Looking For My Guitar

Na biblioteca


Duas horas da tarde, os três encontravam-se na mesa. Tré estava com um caderno e um lápis na mão.

— Vamos lá, faremos um retrato falado desse maluco — afirmou o baterista.

— Você sabe desenhar por acaso? — caçoou Mike.

— Fica quieto, só observa o detetive em ação.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Me poupe, cara. — Mike levou as mãos ao rosto.

— Não precisa desenhar, só anota o que a gente sabe. — disse Billie. — Vamos lá, começando pelo Mike. O que você sabe dele?

— Que o nome dele é James, foi até eu que descobri isso. E... — Mike parou de falar.

— E? — perguntou Tré.

— Ele tem uma bicicleta verde — concluiu Mike.

— Oh cabeção, é para fazer o retrato falado dele, não das coisas dele! — Tré amassou um papel e jogou em cima de Mike.

— Mas anota aí também Tré, é importante saber até a cor da bicicleta dele.

— Está bem, está bem. — Tré anotou o detalhe.

— Mais alguma coisa, Mike? — perguntou Billie.

— Não, só isso.

— Tré?

— O que eu sei é que ele é um garoto adolescente que comprou a fita de cetim na floricultura e que esbarrou nas minhas costas no parque, tem a estatura média, cabelos castanhos... acho que só isso. — Tré escrevia tudo o que falara no caderno. — Agora você, Billie. O que tem a dizer?

— Você é observador, hein! Até agora eu sei tudo o que vocês disseram... e que ele devolveu a minha palheta, agora só falta a guitarra.

— Só falta ela né, falta quase nada... Billie, acorda! — exclamou Mike.

— Desculpa Mike, eu só estou cansado de tudo isso. Acho que eu...

— Desisto? Ah não, Billie... — Mike ia começar um sermão quando foi interrompido por Billie.

— Calma cara, eu só ia dizer “acho que eu vou pegar um copo de água”.

— Eu vou jogar um copo de água é na sua cara! — Mike jogou uma bolinha de papel em cima de Billie.

— Mike, Billie, vamos continuar com as anotações do caso James.

— Tré, para com isso cara, você não é detetive. Para que está feio — Mike começou a rir.

— Feio está para você, todo dramático achando que o Billie ia desistir!

— Tré, Mike, chega de jogar conversa fora. Lembrem-se de que ainda temos que ir na biblioteca.

— Mas o que vamos fazer lá? — perguntou Tré.

— Boa pergunta, no bilhete só disse para a gente ir para lá. A gente se vira quando chegar.

[...]

Entrando na biblioteca, eles deram de cara com uma pessoa, que deduziram ser o bibliotecário. Um menino adolescente, de cabelos castanhos, mascando chiclete e limpando o balcão. Passando discretamente por ali, sem o garoto notar, resolveram se sentar em uma mesa nos fundos da biblioteca.

— Tré, eu me lembro que antes de sairmos de casa, você disse alguns detalhes físicos dele. Você acha que seria capaz de reconhecê-lo se o visse na sua frente de novo? — sussurrou Billie.

— Eu não sei Billie. — respondeu Tré sussurrando. — Já sei, você deve estar sugerindo que podia ser aquele bibliotecário.

— Exato.

— Mas seria muito sem noção ele mandar a gente vir aqui onde ele trabalha, que no caso seria esse bibliotecário — disse Mike um pouco alto.

— Não esqueçam de falar baixo, estamos em uma biblioteca. E aliás, também estamos discutindo algo um tanto confidencial — afirmou Billie.

— Verdade, desculpe. — Mike levantou da cadeira. — Vamos pegar um livro para disfarçar.

Os três se levantaram e pegaram um livro qualquer, depois voltaram para a mesa.

— Então, continuando. Sobre o que você disse Mike, não faz sentido mesmo, ou talvez possa fazer. Temos a possibilidade dele querer falar com a gente pessoalmente. — Billie folheou o livro.

— Pois é, cara. Mas eu tenho uma ideia, o Tré vai na recepção, pergunta sobre qualquer livro e olha no crachá dele. Ou então vai lá de cara mesmo e aborda, perguntando se ele é o James, ou Jimmy.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Ei! Por que tem que ser eu? — afirmou Tré, com o dedo apontado para ele mesmo.

— Cara, agora não complica. Vai ser você e pronto acabou — respondeu Mike observando o Tré cruzando os braços se sentindo injustiçado, parecendo uma criança.

— A ideia é boa Mike, mas eu acho que se formos lá logo de cara, não vai dar certo. É melhor chamarmos alguém daqui da biblioteca para ir lá fazer umas perguntas como quem não quer nada — sugeriu Billie.

— Mas Billie, esse garoto é esperto. Ele vai sacar que estamos por trás disso. É melhor a gente ir mesmo, não somos que nem ele, ficar se escondendo atrás de bilhetes ou de pessoas. Deixa eu ir lá logo, vai. — respondeu Tré um pouco indignado, levantando-se da cadeira.

— Não, fica aí Tré. Eu irei! — Decidido, Billie se levantou.

— É isso aí hein, Billie! — exclamou Tré batendo palmas.

— Gostei de ver! — exclamou Mike batendo palmas também.

Quando Billie ia se retirar, ecoou-se um barulho ali perto, de livros caindo no chão, fazendo os três tomarem um susto.

— Mano, que susto! — resmungou Tré.

— Gente, isso não foi nada. Vai lá logo, Billie — comentou Mike.

— Ok, fiquem aí. E fiquem atentos ao redor de vocês. — disse o vocalista saindo dali de perto.

Mike e Tré ficaram roendo as unhas de tanta ansiedade. Contavam os minutos a cada instante, a espera de novas pistas.

Chegando na recepção, Billie avistou um rapaz mais velho do que aquele garoto que tinham visto quando chegaram, com a sua atenção voltada para o computador. Ele aparentava ter uns vinte e cinco anos.

— Esse moço não é ele, certeza — pensou consigo mesmo, resolvendo se aproximar mesmo assim.

— Com licença. — Billie observou o crachá do rapaz, cujo nome era Brian.

— Olá, boa tarde! — o rapaz saudou simpaticamente.

— Boa tarde — respondeu. — Brian, você pode me dizer onde está o outro bibliotecário?

— Ah, você deve estar falando do Daniel. Ele está em horário de almoço... Mas sou eu o bibliotecário oficial. — Brian explicou. Eu posso te ajudar em alguma coisa, ou é só com ele mesmo?

Billie Joe ficou um pouco quieto, sem saber o que responder.

— Não, obrigado. Quando ele voltar do almoço, eu falo com ele, pois ficarei um bom tempo aqui.

— Tudo bem então, fique a vontade. Se você quiser que eu te avise quando ele chegar.

— Por favor.

Billie Joe voltou para a mesa onde Mike e Tré estavam, bastante pensativo.

— E aí? — perguntou Tré.

— Foi tão rápido, espero que tenha descoberto algo. — afirmou Mike.

Billie Joe não disse nada, pois parecia que não estava ali.

— Acorda, Billie! — Mike e Tré disseram ao mesmo tempo.

— Desculpe! Eu... não descobri nada. A princípio parece que não, mas tem algo estranho nessa história.

— Eita! Conte-nos! — exclamou Mike.

Billie Joe começou a contar o que tinha acontecido para os dois, deixando-os bem pensativos e atentos também.