A Seleção de Arendelle

What's In The Letter?


No capítulo anterior:

O frio atingiu o Sr. Frost. E tudo ficou girando e girando e girando. Ele não sabe mais nem mesmo quem é, e muito menos do que é capaz de fazer.

Segredos estão sendo revelados pouco a pouco, e Lia é grande parte disso, pois conseguiu achar a carta de Finch.

Mas quem é Finch, realmente?

***

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Pov Lia.

Ando apressada pelo corredor, a maioria das velas apagadas. As cortinas todas fechadas.

Os meus passos apressados são o único barulho no meio da noite.

Até que algo bate contra meu peito, fazendo-me desequilibrar e quase xingar o planeta inteiro.

—Lia? – Astrid encara-me com seus grandes olhos, há seriedade e curiosidade neles. Sua aparência de doente sumiu. E a carta de Finch descansa no chão aos seus pés.

Ela se abaixa e pega-a.

Seu olhar viaja de mim para a carta, e tento agarrar o papel para tirá-lo de sua mão, mas ela desvencilha-se de todas as minhas tentativas.

—É para a Princesa, Astrid. – Explico, ainda tentando desesperadamente pegar a carta e ainda falhando miseravelmente.

Ela começa a abrir a carta, de costas para mim.

—Você me conhece melhor que ninguém, Lia. Eu sou curiosa.

Paro de tentar pegar a carta e só deixo que ela leia em paz. Eu não sei o que há na carta, e, sinceramente, nem quero saber.

Acho que por isso a princesa Anna me escolheu, ao invés de escolher Astrid.

Isso e o fato de eu saber absolutamente tudo sobre a família real. Todos os segredos, as mentiras, os pecados.

Eu ficava quietinha ouvindo, ser aparentemente insignificante para o Rei e a melhor amiga da Anna enquanto Elsa se trancava no quarto, tem lá as suas qualidades.

Eu gostava mais da minha Rainha que do Rei. Mas, infelizmente, a morte não escolhe justamente.

—O Finch. Aquele de quem você havia me falado... – Ela vira-se para mim, em seu rosto há uma expressão de pavor. Uma expressão que faz meu coração saltar. – Ninguém da Realeza jamais pode ler essa carta.

—Por que? O que diz nela?

—Você ainda não leu. – Não é uma pergunta, é uma afirmação. Uma constatação do que eu estava perdendo.

Ela me passa a carta.

—Para qual princesa você estava indo entregar?

—Anna. – Respondo.

Ela balança a cabeça.

—Isso não pertence a ela.

—E seria para quem?

—É uma carta para Elsa, Lia. – Responde, suavemente. – Não para Anna, nem para o Jack. É uma carta exclusivamente feita para Elsa.

Abro-a, porque minha curiosidade não me deixa em paz. Meus olhos começam a percorrer a página em uma velocidade surpreendente, engolindo em seco todas as sentenças. Todas as verdades expostas ali, para serem lidas abertamente.

Qualquer leigo que pegasse a carta conseguiria juntar as pecinhas.

—Lia?

Eu fico paralisada, a carta em mãos, me dando conta de algo que talvez ela não tenha se dado conta.

—Tem mais, A.

—O que?

—Tem mais de onde veio essa, eu tenho certeza.

—Por que diz isso?

Sinto meu corpo inteiro estremecer, posso imaginar Finch escrevendo à meia-luz, mesmo nunca tendo o visto.

—Eu estou aqui desde os dez anos. Eu vi o ataque acontecer. Fui eu quem achou o corpo da Rainha. – Aquela noite foi a pior noite da minha vida, posso lembrar dela caída como se tivesse sido ontem. – Finch morreu com quantos anos? Foi antes ou depois do ataque? Porque essa carta mostra claramente que foi feita antes da Rainha morrer. Ele deve ter escrito mais cartas que pretendia entregar para Elsa, mas não conseguiu.

Seus olhos arregalam-se.

—Você acha que ele escreveu uma espécie de diário, Lia?

—Tipo isso. – Afirmo. – E acho que escreveu bem mais cartas depois dessa e não parou até o seu último suspiro. Perceba que ela parece ter sido rasgada de um caderno.

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Mostro-a para Astrid, que toca a superfície áspera com as pontas dos dedos.

—Essa foi a única encontrada.

—Foi a única que ele permitiu que encontrassem.

—Você acha que ele sabia que ia morrer? Precisamos perguntar a Jack como ele morreu.

—Não. Ele vai perceber que há algo de errado. E sobre ele saber que ia morrer... dá para notar que não sabia, ele queria rever Elsa, depois de todos esses anos. Queria se explicar.

Começo a rever todo o decorrer do meu dia, andando de um lado para o outro, impaciente.

—Eu ouvi Anna falando algo sobre não ter sido suicídio com o Rei hoje de manhã, mas quase não ouvi nada. – Começo, explicando e lembrando. – Falaram pouco e muito baixo, e logo depois Elsa dobrou a esquina do quarto, com os olhos um pouco atordoados. Será que ela escutou?

—Eu não sei, Lia. Eu não entregaria essa carta a Anna, então. Tampouco a Elsa.

—E o que sugere?

—Jack. Devolva para ele. Ele saberá o que fazer e eu e você estaremos fora dessa, como se nunca tivéssemos visto essa carta. É a melhor opção. Já não basta tudo que vem acontecendo com a gente, estamos envolvidas demais.

—Não posso fazer isso, prometi que voltaria com a carta. Ela sabia que Jack sairia hoje à noite com Elsa. Tenho que entregar.

—Anna te adora, Lia. Desde pequena. Ela acreditará em você se disser que não achou o papel.

Dou um suspiro entrecortado.

—Eu não sei mentir para ela.

—Mas pelo jeito ela sabe mentir para você. – Rebate, e sinto a verdade percorrer minhas veias. – É questão de tempo até que Jack descubra, ou Elsa. Coloque de volta no lugar onde achou. Jack ainda não leu a carta, e nem deverá ler até o baile passar.

—Alguém matou Finch para que ele não entregasse essa carta, Astrid. É grave assim, Anna precisa saber sobre o pai.

—Você acha que ela não sabe de nada? – Pergunta, e eu fico apreensiva. Ela contorce o canto da boca, em negação. – Jack era o melhor amigo do Finch, ele merece ter essa carta. Elsa não pode saber o que está escrito aqui, ela fugiria.

—Eu sei que ela fugiria. Céus, por que tudo recai sobre nós? Tudo que é errado consegue nos atingir.

—Pois é. – Começa a pensar. As peças tentando se encaixar como um quebra-cabeças defeituoso. – E esses tais poderes...

—O Rei te mataria se soubesse que você sabe. – Quase grito, controlando minha voz logo em seguida. – Fique calada quanto a isso, e eu lhe explicarei tudo.

—Tudo bem. – Ela responde, tirando a franja da testa e colocando-a atrás da orelha.

—E estamos deixando algo importante de lado... esse problema de memória do Finch...

—Bom, eu não sei. – Astrid corta-me. – Pelo visto ninguém sabe. A noite está indo embora, e logo ele voltará para o quarto e verá que alguém pegou a carta. Você tem cinco minutos para decidir, e eu não posso decidir por você, no final das contas.

O tempo parece tiquetaquear mais rápido conforme a noite parece morrer no carpete. Sua voz se faz audível quando já estou pensando em simplesmente correr.

—Acabou o tempo, Lia. Com quem ficará a carta?

***