— Mãe? Podemos conversar?

— Claro que sim. Sente-se — Bruno se sentou.

Depois de uma introdução longa, finalmente anunciou:

Eu sou gay.

— O que? Como assim, você está louco, Bruno?

— Não, só não me interesso por mulheres.

— Como assim não se interessa por mulheres? Sabe que você vai para o inferno quando morrer, não é? Você pode pegar AIDS! Vai andar com esses caras que usam heroína? O que todos irão pensar de mim? Seu pai vai ficar louco, você não tem direito de nos denegrir assim. Deveria ter vergonha!

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— De você eu não sei, mãe. Mas achei que deveria te contar.

— Não quero ser mãe de um filho gay.

— Não será por muito tempo — disse, pronto para sair, uma lágrima escorreu.

— Se quiser sair, saia. Mas não volte com nenhum bichinha para cá — usou um falso donaire. Autoritária, hipócrita.

Bruno sabia disso, há muito tempo. Foi expulso de casa para resolver passar seus últimos dias com o amor de sua vida, José, um atuante vigoroso da área de saúde.

Bruno morreu sete meses depois, câncer.

Ainda bem que ela conseguiu realizar o que queria, pois ele não.

Ele nunca irá saber.

Agora sua mãe não era mãe de um filho gay.