Secret of Wind

Amigos?


Acordei no dia seguinte sentindo-me um tanto zonza. Acho que ainda era o efeito do tranquilizante que eu havia tomado antes de dormir. Eu não sabia se tinha digerido bem a informação de que Jacob Black era um transmorfo. Na verdade, eu nem sabia da existência de transmorfos! A vida é mesmo engraçada, pois não importa quanto tempo eu viva, a cada dia eu aprendo alguma coisa nova.

Vesti-me rapidamente e fui para o colégio mais cedo. Teria que ir caminhando, já que o Jeep havia ficado na casa dos Cullen e, com a confusão de ontem, não pude pegá-lo. Teria que passar por lá depois das aulas, provavelmente eles queriam saber como tudo tinha se resolvido.

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Andei calmamente. Pela primeira vez em dias, eu não estava atrasada. Assim que me aproximei dos portões, Vince me chamou.

— Aria!

— Oi! – falei contente. – Seu olho parece melhor.

— Eu disse que não era nada grave. – Sorriu. Caminhamos lado a lado pelos corredores, até sentir falta de alguém.

— Onde está Jane? – perguntei.

— Ela vai ter prova hoje. Está estudando feito uma maluca! Estava cansado de ficar ouvindo sobre gravidade, força e blá-blá-blá. Eu não sei bem o que...

Porém, Vince foi interrompido com a aparição de três garotos altos e musculosos, que reconheci como, Paul, Embry e Quil. O primeiro olhou-me de cima a baixo, sorriu de lado e prosseguiu seu caminho. Quil apenas cumprimentou-me com a cabeça. E Embry parou imóvel em minha frente.

— Oi? – perguntei, depois de esperar que ele dissesse algo. Mas estranhamente, ele apenas balançou a cabeça, sorriu e foi embora.

— OH, MY GOD! O que foi isso?! – perguntou Vince espantado, quando ficamos a sós. – Eles falaram com você?!

— Tecnicamente eles não disseram nada.

— Não importa, gata! Até ontem eles queriam te matar! O que foi esse surto de simpatia repentino? Até o gostoso do Paul parecia mais amigável.

— Está exagerando, Vince. Eles fazem isso tempo todo.

— Eles fazem isso entre eles. Você não estava incluída até ontem!

— Talvez tenham mudado de opinião a meu respeito. – Dei de ombros.

— Soube que ontem você deu aulas particulares para Jacob Black. O que está escondendo de mim, sua safada? – Sorriu malicioso.

— Nada – respondi, mudando rapidamente de assunto. – Você não tem aula agora?

— Isso não está acabado, Campbell – falou, antes de sair desconfiado.

Caminhei sorridente para a sala, Vince sempre melhorava meu humor. Mas eu, assim como ele, tinha estranhado a atitude dos lobos. Quer dizer, é óbvio que não ficamos “amiguinhos”, mas eles realmente pareciam mais simpáticos.

Entrei na sala e fui para o meu costumeiro lugar, sentindo o olhar de Jacob Black sobre mim. Foi estranho, mas eu não pude conter o sorriso. E não demorou muito para receber um cutucão em minhas costas.

— Black, não quero problemas com o professor de novo – falei ríspida.

— Achei que iria estar menos rabugenta hoje – disse sarcástico. Revirei os olhos com o comentário.

– Podemos falar sobre isso depois? – perguntei, ao notar o olhar do professor sobre nós. Ele assentiu com um sorriso e não me incomodou mais durante a aula. O que não adiantou muita coisa, porque mesmo não fazendo nada, Jacob Black se fixou em meus pensamentos e não saiu mais.

Eu tinha tantas dúvidas sobre ele ainda... E não digo somente em relação a sua espécie, mas também em relação a sua personalidade. Ele já tinha me mostrado muitas de suas várias faces, seu olhar doloroso quando falou da garota que machucou seu coração, o jeito convencido e prepotente cada vez que dava em cima de mim, o sorriso brincalhão, toda vez que eu o provocava, e seu lado violento... Mesmo estando em forma de lobo, este foi o que mais me assustou. Ele parecia muito fora de si.

O sinal tocou, tirando-me de meus devaneios. Eu não sabia por que tinha perdido tanto tempo pensando em coisas desnecessárias. Essa aproximação repentina estava deixando tudo fora de controle, e meu maior medo era que eu ficasse assim também.

