas a gente vai continuar com a nossa agenda também!

– Então preciso levar mais roupas! E não posso me esquecer do meu maiô.

– Maiô?

– Se vamos continuar nossa agenda, Sobek vai arrumar um jeito de me fazer nadar!

– Esqueça o que eu disse. – Disse Jasmine atônita.

– Eu odeio concordar com Raven, mas ela está certa. – Disse Helena. – Vamos ter que arrumar um vestido para você.

– Para mim?

– Claro. Eles querem te conhecer e você não vai jantar na mesa de Odin entre os nórdicos e os egípcios vestida de qualquer maneira.

Por fim, Diana decidiu deixar a egípcia com suas neuroses sobre moda e foi arrumar suas próprias coisas na mochila. Jasmine também foi fazer o mesmo, mas sob orientação de Helena, que pelo que tinha ouvido, teriam que levar roupas de banho.

– Mas eu não sei nadar e não tenho roupa de banho. – Disse Jasmine.

– Isso não é problema.

Helena saiu do quarto, mas quem retornou foi Raven. A egípcia arrastou a grega para fora do acampamento até a cidade.

– Vamos ver... Onde tem uma loja de praia por aqui?

– Não é preciso.

– Claro que é! Acha que os deuses vão te deixar livre só porque é grega?! Precisamos achar um maiô e uma roupa decente para o banquete para você.

– E o seu vestido?

– Já achei um que gostei. Só precisei respirar fundo e olhar tudo com mais calma. Essa notícia me deixou ansiosa e desesperada. Não gosto de avisos em cima da hora.

– Entendi. – Seu estômago roncou.

– Eu nem vi que estava com fome. Tem um café bem ali e vende waffles. Vamos!

Jasmine nem teve tempo de responder, pois foi arrastada por Raven até o café. O café da manhã foi quebrado com waffles com recheio de banana com canela e uma bola de sorvete de baunilha com calda de chocolate e um suco de frutas. Quando terminaram, Raven pagou e as duas foram fazer compras. Demoraram um pouco mais do que deveriam, pois Raven procurava pelos acessórios certos para o vestido de Jasmine e acabou levando alguns para si mesma.

Quando terminaram, voltaram para o acampamento, onde terminaram de arrumar suas mochilas. Só encontraram Diana e Helena no almoço. Depois do almoço retornaram à Embaixada para se arrumarem para ir.

– Nem pensar em ir à Valhalla com a camisa do acampamento. – Disse Raven quando começaram a passar pela porta. – É o mesmo que acabar de acordar e sair para um evento social.

Diana colocou um jeans escuro largo, uma camiseta vermelha, tênis Timberland marrom e um colar de identificação militar. Helena preferiu usar um jeans preto, camiseta branca, colete cinza, uma pulseira preta e branca, um colar de dragão prateado e um chapéu preto com uma listra branca. Já Raven optou por uma saia branca, blusa azul com um cinto fino dourado, sandálias plataforma nude, um colar de coração com asas douradas, sendo a pedra do coração vermelha, rum relógio de algarismos romanos e uma pulseira de madeira. Jasmine preferiu optar por um jeans claro, uma regata lavanda, all star e um colar prateado com pingente de flor.

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– Como vamos à Valhalla? – Perguntou a grega.

– Pela minha Godkey. – Explicou Diana.

– Godkey?

– É uma chave forjada por anões que permite que os semideuses possam ir à casa dos seus pais divinos quando bem entenderem e em qualquer lugar. Depois elas nos trazem de volta à Terra.

– Vocês podem visitar seus pais quando bem entenderem?!

– Godkey serve para isso. Elas também podem ser guardadas nas Chains.

Diana retirou um escudo de âmbar da Chain do tamanho de um pingente e começou a falar algumas coisas na antiga língua germânica. Em um instante ela estava fazendo isso, em outro uma estranha luz apareceu e no outro as quatro estavam em um pomar cheio de maçãs douradas.

