“Um garoto muito bonito, de olhos azuis e cabelos negros como a noite, ouve um barulho ao seu redor e empunha uma espada fina e prateada a qual emite um suave brilho azul e, de repente, uma mulher com os olhos levemente avermelhados e desvairados avança em sua direção com uma espada com um leve brilho avermelhado e os dois logo começam a duelar. O movimento dos dois é muito fluido, quase como se voassem e, numa distração do rapaz, a mulher faz um corte no braço dele, deixando um corte horrível. Ele fica tonto e começa a cair cada vez mais rápido, como se nunca fosse parar...”

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Acordei gritando e suando frio, nunca um sonho havia parecido tão real. Desde que me lembro tive sonhos sobre esse tipo de pessoas, mas nunca antes como esse... foi como se eu fosse o garoto que caiu. A imagem do rapaz caindo não saía da minha cabeça e rapidamente fiz um esboço do momento. Percebendo a hora, decidi tomar um banho frio para esquecer o tão estranho sonho. Coloquei uma calça jeans, uma regata, uma sapatilha e me encarei no espelho: altura mediana, corpo magro, seios pequenos, olhos castanhos muito escuros e cabelos castanhos com mechas mais claras. Depois de me observar por um momento decidi por uma maquiagem simples, com um pequeno destaque para os olhos e logo estava a caminho da minha amada Faculdade de Artes. Coloquei meus fones de ouvido e caminhava tranquilamente o tão conhecido percurso na famosa cidade de Princeton, quando algo me fez parar: um garoto estava caído no meio da rua com um machucado horrível no braço. Tirei os fones e me aproximei lentamente. Não era possível! Não podia acreditar no que meus olhos viam: este garoto era exatamente igual ao do meu sonho! Me abaixei para ficar da sua altura e vi que ele respirava com dificuldade. Tentei acordá-lo e ele abriu os olhos lentamente, e assim que me viu, arregalou-os, exclamando:

- Onde estou? Quem é você?

- Meu nome é Sophie, eu vi você caído e vim ver se podia ajudá-lo. – expliquei.

- Eu... eu estou só um pouco tonto, mas já devo melhorar. Meu nome é Ryan.

- Ryan... você está com o braço todo machucado, não está doendo? – perguntei confusa.

Ele pareceu ver o machucado pela primeira vez, como se nem o tivesse percebido.

- Isto não é nada, eu... – interrompi-o, não acreditando.

- Você precisa ir a um hospital! – exclamei.

- Não! Não precisa! – ele me falou rapidamente.

- Você... tem medo de hospitais? – perguntei incerta.

- É... – ele pareceu pensar – sim.

- Bem... nesse caso deixe-me lhe ajudar, eu tenho uma vizinha que cursa medicina.

- Por que está me ajudando? – ele perguntou, parecendo confuso.

- Não posso deixar você aí – falei, evitando olhar em seus olhos. A verdade é que ele me intrigava, nunca imaginei que veria o garoto do meu sonho na minha frente, não podia simplesmente deixá-lo ficar ali ferido.

Ajudei-o a se levantar e fui amparando-o até minha casa, o que se provou um pouco difícil pois ele era mais alto do que eu (o que não é muito difícil, quase todo mundo é). Sei bem que não é nem um pouco sensato o que estou fazendo, mas minha curiosidade não me deixou outra opção. Ajudei-o a se deitar no sofá e saí em busca da minha vizinha, Anne. Bati na porta da casa dela repetidamente, mas, ao que me parece, ela não estava em casa. Voltei para ver o que podia fazer por Ryan, já que Anne não estava, e logo o vi de pé observando alguns de meus quadros na parede.

- O que você está fazendo de pé? – perguntei com medo que ele caísse de repente.

- Eu já estou me sentindo melhor – ele falou simplesmente – você pintou estes quadros?

- Sim, mas como você sabe? – perguntei confusa.

- A assinatura, “SS”, imaginei que fosse sua.

- Sim, são minhas iniciais: Sophie Sognare – expliquei.

- Onde você se inspirou? – ele perguntou interessado.

- Eu criei – falei rápido; não podia dizer que havia sido em sonhos.

- Interessante – disse pensativo – Acho melhor eu ir indo, já estou me sentindo melhor. Obrigado pela ajuda.

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Assim que terminou a última frase Ryan rapidamente se dirigiu à porta, mas o impedi segurando seu braço.

- Seu braço! Como? – perguntei, vendo que só havia uma leve marca do que antes era um corte muito profundo.

- Você deve ter se enganado quanto ao corte, somente o lavei e ficou assim – falou sem me olhar.

- Não! Eu tenho certeza... – mal terminei a frase e Ryan me olhou fixamente, suas pupilas ficando mais azuis e mais brilhantes do que eram antes.

- Você, acredite em mim e me deixe ir embora sem me perguntar mais nada – ele pede e se vira para ir embora.

Fico estática, incapaz de processar o que havia acabado de acontecer, o que ele pensava ter feito? Ouço uma batida na porta e corro para atendê-la, achando que Ryan havia voltado, mas era somente Cindy, minha melhor amiga e colega de faculdade.

- Sophie! Senti sua falta hoje – ela falou já entrando – até estranhei o fato de você faltar à sua aula preferida.

Cindy e eu nos tornamos amigas logo quando cheguei na cidade, quando ela estava com dificuldades de tirar um enorme quadro do carro da mãe dela. Cindy era uma garota muito bonita e mimada, loira, magra (mas com seios e quadril grandes), de olhos azuis e um pouco mais baixa do que eu, que não tinha ideia de como ia viver sem os seus empregados ajudando-a em tudo. Quando a ajudei logo começamos a conversar e nos tornamos amigas rapidamente.

- Eu tive um contratempo – falei para ver se ela esquecia – perdi alguma coisa importante?

- Sim, mas isto não vem ao caso. Que tipo de contratempo? – sabia que Cindy não iria esquecer.

- Eu encontrei um rapaz caído no meio do caminho para a faculdade com um machucado no braço – falei simplesmente.

Enquanto falava com Cindy fui andando em direção ao meu quarto. Desde o momento que vi Ryan eu achei que ele era igual ao garoto do meu sonho, mas podia ser só impressão. Eu precisava ver o esboço pra ter certeza. Me aproximei da minha cama e vi meu bloco na cabeceira, folheei-o rapidamente e logo vi o que queria.

- É ele... – falei para mim mesma.

- É ele o quê? – perguntou Cindy que havia se aproximado sem eu perceber – Esse é o garoto caído?

- Sim – falei chocada demais para responder algo diferente. Não podia ser verdade, o que estava acontecendo?

- Bonito, hein? – falou sugestiva – Tem certeza que você só o viu?

- Eu ajudei-o, ou melhor, tentei, pois depois de tentar chamar a Anne ele já estava bem e foi embora.

- Hum, e qual o nome desse rapaz? – perguntou ainda com aquele sorriso malicioso estampado.

- Ryan – respondi – Cindy, eu preciso ficar sozinha um pouco, acho que vou aproveitar para pintar.

- Tudo bem, já que você vai pintar, aproveite para fazer a atividade de aula: anatomia humana – ela disse um pouco chateada e logo indo em direção à porta.

- Certo, eu o farei. Até amanhã Cindy – me despedi dela.

- Até mais – e ela foi embora.