Levantei-me da cadeira e dirigi-me até a saída da sala. Vince e Jane estavam me esperando na porta.

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— Você parece mal – falei quando avistei o rosto de Jane. Ela estava com olheiras e seus cabelos estavam despenteados.

— Essa prova acabou comigo! Definitivamente quem inventou a física merece uma morte lenta e dolorosa! – Ri de seu comentário. Mas antes que eu falasse qualquer coisa, um braço forte apoiou-se em meu ombro.

— Sobre o que estão falando? – perguntou, causando um arregalar de olhos em Vince, e um queixo caído em Jane.

— Desde quando te dei tanta liberdade, Black? – perguntei irritada, desvencilhando-me de seu abraço.

— Depois de ontem, pensei que fôssemos amigos – disse confuso.

— EU SABIA! – gritou Vince afoito, recebendo um olhar de repreensão de Jane. Ele tentou esconder a animação, mais ainda assim falou:

— Está acontecendo algo entre vocês, não é? Contem-me tudo! Até os detalhes mais sórdidos!

— Nada está acontecendo, Vince! – tentei explicar-me. – Black, precisamos conversar – disse séria, arrastando-o para o exterior do colégio.

— O que pensa que está fazendo? – perguntei quando estávamos a sós.

— Eu não fiz nada, oras!

— Está criando boatos, Black!

— Eu não tenho culpa por isso. – Deu de ombros. – Aliás, quando vai parar de me chamar de Black? Isso está ficando chato.

— Eu já te expliquei que quando formos íntimos o...

— Aria, você já sabe quem eu sou e eu já sei quem você é. Então, por que não abaixa a guarda por alguns instantes? Quero apenas que a gente se dê bem – falou. – Eu sei que você se sente sozinha aqui... – Suspirei. Jacob estava certo. Vince e Jane não sabiam do meu segredo, meus amigos estavam longe e os Cullen estavam ocupados demais com o casamento. Nem com o Sr. Lobo eu poderia contar, já que ele era a pessoa que estava ali parada e ansiosa em minha frente.

— Você está certo – assumi. – Podemos ser amigos. – Jacob assentiu e sorriu alegremente. Eu realmente esperava que por trás daquele sorrisinho não houvesse segundas intenções. – Mas não pense que irei te chamar pelo primeiro nome – completei birrenta. Não é que eu me incomodava por chamá-lo Jacob, mas provocá-lo era sempre divertido. Ele revirou os olhos, mas resolveu mudar de assunto.

— Hoje à noite iremos fazer um luau.

— Luau?

— A gente se reúne na praia de vez em quando. É divertido. Além disso, posso te apresentar para o resto da matilha. – A proposta era um tanto interessante. Não acho que ainda era a hora para bancar a “amiguinha”, mas ficar sozinha em casa significaria lembrar de coisas desnecessárias, ou ter pesadelos de novo.

— Ok. Eu vou.

— Então podemos ir juntos depois da aula.

— Eu tenho que ir visitar os Cullen – falei, vendo-o contorcer seu rosto em uma careta. Questionei intrigada: – Vocês têm alguma rixa ou algo assim?

— Eles são meus inimigos naturais.

— Não parece ser somente isso... – Jacob estava furioso naquele dia. Aliás, por que ele estava lá naquele dia?

— Posso ir com você – disse, ignorando meu comentário anterior.

— Eles não eram seus inimigos naturais? – perguntei confusa. Se ele os odiava, porque iria para a casa dos Cullen comigo? – Você já os conhecia, certo?

— É uma longa história, Aria. – Suspirou. Achei melhor não pressioná-lo, mas devo admitir que estava um tanto curiosa com a história.

O sinal tocou novamente dando fim ao intervalo.

— É Campbell – corrigi-o. – De toda forma, acho melhor você não ir, não depois de tudo que aconteceu.

— Você deixou seu Jeep lá. Como irá até Forks? Acho que precisa de uma carona – falou sagaz. Era um bom argumento e eu não tinha pensado nisso ainda.

— Ok, Black, você me convenceu – disse rendendo-me. – Mas eu não vou impedi-los de te matar, caso você se descontrole. – Ele riu com o comentário.

— Como se isso fosse fácil – falou convencido, fazendo-me revirar os olhos.