– Bem-vindas à Asgard! – Anunciou a ruiva. – Aqui são os pomares dos deuses. Uma maçã por dia é tudo que precisam para ter a imortalidade garantida. Venham, vou guiá-las até Valhalla.

Elas andaram até saírem dos pomares e encontrarem dois palácios. Um era enorme feito de pedra e madeira em estilo viking e o outro era menor feito de torres de pedra branca. Havia uma ponte feita de arco-íris e imensos galhos de árvore também.

– Aquele palácio branco é Folkvangr, o palácio da Freya, a deusa da fertilidade e do amor. Ela é filha do vanir Njord e da Skadi e irmã gêmea do Frey. É ali que ela mora com seu pai e seu irmão. O palácio maior é o do meu pai Odin, onde ele mora com os aesir e seus parentes.

– Vanir? Aesir?

– Somos divididos basicamente em aesir, os deuses da guerra, e vanir, os deuses da fertilidade. – Respondeu Helena. – Minha mãe não é nenhum dos dois.

– E aquela é a Bifrost, ela liga Asgard aos outros mundos. Heimdall a guarda. Os galhos são da Yggdrasil, o eixo do universo. Ela liga os nove mundos da nossa cosmologia. É uma árvore imensa, Asgard está na copa e Niflheim em suas raízes. Depois explicarei tudo, vamos deixar as mochilas primeiro.

O grupo se dirigiu para Valhalla. Diana abriu as pesadas portas como se não fossem tão pesadas assim. Elas andaram pelos salões sendo que a ruiva explicava o que era cada aposento. Pararam na sala do trono, onde encontraram Odin e Frigga.

Odin era robusto de ossos grandes, tinha uma longa barba branca, assim como sua cabeleira. Ninguém sabia onde terminava o cabelo e começava a barba. Ele usava um tapa-olho de ferro negro no olho direito, um elmo com duas asas enormes e uma armadura rústica. Frigga já era mais delicada, tinha o cabelo dourado solto onde uma tiara dourada se fazia presente e belos olhos azuis. Ela usava um vestido azul sobreposto a um vestido branco e uma placa de peito feminina dourada. Era bonita, nem parecia que tinha três filhos.

– Pai! Frigga! – Exclamou ao correr até cada um e abraçá-los. – Onde estão os outros?

– Caçando, roubando comida da cozinha, treinando, brigando, jogando, bebendo, louvando o deus do metal... O de sempre, minha filha.

– Grande Odin. – Disse Helena fazendo uma reverência.

– Helena. Faz algum tempo que não a vejo perambulando por Asgard.

– Os mortos não são uma companhia ruim.

– Ah, eu quase esqueci, essas são Raven, a filha do Grande Rá, e Jasmine, a filha de Gaia. – Apresentou a ruiva.

– É uma honra conhecê-lo. – Raven fez uma reverência e olho para Jasmine de relance para que fizesse o mesmo.

– Ah! – Exclamou a morena nervosa, como não sabia o que dizer, fez a reverência calada, embora fosse desajeitada.

– Perdoe por isso, ela ainda está crua.

– Pelo que eu vejo, há muito trabalho pela frente. – Disse Odin.

– Devem estar cansadas, talvez seja melhor levá-las até seus quartos. – Disse Frigga.

– Seria muita gentileza. – Disse a egípcia.

Frigga levou Raven e Jasmine aos quartos que usariam durante sua estada enquanto Diana e Helena foram aos seus próprios deixarem as mochilas para depois se juntaram às outras. O quarto só tinha uma escrivaninha, uma cama, um armário, uma divisória de madeira, uma banheira e um penico. Para um quarto de hóspedes estava de bom tamanho. Raven não perdeu tempo e começou a pendurar as roupas no armário.

– Frigga, quantos vêm ao banquete? – Perguntou Diana ao se juntar às outras.

– Praticamente todo mundo.

– Nicolas vem?

