Ponto de Impacto
Conversa de mãe e filha...
Bianca e Juju passaram o domingo juntas planejando detalhes da festa da menina que seria em duas semanas.
—Mãe você acha que o vovô não vai deixar eu ter um cachorrinho mesmo?
Bianca analisou o rosto tranquilo da menina, não tinham mais falado sobre a festa de pijama, pesadelo ou Marcelo.
—Filha, o vovô é alérgico a animais de pelo e por mais que o cachorrinho fique na nossa casa, ele sempre vai lá, a gente tem que entender isso... Eu também gostaria de te dar esse presente, mas seu avô capaz de nunca mais falar comigo.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!—Que ruim isso... – a menina disse aborrecida.
—Quem sabe um outro bichinho? Você pode pedir uma companheira para o Tedy? Que tal?
—Ai mãe, mas peixe é sem graça, fica para lá e para cá só fazendo assim... – a menina imitou um peixe com a boca fazendo Bianca gargalhar.
—Você tem razão... –disse ainda rindo. – Vem cá minha peixinha!
Agarrou a menina enchendo de beijos e ela ria sem parar.
—Agora vamos fazer a lista de convidados mãe! – ela disse ainda rindo quando Bianca a soltou.
—Meu Deus, lista de convidados claro, claro!
—Primeiro lugar a vovó e o vovô... Depois a vó Lica e o vô Dudu... A tia Lúcia aquela que é prima do papai né?
—Sim... Da família mesmo são só esses querida, ah tem o tio Otávio e o tio Marcelo.
—Hum, mas eles não são da família né?
—Não... Mas o tio Otávio é o melhor amigo do vovô e é como se fosse da família...
—Mas o tio Marcelo não...
—Filha, porque fala assim? Poxa eu fico tão triste por ver que você não é legal como ele, já te disse isso né? E você é uma menina tão bacana, mas está mostrando outra coisa...
—Não mãe, não fica triste, vou convidar o Marcelo...
—Não é só o convite filha, quero que seja amiga dele.
—Porque quer que eu seja amiga dele? – perguntou desconfiada.
Bianca respirou fundo e decidiu que aquele era o momento certo para contar sobre seu namoro para a menina, a mãe tinha razão precisava haver sinceridade entre elas.
—Sabe Juju, vem cá... – Pegou a menina e colocou sentada bem na sua frente. –Vou te contar uma coisa muito importante.
—Uma história?
—Não é bem uma história, mas não deixa de ser também...
—Não entendi nada mãe.
—Calma curiosinha, vou te contar... Sabe que eu fui para paris no lugar do vovô não sabe? E no começo e fiquei bem triste pois iria ficar longe de você e dos meus pais, e também porque eu e o Marcelo não éramos amigos... Mas ai quando os dias foram passando e passando eu vi que ele não era tão chato, assim como parecia...
Bianca respirou fundo ao mesmo tempo em que prestava atenção se a menina estava entendendo o que falava.
-Bom... Como ficamos amigos, a gente começou a conversar mais e se conhecer melhor... Meu amor você lembra que a mamãe saiu no ano passado com um rapaz lá da empresa, e o vovô disse que eu precisava de um namorado?
—Lembro mais ou menos...
—Então, não deu muito certo com aquele rapaz, mas eu e o tio Marcelo deu certo sabia? Ele é um cara legal, ele me faz bem... Ele quer conhecer melhor você, ser seu amigo...
—Ele vai ser seu namorado?
—Quando a gente chegou aqui no Brasil, aquele dia ele pediu para ser meu namorado.
—E você disse o que mãe?
—O que você acha que eu deveria ter dito?
—Que não, porque você já tem o papai! E ele era teu namorado e meu pai também.
Bianca ficou pensativa sobre a reposta da menina.
—Você tem razão ele era meu namorado e marido, e sempre vai ser seu pai, mas ele não está mais aqui com a gente, só nos nossos corações...