Voltamos para a aula conversando sobre coisas aleatórias. Até que não era tão ruim tê-lo por perto.

A aula de química da Sra. Smith acabou rapidamente. Essa mulher conseguia ser tão divertida, que as horas passavam voando.

— Vamos. – Puxou-me Jacob, assim que ouviu a sirene tocar.

Andamos calmamente para o estacionamento. Ele parou em frente a uma moto, entregou-me o capacete e olhou-me confuso quando eu não subi.

— O quê foi? – perguntou. – Vai me dizer que tem medo de andar de moto?

— Andar de moto não é o problema – falei convencida. Frequentemente andava com Dina pelas ruas de Florença. – Tem certeza que essa geringonça anda? – Fiz uma careta. A moto era relativamente velha.

— Ei! Eu passei muito tempo concertando essa aqui – disse dando leves batidinhas no veículo.

— Concerta motos? – questionei.

— É a minha segunda paixão.

— E qual é a primeira? – perguntei curiosa. Jacob apenas sorriu malicioso.

— Vai subir ou não? – Assenti sem muita confiança, mas subi na moto, enlaçando meus braços em sua cintura. Não foi surpresa descobrir que seu abdômen era trincado e bem definido. E não demorou muito também para eu me arrepender de ter aceitado a carona de Jacob. A velocidade com que ele corria era impressionante e isto só me fazia apertá-lo ainda mais.

Chegamos à casa, sendo recepcionados por um Emmett aflito.

— Me protege! – disse ele, empurrando-me na sua frente como um escudo.

— EMMETT! – gritou Alice furiosa, saindo da casa. – Não acredito que você quebrou o vaso! Você é tão irresponsável! – Abri minha boca para cumprimentá-la, mas ela interrompeu-me antes:

— Não vai querer se meter nisso, Aria! – apontou acusadora. Até que então, notou a presença do intruso. – Por que trouxe esse cachorro fedorento para cá?

— Se eu fosse você, teria mais cuidado com o que fala – disse Jacob zangado.

Antes que qualquer outra coisa fosse dita, Edward apareceu sorrindo amigavelmente. Joguei-me em seus braços.

— Ed, eu estou no meio de loucos!

— Você se acostuma com o tempo. – Sorriu. Afastei-me dele ao notar o olhar zangado de Bella. Eu devia parar de agir tão amigavelmente com Edward. Ela seria a esposa dele e era melhor que no mínimo eu fosse educada. Cumprimentei-a com a cabeça, mas seu olhar focou-se em um ponto atrás de mim.

— Jacob! – Ela caminhou até ele e o abraçou fortemente. Que intimidade toda era aquela? Eles eram tão próximos assim desde quando?

Edward enrijeceu-se ao meu lado, mas permaneceu calado. Voltou seu olhar para mim.

— Parece que vocês se entenderam – comentou.

— Somos amigos agora – falei fazendo uma careta. – Pelo menos eu acho...

— Achei que o imprinting fosse mais rápido – disse confuso.

— O que é isso? – perguntei. Ele pareceu surpreso por eu ter perguntado, mas sorriu e mudou de assunto.

— E como andam seus poderes?

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— Na mesma. – Suspirei. – Tento não usá-los.

— Aria, você devia mesmo procurar Paralda...

— Não vamos falar sobre isso, ok? – Somente em citar esse nome, me causava um arrepio. – Por que a casa está tão bagunçada?

— Preparativos para o casamento. – Sorriu. Ele parecia mesmo feliz.

— Ed, eu sei que eu era contra o casamento – falei. – E acho que ainda não sou totalmente a favor. Se transformá-la, sabe o que eles poderiam fazer...

— Aria...

— Mas não vou mais me meter nisso. – Suspirei. – Se você quer mesmo se casar, vou apoiá-lo. – Edward bagunçou meu cabelo e disse:

— Obrigado, você...

— Aria – interrompeu Jacob. Ele parecia confuso e ansioso. – Acho melhor eu ir agora. Tenho que resolver umas coisas. – E sem esperar por uma resposta, Black subiu em sua moto e saiu em disparada.

Eu não sabia o que o tinha feito ficar naquele estado, mas o olhar tristonho de Bella me dizia que ela tinha, e muito, haver com aquilo tudo. Talvez eu devesse repensar a ideia de ser boazinha com aquela fulana.