– Eu não sei. Talvez fosse melhor perguntar ao pai dele.

– Eu vou, mas antes vou ver cadê o povo. Vamos meninas!

– Mas já?! Ainda estou pendurando as roupas que vou usar.

– Depois faz isso, Raven.

– Nem pensar, tenho que fazer isso antes que a mochila amarrote todas as minhas roupas. Linho não se passa sozinho.

– Você trouxe roupas de linho?!

– Entre os egípcios, linho é vida. Meus linhos são feitos da forma antiga e têm a melhor qualidade. Meu pai odiaria que usasse qualquer outro tecido em uma reunião.

– Isso é verdade. – Concordou Frigga. – É normal que os egípcios usem linho até em ocasiões especiais. Por falar em reunião, pendurei o seu vestido no seu armário.

– Que vestido?! Frigga, eu não uso vestido!

– Mas vai usar. Como filha de Odin, não pode aparecer em reuniões vestida de qualquer jeito, ainda mais na frente de outros deuses.

– Mas Frigga...

– Nada de “mas”, Diana. Como filha de Odin, você deve usar o seu machado em batalha e a cortesia nos salões.

– Está bem, eu uso a droga do vestido.

– É só esta noite. Vai poder usar suas roupas normais nos outros banquetes. Não vai doer.

– Só vai acabar com a minha imagem.

Assim que Raven terminou de pendurar suas roupas, Jasmine fez o mesmo para não ter que passar em cima da hora e Helena resolveu aparecer, Diana as levou pelos corredores quando ouviram um som. Andaram um pouco e encontraram um homem. Ele era loiro e barbado de olhos verdes e carregava uma pequena harpa.

– Bragi!

– Fala mana do barulho!

– Meninas, esse é o meu irmão Bragi, o deus da música e da poesia. Bragi, essas são Raven, a filha do grande Rá, e Jasmine, a filha de Gaia. A Helena você já conhece.

– Claro que eu conheço! Invadi Elvidner para tocar Bring me to life enquanto você nascia.

– Minha mãe comentou algo assim.

– Prazer em conhecê-las meninas, mas agora eu tenho que louvar o deus do metal.

– Deus do metal? – Dessa vez a pergunta veio de Raven.

– O deus que deu heavy metal ao mundo e graças a ele podemos desfrutar do bom e velho metal. É preciso sempre haver um show de metal para homenageá-lo e vai ter um do Lordi daqui a pouco. Eu volto pro banquete, meninas.

Bragi sumiu pelos corredores enquanto tocava sua harpa.

– Há um deus do metal? – Perguntou Jasmine.

– Foi Bragi quem inventou e como todo mundo aqui adora um metal, acabaram deixando pra lá. Não que não ouçam outras coisas, mas o mais leve que vão encontrar é Evanescence, Nightwish, Green Day e Linkin Park.

– Vocês nem gostam de um barulho. – Disse a egípcia.

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– Barulho é com a gente mesmo.

Foram a uma das salas onde encontraram Loki jogando cartas com Vali. Vali era enorme, com ossos grandes, robusto e aspecto temível. Tinha cabelos e barba castanhos e olhos azuis. Já Loki era esguio de rosto astuto e sorriso zombeteiro.

Tinha cabelos negros e olhos verdes, mas diferente dos outros deuses não possuía barba. Seu rosto era liso.

– Mas que merda! – Exclamou Vali. – Você está roubando de novo!

– Está me chamando de trapaceiro?

– Loki! Vali! Meu trapaceiro e meu espanta namorados preferidos.

– Lady Di! Que surpresa!

– Não arrumou nenhum namorado, não é?!

– Credo, parece Thor e Vidar. Loki, você sabe que eu não sou uma lady.

– Como não? É filha do nosso pai.

– Você roubou de novo!

– Eu não!

– Vali, você é uma besta! Não sabe que Loki trapaceia até no dominó?!

– Como é que alguém consegue trapacear no dominó?!

