Depois do horário das aulas acabar, Rachel me insistiu para que eu a levasse até minha casa. Eu já estava cansado de sua companhia, mas a garota conseguia tirar alguém do sério até conseguir o que queria. Então eu fiz um acordo comigo mesmo, antes de realmente concordar com a garota: Eu a teria, novamente, naquela noite.

Cheguei em minha casa, agradecendo por meu padrasto não estar em casa naquele momento – e sim no trabalho – e abri a porta para Rachel. Ela sorriu e logo pegou agarrou minha mão esquerda, me levando para meu quarto.

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— Já? Assim, tão rápido? Você é mesmo tão fácil, Rachel? — Perguntei.

— Ah, então você quer que eu seja difícil? — Ela perguntou em um tom de brincadeira. Ela sentou-se em minha cama, deixando bem á mostra suas coxas. — Então, vamos lá. Hoje você terá que me conquistar, Tony.

— Você quem manda. — Eu respondi.

Sentei-me ao seu lado, na minha cama. Agarrei sua cintura e puxei-a perto de mim, logo roçando meus lábios nos dela. Ela hesitou no começo, e logo depois nos separou.

— Tony, me responda uma coisa. — Rachel disse, virando o rosto. — Você realmente gosta de mim? Ou eu sou só uma distração para você? Como uma...

— Uma Lolita? — Eu sugeri.

— Exatamente.

Parei um pouco e a olhei direto nos olhos castanhos escuros. Com certeza, ela era só uma Lolita para mim. O que ela seria a mais para mim, a não ser uma boneca sexual? Absolutamente nada. Ela seria apenas a garota popular e mimada que acha que é cheia de drama na vida, quando na verdade vive a vida mais fácil e doce que alguém poderia desejar. Mas ela não poderia saber disso.

Eu iria falar que gostava muito dela, iria iludi-la, mas parece que eu tinha demorado demais pensando no que aconteceria se eu apenas dissesse que ela era praticamente, minha Lolita. Porque ela apenas bufou e saiu do meu quarto, emburrada.

— Eu não acredito nisso. — Ela disse antes de sair.

— Rachel! — Eu gritei de meu quarto. — Rachel, volte aqui! Você não me deixou falar.

“Mentir”, eu me corrigi mentalmente, “Você não me deixou mentir”. Fui até o andar de baixo, vendo que não existia mais o barulho dos passos duros e raivosos de Rachel no chão da minha casa. Ela me esperava de braços cruzados. Cheguei perto dela dizendo:

— Hey, Lolita, não fique assim.

— Não me chame assim, Tony! — Ela disse claramente emburrada comigo.

— Não fique assim comigo, então, Rachel. — Eu respondi tentando parecer o mais amigável possível. — Não quero ser o vilão da nossa história.

“Na verdade, eu sempre fui”, eu pensei.

— Então quem vai ser, Tony?! — Ela gritou, me chamando pelo nome todo. — Quem vai ser o vilão da nossa maldita história? Quero dizer, nós temos uma história?

Parei em silêncio para pensar no que dizer. Pode não parecer, mas é sempre mais difícil dizer as coisas nas quais você nunca irá acreditar. Não consegui pensar em nada, e ela ficou me olhando. No final, apenas sorri de lado para ouvi-la dizer:

— Foi o que eu pensei.

— Rachel, olha... — Eu comecei, tentando meu máximo nas palavras. — Nós ainda não temos uma história, mas pretendo escrevê-la. E o vilão será o tempo até que nós fiquemos juntos de verdade.

Ela não pareceu muito convencida. Realmente, eu não devia ter pedido para ela ser difícil. Ela começou a mexer no cabelo e pareceu pensar. Ela estava pensando se continuaria comigo, mesmo depois daquilo. Ela gostava de mim, tanto eu como qualquer um podia sentir aquilo, e essa era a melhor parte dessa história falsa. Eu poderia fazer o que eu quisesse que minha Lolita ainda estaria gostando de mim, mesmo tentando não demonstrar,

— Vou pensar no seu caso. — Ela disse, antes de sair de casa.

Fingi o melhor sorriso que pude naquele momento, antes de assisti-la partir. Ela não podia parar o jogo naquele momento, ela tinha sido minha melhor vítima até agora. Eu devo ter tido umas três. Ou alguma coisa assim.

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No dia seguinte, no colégio, eu vi Rachel conversando com Daniel na aula de química e no intervalo. “Vadia”, eu pensei, depois de revirar os olhos. No final, não resisti e olhei-os de novo. Eu pude ler seus lábios, e os de Daniel diziam:

— Você me ama?

— Sim. — Os lábios vermelhos flamejantes de Rachel diziam.

— Poderia me dar outra chance?

Ela revirou os olhos e, consequentemente, seus olhos se encontraram com os meus. Ela sorriu fraco para mim e, quando desviou de meu olhar, mordeu o lábio inferior e, com tristeza nos olhos, respondeu:

— Não.

Daniel deu um chilique. Nem precisei gastar minha inteligência decifrando seus lábios, já que ele gritava, então dava para ouvir tudo do outro lado do refeitório.

— É POR CAUSA DO TONY? POR CAUSA DAQUELE IDIOTA? Seriamente, Rachel, você merece algo melhor!

— Exatamente por isso que não vou te dar outra chance.

Sorri com a fala deles e, depois do sinal tocar, peguei minha mochila e fui em direção ao corredor onde tem a sala de Cálculo. Rachel passou do meu lado, provavelmente indo para a sala de Geografia, e – não sei se foi com um propósito ou somente um acidente - agarrou minha mão por um momento.

Virei para o lado, tentando vê-la, e percebi que ela guardava um sorrisinho besta no rosto, com uma das mãos segurando a outra – que tinha segurado a minha.

“Hey, Lolita,”, a chamei mentalmente, “Você alguma vez já tinha pensado que iria se apaixonar pelo monstro da sua história?”. Porque, claramente, eu não era só o vilão daquela história. Eu era como a Fera, de Bela e a Fera, só que eu não apaixonaria pela Bela no final da história. E nem me tornaria em um belo príncipe. Eu era um monstro.

Depois da aula, no final do colégio, Daniel veio furioso falar comigo. Ele estava com os punhos cerrados e disse:

— Você não a ama! Por que diabos ela prefere você? Você é só mais um mesquinha psicopata! Você não a ama!

— Na verdade — Eu respondi. —, eu estou mais para o lado sociopata. Se eu fosse um psicopata, você nem estaria mais aqui, Daniel.