Acordei assustada com o alarme e, ao me levantar, vi um objeto que não tinha me chamado atenção até o momento. Me aproximei da janela e retirei de lá uma espécie de filtro dos sonhos, mas ele era diferente, parecia quase... mágico. Segurei-o nas mãos e fiquei observando-o. Depois de um tempo comecei a me sentir tonta e desmaiei.

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“Ryan estava observando um quadro, parecia uma de minhas pinturas, e ficou pensativo por uns momentos. Uma presença atrás dele lhe chamou a atenção e ele se virou rapidamente para ver de quem se tratava: Faith. Ela começou a conversar com ele algo que eu não compreendi direito”.

Levantei-me em um salto e encarei o filtro dos sonhos: era ele que estava me impedindo de ter sonhos! Mas o que Faith tinha para falar com Ryan? Por que ele estava olhando um de meus quadros? Decidi espantar esses pensamentos da minha mente e me concentrar no que tinha que fazer. Tomei um banho rápido e coloquei a primeira roupa que vi: um vestido curto e florido junto com uma sapatilha preta. Pus meus fones de ouvido e caminhei em direção à biblioteca. Na metade do caminho me lembrei que não havia pego o meu notebook antes de sair de casa e comecei o caminho de volta à minha casa. Andava distraída e logo esbarrei em alguém. Olhei para cima e vi Anne.

– Sophie! Terminou sua aula mais cedo? – perguntou, espantada ao me ver.

– Na verdade eu não tenho aula hoje pela manhã, mas eu esqueci meu notebook em casa e estou indo buscá-lo – expliquei.

– Pesquisa na biblioteca? – perguntou ela. Assenti – nunca lhe vi fazendo trabalho escrito!

– Isso porque a maioria dos professores é legal e só passa trabalhos práticos – suspirei – diferente da chata da professora Martinez que me passou um artigo pra fazer por ter chegado alguns minutos atrasada na aula dela.

Ela riu e falou:

– Se você acha que fazer um artigo é ruim que bom que você não fez medicina – e continuou a rir descontroladamente.

– Isso eu deixo pra você, eu gosto mais de passar horas fazendo alguma pintura.

– Definitivamente nós somos muito diferentes, mas eu acho melhor eu ir, já está na hora da minha aula.

– Ok, até mais.

– Até.

Finalmente cheguei em casa e logo peguei o notebook, pronta pra sair. Ao sair, porém, parecia que alguém me observava, mas ao olhar não vi ninguém. Resolvi esquecer o que ocorreu e logo fui em direção à biblioteca novamente. Chegando lá, fui para a seção de história e peguei vários livros para começar a minha pesquisa.

Depois de horas procurando e escrevendo o meu artigo, finalmente cheguei a 15 páginas escritas, não fazendo ideia do que faria para preencher as 5 restantes. Resolvi vaguear pela biblioteca em busca de algum tema para as páginas restantes e logo me vi no corredor de história sobrenatural (algumas pessoas fizeram um abaixo-assinado a favor da compra daqueles livros, mas o que eles faziam numa biblioteca de faculdade é um mistério para mim). Me deixei levar pela curiosidade e achei rapidamente livros sobre anjos, dentre os quais um, intitulado: “a hierarquia celestial” me chamou a atenção. Retirei-o da prateleira e folheei-o até a mais alta ordem hierárquica: arcanjos.

Em nenhum momento em minha conversa com Faith ela havia falado este nome, mas, ao ler a descrição simplificada, vi que Ryan se tratava de um líder entre os arcanjos, afinal, era o responsável por guiá-los. Me perdi na leitura (interessantíssima) sobre os anjos e suas características e quase não percebi que minha aula já iria se iniciar. Peguei meu notebook e saí correndo em direção à minha sala, conseguindo chegar antes do professor na sala.