– HAHA! Não sabe de nada, Vali Snow. Mas se não é a minha neta! – Helena lançou um olhar gelado a ele. – É a mãe sem a metade cadavérica.

– Eu só vim apresentar a filha de Rá e a de Gaia para vocês

– Uma filha de Rá? A última nos rendeu uma bela guerra. – Disse Loki. – Pelo menos os marombados puderam descarregar nos gregos.

– Do que ele está falando? – Perguntou Jasmine.

– Os deuses gregos não ensinam nada às suas crias? É bom que Hades tenha mais juízo que os irmãos.

– Tem sim. Ele não contou sobre nós para os filhos para não criar dois revoltadinhos. Uma morreu e o outro virou um emo revoltado. Que ironia. Vamos jogar outra partida?

Elas saíram dali, deixando Loki e Vali com seu jogo, e foram para o pátio, onde Thor, Vidar, Meili, Magni, Modi e Tyr treinavam enquanto Balder, Frey e Uller conversavam e assistiam e Höõr batia de cara em uma árvore.

– Pessoal!

– Diana, você voltou! – Gritou Meili erguendo a meia-irmã no ar.

– Pensei que tinham te jogado em um acampamento no cu do mundo. – Disse Modi.

– Que nada.

– Dia está aí? – Perguntou Höõr deixando a árvore e caminhando para perto do grupo, milagrosamente não tropeçando em nada.

– Pessoal, essas são Raven, a filha do grande Rá, e Jasmine, a filha de Gaia. Meninas, esses são meus irmãos Thor... – Apontou para o homem robusto de cabelo e barba loiros e olhos azuis que segurava um martelo. –... Meili, o irmão do Thor... – Meili era parecido com o irmão, mas ao contrário dele, ele era esguio. –... Balder... – Balder também era loiro de olhos azuis, mas ele não tinha nem um físico robusto e nem esquio e sua barba loira era curta. –... Höõr, um dos irmãos de Balder, Hermodr não deve estar aqui. – Apontou para o cego de cabelo castanho claro. – Meu irmão Vidar. – Se Vali tinha aspecto temível, Vidar era duas vezes mais temível. Seu cabelo castanho e sua barba eram mais escuros que os de Vali e seus olhos eram castanhos também. – E Tyr, meu irmão adotivo. – Tyr tinha um peitoral largo, cabelo loiro platinado, olhos azuis quase violeta e não tinha a mão direita.

– Muito prazer. – Disse Raven cortês.

– O prazer todo nosso, senhorita. – Balder retribuiu a cortesia.

– A Diana disse adotivo. Adotivo como? – Perguntou Jasmine.

– É mais inocente que qualquer um da mitologia.

– Não generalize, Vidar. – Repreendeu Balder. – Você não conhece todos.

– Nós nórdicos nos limitamos ao sangue, como os egípcios e os gregos fazem. Nós acolhemos outro no nosso clã, mesmo que não seja parente de ninguém. – Esclareceu Tyr. – Entrei para o clã por minha coragem e heroísmo em batalha. Fui adotado e visto como um igual.

– Entendi. – Os olhos da garota se fixaram no cotoco onde estivera a mão direita, mas Tyr começou a rir.

– Não foi por isso garota. – Mostrou o cotoco. – Isso aqui é outra história.

– E a gente, Dia? – Perguntou Magni.

– Só um instante. Esses são Magni e Modi, filhos do Thor. – Magni era ruivo com olhos azuis, mas não tinha barba e Modi era uma cópia do Conan, o Bárbaro. – Este é Uller, filho da Sif e irmão por afinidade de Magni e Modi. – Uller tinha cabelo castanho solto com duas tranças que caíam por cima dos ombros e uma barba castanha curta, seus olhos eram negros. Ele vestia peles de animais. – E esse é o Frey, filho de Njord. – Frey era loiro de olhos verdes e tinha barba curta, porém espessa. – Ele é um dos vanir que moram em Asgard.