—Mas se você namorar o tio Marcelo onde o papai vai ficar?
—Ora, vai continuar no meu coração...
—Como o papai e o tio Marcelo vão ficar juntos? – falou duvidando.
—Meu amor, o papai é uma lembrança boa que ficou comigo de tudo que eu vivi com ele e que eu sempre te conto, só que a mamãe às vezes se sente sozinha, e quando eu estou com o tio Marcelo eu não me sinto assim...
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—Eu sei, e de filha nunca me sinto sozinha, só de namorado...
—Você disse sim?
—Disse meu anjinho, o tio Marcelo é meu namorado...
—A vovó e o vovô já sabem?
—Só a vovó e você que são minhas melhores amigas.
A menina sorriu gostava quando a mãe colocava ela e a avó com a mesma importância para ela.
—Mãe, mas eu não quero que ele venha morar aqui, e nem quero ser filha dele, nunca!
—Ele não vai vir morar aqui, pelo menos não agora, mas ele vai começar a frequentar mais nossa casa, e lógico que ele não vai ser seu pai, você só tem um, só que ele está no céu, mas o Marcelo pode ser seu amigo, te ajudar da mesma forma que o papai faria se tivesse aqui.
—Acho que não vou precisar da ajuda dele...
—Filha, não faz assim... Eu quero tanto que vocês se deem bem, e o Marcelo também, só falta você... Nada vai mudar entre nós duas, eu prometo...
—Tudo bem... – a menina disse triste e resignada.
—Tudo bem mesmo? Pode falar para a mamãe como está se sentindo com isso que te contei.
—Eu não sei...
—Certo, quando você souber me fala... Tá bom?
—Tá...
—Então me dá um abraço bem apertadinho! – a menina foi para os braços da mãe carinhosa e ficou quietinha sentindo aquele amor.
—__________
Depois que Bianca contou para Juju sobre seu namoro com Marcelo, as coisas pareceram ficar tranquilas, mãe e filha seguiam a rotina normal e no trabalho as coisas ficaram tensas por conta da eminente falência da empresa. Marcelo e Bianca embora dividindo a mesma sala e algumas vezes dividindo o sofá na tentativa de diminuir a saudade tinham agendas muito diferentes, Marcelo ia com o pai atrás de recursos e Bianca com o seu na tentativa de conseguir qualquer coisa.
Na quinta-feira entre uma reunião e outra conseguiram se encontrar no final da tarde.
—Até que enfim! – Marcelo puxou ela para o colo dele, acomodados no sofá no escritório dos dois.
—Nem me fale... – ela disse enrolada nele e brincando com algumas mexas do cabelo do rapaz. – Como foi na reunião no banco?
—Conseguimos adiar mais um mês o embargo da empresa... – Marcelo deu um longo suspiro. – Meu pai está inconsolável.
—E o meu então? Me sinto culpada...
—Culpada?
—Sim aquela história toda com Iam, podia ser diferente...
—Não nem lembra disso, ele não deu o dinheiro porque é um babaca.
—Babaca ou não é rico, e ele era nossa salvação.
—Não vamos usar o pouco tempo que temos para falar dele né?
—Verdade... Preparado para o jantar na casa da mamãe amanhã?
—Iiiii! – ele escondeu a cabeça na nuca dela. – Estou morrendo de medo!
—Seu bobo! Já contei para o papai e para Juju, agora precisamos reunir as famílias.
—É isso que tenho medo!
—Estou feliz, a Juju tem reagido muito bem, embora nunca fale nada sobre você, está menos grudenta...
—Nesse jantar você vai ver, vamos nos dar bem!
—Assim eu espero! – Bianca sorriu e o beijou.
—Hummm, que saudade desse beijo!
—É... Tenho outros guardados aqui.
—Que delícia!
Os dois se beijaram com carinho dando espaço para carícias mais ousadas.
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