Durante a aula, sem notar, comecei a desenhar anjos aleatórios no meu caderno e a enumerar tudo o que já sabia sobre Ryan:

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Ele é um anjo

Ele é o responsável por controlar os Caídos

Ele se cura rápido

Ele é lindo

Ele me salvou

Ele falou de mim para os outros

Eu quero vê-lo de novo

Ao ver a lista me deparei com dois fatos que definitivamente não deveriam estar ali e rapidamente os risquei. Depois de observar a lista por alguns minutos, suspirei e arranquei a folha, amassando-a e deixando-a no canto da mesa. Cindy rapidamente a pegou e me perguntou, sussurrando:

– Você está fazendo algum projeto para algum professor? – perguntou confusa.

– Não, e-eu tive uma ideia para uma pintura e precisava registrar – vendo sua expressão continuei – eu achei um livro sobre anjos na biblioteca e me inspirou a fazer um quadro disso – desconversei.

Após isso, peguei o papel que estava na sua mão e voltei a amassar. Passei o restante da aula trabalhando no meu artigo discretamente (eu precisava entrega-lo no outro dia) e, quando a aula terminou, pus o papel que havia amassado rapidamente na lixeira. Fui conversando com Cindy até a saída e quase perdi a fala ao ver quem estava do outro lado da rua do campus: Ryan.

– Cindy, eu tenho que ir, fiquei de ligar pros meus pais e me esqueci completamente. Depois nos falamos – dito isso atravessei a rua e, após me certificar que ela não estava me olhando, me virei para falar com Ryan.

– O que você está fazendo aqui? – perguntei.

– Eu precisava falar com você e achei que seria estranho lhe esperar na frente da sua casa.

– Certo – disse sem pensar – o que você quer? – olhei nervosa para os lados.

– Aqui não, vamos para sua casa – ele disse e começou a me guiar para a minha casa.

Chegando, peguei a chave na bolsa, abri a porta e o convidei para entrar. Assim que entramos Ryan se voltou para meus quadros.

– Nenhuma pintura nova? – perguntou casualmente.

– Fiquei envolvida em um trabalho escrito recentemente, não tive tempo para nenhuma obra – expliquei.

Ele pareceu aliviado por um motivo que não soube identificar e tratei logo de desconversar.

– O que você queria me dizer que não podia dizer na rua?

– Fiquei sabendo que você conheceu a Faith – ele disse – achei que lhe devia algumas explicações.

– Fico feliz em ouvir isso, posso começar? – perguntei entusiasmada.

– Claro, mas não sei se poderei responder a todas as suas perguntas.

– Bem, um pouco é melhor do que nada – me conformei – por que você está falando para todos sobre mim?

– Foi isso que a Faith lhe disse? – riu – eu não contei para todos, somente para os arcanjos e pra ela.

– Mas por que você contou a ela? – perguntei confusa – ela disse que é somente um anjo da guarda.

– E ela é – ele suspirou – Faith é como uma irmã mais nova pra mim, sempre a tratei como família, me senti na obrigação de contar a ela sobre você – ele desviou os olhos de mim – só não tinha ideia de que ela iria atrás de você.

– Eu gostei da Faith – sorri – ela é meio maluca, mas me contou mais coisas do que você – acusei.

– Eu não sabia o que pensar depois do que você me disse, Faith que me fez perceber que você não tinha culpa de nada, o que me fez tomar a decisão de... – ele parou de falar e se dirigiu ao meu quarto.

– O que você está fazendo? – perguntei ao ver que ele mexia no filtro de sonhos que achei no meu quarto.

– Eu que deixei isto aqui – explicou – eu achei que com este artefato aqui você não teria mais sonhos com a guerra.

– E não tive, mas como não fui que deixei o objeto aqui o retirei da janela antes de ir para a biblioteca hoje – pensei antes de continuar – e, quando o retirei, tive um sonho com você e Faith.

Ele ficou chocado com essa informação.

– Você não via só cenas da guerra? – perguntou.

– Eu lhe disse que com relação a você era diferente, eu não sei porque, só sei que é... inclusive, no sonho achei ter visto uma pintura minha.