– Muito prazer em conhecê-las. – Disse Frey.

– O prazer é todo meu. – Respondeu Raven.

– Vou deixar vocês se divertindo, tenho mais coisas para mostrar, mais gente para apresentar e mais coisas para fazer.

– Juízo, em menina! – Rugiu Vidar.

Diana levou as meninas do pátio e voltou para os pomares, onde encontraram Idun, uma mulher muito bonita de cabelo loiro claro e olhos azuis trajando um vestido azul claro com bordado de fio de ouro, sobrepondo outro branco, sapato rosa claro, braceletes de ouro brilhante nos braços por cima do vestido e um colar também de ouro brilhante com pedras cor de rosa e lilás. Ela era esposa de Bragi.

– Só mesmo você para nos trazer aos pomares, não nos apresentar à Idun e nos fazer retornar aos pomares para nos apresentá-la. – Disse Helena.

– Eu queria falar primeiro com o meu pai.

– Quer ajuda com as cestas? – Perguntou Jasmine.

– É gentileza sua, mas não precisa. Vou levá-las para dentro e ajudar Frigga e as outras na preparação do banquete. Só espero que Sif tenha feito a contagem de quantos virão para ter cadeiras o suficiente.

– De qualquer forma não seria melhor trazer mais cadeiras? – Perguntou a ruiva. – Para o caso de alguém aparecer de surpresa ou trazer um convidado.

– Eu não tinha pensado nisso. Irei falar com Sif.

Após saírem dos pomares, elas foram para Folkvangr, onde encontraram Freya e seu pai Njord. Freya tinha o cabelo ruivo como sangue, possuía olhos azuis e uma beleza descomunal capaz de deixar qualquer ser com testosterona aos seus pés. Seu vestido laranja tinha um decote generoso e era um pouco transparente, usava botas douradas e adornos de ouro com pedras preciosas. Em seu pescoço estava a joia mais linda que Jasmine já vira na vida, todo trabalhado em ouro e com topázios imperiais que reluziam tanto como chamas quanto como estrelas flamejantes, aquele era o Brisingamen. Njord, seu pai, era robusto com uma gigantesca cabeleira verde em dreads e uma espessa barba verde. Apesar do grotesco tom de verde de seus pelos, Njord tinha olhos azuis.

– Diana? Mas já voltou? – Questionou Njord.

– Só por alguns dias. Vim dar um oi e apresentar minhas companheiras. Raven, a filha do grande Rá, e Jasmine, a filha de Gaia.

– É um prazer conhecê-las. – Disse Freya de forma cortês.

– Igualmente, senhora. – Raven retribuiu a cortesia.

– A filha da Gaia! – Exclamou Njord. – É a cara do avatar da mãe! Digo, da mãe. Aff, Gaia pode mudar a face quando quiser.

– Você conhece a minha mãe?

– E quem não conhece?! Gaia é a personificação da Terra. Ela é uma grande amiga dos vanir.

– Você falou algo sobre um avatar. – Notou Raven. – Ela tem um avatar? Digo, os hindus?

– Claro que tem! Não como os hindus, lógico, mas tem um avatar que vaga por aí e é capaz de reproduzir com um pedaço do útero da própria Gaia.

– Minha mãe pode fazer isso?

– Sua mãe é o seu planeta, a vida dela é a vida de Midgard. Se ela morre, a Terra morre também, mas ela dorme já que acordada causa problemas para os gregos. Então Gaia criou um avatar que a representa e sai por aí, podendo ter filhos do seu próprio sangue. A diferença dela para os hindus é que os avatares dos hindus são independentes deles e o de Gaia não.

– Desculpe, eu não entendi.

– É, vejo que teremos muito trabalho. – Suspirou Freya.

– Muita gente comparecerá ao banquete. – Diana resolveu mudar de assunto. – Nicolas virá também?

– Não, a mãe dele não deixou. Disse que tinha muito trabalho na floricultura.

– Entendi. E Fjölnir?

– Ele virá de Vananheim.

– Isso será ótimo! Bem, vou continuar o tour com as meninas. Tenho que terminar antes do jantar ou Frigga vai me arrastar por toda Asgard pelas orelhas.

Elas se despediram deles e caminharam em direção ao grande tronco de árvore. A árvore era enorme, mesmo parecendo apenas a copa dela, ainda tinham galhos mais altos que atravessavam os céus de Asgard.

– Meninas, esta é a Yggdrasil, a maior árvore do universo e o eixo dele também. Na verdade, Asgard está bem em sua copa, mas há galhos que levam aos níveis superiores. Vamos escalá-los até quase o topo. Quero mostrar uma coisa a vocês.

Sem que fizessem absolutamente nada, um dos grossos galhos se curvou perante elas. Diana ficou boquiaberta, Raven confusa e Helena apenas surpresa. Jasmine se aproximou do galho e o tocou.

– Ela está dizendo para subirmos. Por que todo esse espanto?

– A Yggdrasil não se curva. – Esclareceu Helena. – Nem perante aos deuses e nem perante aos mortais.

– É a primeira vez que ela oferece um galho a alguém. – Disse Diana.

– Jazz, ela está estendendo o galho para você. – Disse Raven alegremente. – Acho que ela sabe quem você é e não representa ameaça.

As quatro subiram no galho, que as levou quase ao topo. Podiam ver Asgard e os planetas, assim como cada mundo preso em seus galhos.

– Nossa, aqui é bem alto. – Disse Raven. – Aqueles são os nove mundos?

– Sim. – Respondeu a ruiva. – Os nove estão presos na Yggdrasil. No tronco fica Midgard, ou como conhecemos, a Terra. Ali é Vanaheim, o mundo dos vanir. É de lá que vem Njord e mora o seu neto Fjölnir. Ali é Ljusalfheim, o reino dos elfos da luz e Svartalfheim, o reino dos elfos escuros.

– Logo adiante é Muspelheim, o mundo dos gigantes de fogo, Jotunheim, o mundo dos gigantes de gelo, Helheim, o mundo dos mortos e logo abaixo Niflheim, o mundo da névoa e do gelo eterno. Ambos os últimos governados por Hel, minha mãe.

– E sua importância não para por aí. Suas folhas podem trazer qualquer pessoa de volta a vida e seus frutos curam qualquer doença. Também há frutas em que estão as respostas das grandes perguntas da humanidade, mas essas estão guardadas por uma centúria de valquírias e só os deuses podem visitá-las.

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– É incrível! – Exclamou Raven. – Aquelas são as runas?

– Onde? Não estou vendo. – Disse Jasmine.

– Raven só consegue vê-las porque é filha de Rá. Sua visão pode ser ampliada como a de um falcão. Meu pai teve que arrancar um dos olhos e se pendurar como um enforcado para vê-las.

– Nossa!

– Vamos descendo? Precisamos ir a Nidavellir ver os anões antes do jantar.

– Tem que ser antes mesmo. Meu pai já deve estar chegando com a comitiva.

– Yggdrasil, árvore e eixo do universo, poderia nos descer, por favor?

A árvore acatou ao pedido da filha de Gaia e o galho que as tinha feito subir, as desceu. Diana usou sua Godkey para retornarem a Midgard, porém desta vez pararam na entrada de uma caverna.

– Esta é a entrada de Nidavellir, o reino subterrâneo dos anões. Precisamos descer vários níveis até lá.

Antes que começassem a andar, um galho caiu com violência no chão perto de Jasmine. Parecia ser um galho de árvore normal, mas estava inteiramente nu e sem ramos. Novamente houve espanto coletivo.

– Mas o que?!

– A Yggdrasil te presenteou com o menor dos ramos. – Disse a ruiva.

– Se esse é o menor ramo, não quero imaginar o maior. – Disse a egípcia.

– Isso é ruim?