– Isto é muito estranho... mas você tem razão, eu levei uma das suas pinturas pra mostrar aos outros, para provar que você podia mesmo nos ver.

– Certo, bem, se você gostou pode ficar com ela – sorri – agora que eu sei que não estou maluca por causa desses sonhos me sinto muito mais confiante quanto ao meu trabalho.

– Não tem nada mais que você queira me perguntar?

– Como você fez com que meus sonhos parassem com esse filtro? – perguntei curiosa tocando o objeto.

– Não foi fácil, mas consegui fazer um encantamento que impediria sua alma de se separar de seu corpo.

– Então como eu desmaiei quando toquei o filtro? – decidi ignorar o fato de ele ter feito um encantamento.

– Eu acho que subestimei você – ele começou a caminhar pelo quarto – Faith me falou sobre a sua aura, ela se surpreendeu e Faith nunca se surpreende com nada.

– Você não respondeu a minha pergunta – apontei.

– Eu não sei lhe responder – admitiu – você é diferente de todas as pessoas que eu já conheci – me observou atentamente.

Fiquei nervosa com o seu olhar e tentei desviar o assunto rapidamente:

– Eu li em um livro sobre a hierarquia dos anjos que a posição mais alta seria a de um arcanjo... mas nem você nem a Faith falaram nesse termo ao se referir a você.

– Isso porque eu não sou um arcanjo – disse – os arcanjos foram criados anteriormente a minha existência. Miguel, que seria o responsável por tratar desse conflito, não conseguiu se manter à frente da batalha e, como ele é um anjo muito importante na hierarquia, eu fui designado para tomar o seu lugar, enquanto ele só resolve conflitos menores.

“ Essa batalha se iniciou de uma maneira relativamente calma, com poucas perdas de anjos ou de Caídos, porém, menos de um ano depois, a batalha se intensificou muito. Com a perda constante de anjos, Ele achou melhor não arriscar seus arcanjos e me designou a organizar um pequeno exército para defender o céu. Eu, anteriormente à guerra, fazia parte das “potências”, com o objetivo de proteger os seres humanos do poder maligno e destrutivo do demônio, o que me faz perfeitamente capaz de liderar um exército. ”

– Nossa – fiquei sem palavras ante o discurso dele.

– Eu sei que é muito a se assimilar, por isso não tinha lhe falado antes sobre isso – desculpou-se.

– Não tem problemas, eu que perguntei – disse – eu não sei mais o que lhe dizer.

– Eu acho que eu lhe devo uma explicação quanto ao porque eu pus o filtro no seu quarto, não? – perguntou envergonhado.

– Você disse – fiquei confusa – para eu não sonhar mais com a guerra.

– Sim, mas eu fiz isso para que Philip não pudesse mais vir atrás de você em sonho, fiquei preocupado com o que ele poderia fazer.

– Como assim? Você acha que ele me faria algum mal?

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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Ele riu amargurado e respondeu:

– Você não lembra o que ocorreu naquela rua sem saída? Não sei o que ele teria feito se eu não tivesse aparecido – vendo que eu não falei nada ele continuou – ninguém sabe ainda a sua importância para essa guerra, e, portanto, você deve se manter segura até que saibamos o que fazer.

– Isso quer dizer que agora eu terei uma equipe de anjos guarda-costas? – perguntei sarcástica.

– Se você quiser chamar assim tudo bem, mas acho que você terá que dar outra desculpa para suas amigas para minhas visitas constantes à sua casa – sorriu sarcástico.

– Vo-você? Mas você não é o responsável por manter a ordem e tudo o mais?

– Sou, mas a batalha está mais calma agora que Philip descobriu sobre você, acho que ele está planejando seu próximo passo – explicou – encarreguei outro anjo de ficar a frente provisoriamente e me informar de tudo o que ocorre, por enquanto a prioridade é você.

Aquelas palavras e o fato de não ter comido nada o dia inteiro me deixaram tonta e eu desmaiei.