–Isso é uma honra que ninguém teve. Nunca na história. Vamos levá-lo conosco. Ela quer que seu cajado seja feito com o seu menor ramo. Helena.

– Eu sei. Deem as mãos. Não quero que ninguém se perca.

As garotas deram as mãos e Helena as guiou pela escuridão da caverna, sendo que Diana foi a última para carregar o ramo. Andaram às escuras até que a escuridão virasse luz de lava e tochas, os barulhos das forjas ecoaram pelo lugar e casas esculpidas em metais e rochas surgiam conforme avançavam. As nórdicas as levaram até uma das forjas onde se encontravam dois anões.

– Eitri, Brokk! É bom finalmente conhecê-los.

– Você seria Diana, a primeira filha de Odin. – Disse o anão calvo e grisalho.

– Mas e as valquírias? – Perguntou a egípcia.

– Não são do sangue de Odin e sim moças escolhidas para serem suas servas sob as ordens de Freya.

– O que são valquírias?

– Perdoem-na, ela é grega.

– E você seria? – Perguntou o anão castanho e cabeludo.

– Raven, filha de Rá, o grande faraó.

– Prazer em conhecê-la, senhorita. Seu pai encomendou seu Godphone e sua Godkey conosco.

– O que as traz a nossa humilde forja? – Perguntou o calvo grisalho.

– É o seguinte, Brokk... – Começou a filha de Odin. – Precisamos de um cajado feito com esse ramo aqui. – Ela depositou o ramo na mesa. – E de uma adaga também. É sempre bom ter uma por perto.

– Certamente.

– Meus olhos me enganam?! Este galho... Ele é...

– O menor ramo da Yggdrasil. Quando ficará tudo pronto? Temos um compromisso depois.

– Logo, senhora. Não demorará para transformar esse ramo em um cajado, espero eu. Enquanto isso, há algumas adagas no arsenal. Por que não escolhem algumas?

– A propósito, como vai querer o cajado, senhorita?

– Não é para mim. É para ela. – Diana deu uma palmada nas costas de Jasmine para que se mostrasse à frente, porém a castanha quase caiu na frente dos anões. – É justo que ela escolha.

– E-Eu?

– Não, minha avó Bestla. Claro que é você. Façam-na escolher, rapazes. Nós já voltamos.

Enquanto as três estrangeiras adentraram no arsenal em busca de adagas, Jasmine ficou com os anões para personalizar sue cajado, embora não soubesse direito o que estava fazendo. Quando as três retornaram, traziam consigo uma adaga de ouro incrustada de joias, uma adaga de platina cujo brilho era cruel e uma adaga de bronze. A castanha escolheu a de bronze.

– É uma ótima escolha. – Disse Raven. – Combina com você.

As três foram devolver as outras duas adagas enquanto Jasmine se via novamente sozinha. Não demorou a retornarem, porém o mesmo não foi dito do cajado. Quando os anões terminaram, o cajado era grosso e ia afinando conforme se estendia à base, não havia nada entalhado na madeira, o único entalhamento era a parte moldada para segurar uma grande pedra turquesa manchada de verde, ouro e cobre.

– A Pedra de Eilat. – Disse Brokk. – A combinação perfeita da turquesa, da azurita e da malaquita e variante da crisocola. É uma ótima escolha.

– É a pedra ótima em termos espirituais. – Comentou Eitri. – E foi a única que o ramo aceitou.

Jasmine guardou a adaga e o cajado na Chain. As meninas agradeceram, Diana pagou com o Godcard do pai, que o mantinha em segredo desde a manhã e novamente a ruiva utilizou a Godkey para retornarem a Valhalla. Estava escurecendo.

– Essa não! – Exclamou Raven. – O banquete é daqui a pouco! Meu pai vai me matar!

– Frigga vai me matar que eu não for me vestir agora!

As meninas correram para o palácio, entrando pelos fundos e se esgueirando até seus quartos para tomar um bom banho e se arrumarem.