Asas

Epílogo 3 - 7 anos de espera


Ele ainda demorou muito para chegar. Lucy esperava todos os dias, contando os minutos, para que ele aparecesse. E quando ele surgiu, Lucy não pode fazer nada a não ser permanecer calada enquanto olhava para a criança de cabelos ruivos ao seu lado, que também a analisava. Seus pensamentos já estavam flutuando em meio as divagações.

Tão parecida com ele.... Quantos anos deve ter? Cinco?

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Atsushi sabia que precisariam conversar sobre aquilo, que Lucy talvez nunca entendesse, mas quando a viu sua primeira ação foi a segurar entre os braços e sentir seu cheiro como se fosse o mais puro ar. Os três permaneceram dessa forma por alguns minutos, tempo suficiente para que Lucy deixasse as paranoias de lado e apreciasse o calor do homem que amava. As lágrimas caíam livremente, lágrimas de alegria e saudades.

— Você ainda continua a mesma. – Ele disse quando se separaram. Analisava o rosto dela como se fosse a primeira vez.

— Você, por outro lado, mudou tanto. – Os dois riram e voltaram a se observar, sendo somente interrompidos pela garotinha.

— Papai... – Lucy se afastou bruscamente dele, como um reflexo. Já havia ligado todos os pontos, mas ouvir a realidade dessa maneira a afetou muito forte. Atsushi tentou ignorar virando-se para a filha.

— O que foi Sachiko*? – Que nome lindo.

— Estou com fome! – Lucy não conseguiu segurar a risada ao ver a menina agir tão adorável. Recebeu um sorriso alegre de volta. – Onee-chan, tem comida?

— Claro, gosta de pão de melão? – E como um raio a garota atravessou a porta de seu lar. O casal se olhou e Atsushi não conseguiu deixar de notar a tristeza nos olhos dela. Quando tentou se aproximar, Lucy se virou para a cozinha. – Vamos antes que ela decida subir em uma das cadeiras para pegar o pão.

~●~

Atsushi e Lucy se encontravam sozinhos no apartamento da loura. Gina e Yamori haviam passado há uma hora e decidiram levar Sachiko para brincar com seus filhos, o que Atsushi apreciou bastante. Assim poderiam conversar calmamente.

Mas até agora não haviam dito nada. Lucy por ter medo de ser indelicada caso perguntasse diretamente e Atsushi por não saber se ela ainda queria ouvi-lo. Por fim decidiu que ao menos precisava tentar.

— Eu... – As palavras pareciam ter entalado na sua garganta. Por um segundo considerou ter perdido todas as suas chances, de forma que o medo o paralisou.

— Sua filha é linda. – Ele não ouviu o rancor que achava que haveria. Só tristeza e, pelo que pode notar, doçura. – Quantos anos?

— Quatro. – Lucy sorriu fracamente, o que causou um rebuliço dentro do mago. – Eu te esperei por tanto tempo, eu- Foi interrompido.

— Você não precisa me explicar, querido. – Mas ele queria. Ele precisava. – Eu entendo.

— Mas...

— Não. – Ela olhou pela janela, tentando apreciar a vista que seu apartamento fornecia. Olhar para ele enquanto falava seria doloroso demais. – Meu coração quebrou um pouco, mas tenho que dizer que a ver me fez ficar aliviada. – Atsushi não queria que ela continuasse. – Aliviada de saber que você não se perdeu. Que conseguiu me superar e criar uma família. Eu odiaria...- Sentiu a garganta fechar e as lágrimas surgirem. – Odiaria saber que te prendi a mim esses anos todos.

— Eu sempre estarei preso a você. – Ele respondeu quase que instantaneamente e Lucy o encarou surpresa. – E nunca me arrependi, mesmo no ápice da minha dor, de continuar te amando por todos esses anos.

— Atsushi...

— Eu passei um ano te procurando. E por mais um ano te esperei. Eu não sabia mais o que fazer, com a Maru, com a guilda. E você, que me fazia falta a todos os segundos. – Ele parecia tão perdido e Lucy desejava abraça-lo e beija-lo e dizer que tudo estava bem, que estava ali. Mas se fizesse isso talvez não pudesse mais segurar seus sentimentos.

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No fim, não estava tudo bem. Sete anos haviam se passado. E, enquanto seus sentimentos permaneceram intactos esses anos todos, os dele se modificaram várias e várias vezes.

— Foi então que conheci Hana. – Então esse era o nome de sua mulher. – Ela era uma garçonete do bar que eu comecei a frequentar depois que decidi parar de te procurar. – Lucy não tinha certeza se queria ouvir. – Acabamos nos envolvendo numa noite. E algumas semanas depois ela me disse que estava grávida.

‘Eu não queria que aquilo fosse real. Mas era. E com o tempo acabei me acostumando a ideia, mesmo não sendo você a mãe. Eu e Hana passamos a nos dar bem, e talvez eu pudesse ter me apaixonado, se ela não houvesse morrido. ’

— O que? – Ela não sabia como reagir.

— A gravidez era de risco. – Ele parecia tão melancólico. – E embora Sachiko tenha meus olhos e cabelos, o resto é todo dela.

— Ela devia ser linda.

— E era. As vezes só queria que ela tivesse se envolvido com alguém que pudesse tê-la feito feliz. Mas não deixo de ser agradecido pelo presente que ela me deu. – Ele sorriu e Lucy não conseguiu não sorrir de volta.

— Eu achei que estivesse casado...

— E que eu viria aqui somente para jogar que meus sentimentos foram superados? – Ele riu seco.

— Não, que viesse matar saudades. Só porque nos amávamos como mais que amigos não significa que não éramos amigos.

— Nos amávamos? – Os dois se olharam profundamente. Lucy podia ver que os sentimentos dele ainda eram os mesmos, talvez mais amadurecidos ou com aquele pingo de dor que a saudade causa, mas ainda os mesmos.

Mas ela não estava preparada. Achava que estaria antes dele aparecer, mas ao notar que o tempo parara somente para si a deixou desnorteada.

— Eu preciso ficar um pouco sozinha. – Levantou-se e foi para a cozinha, com Atsushi em seu encalço.

— Lucy...

— Não! – Ele deu um passo para trás e ela percebeu o quão alto falara. – Desculpe. Eu só.... Eu só preciso de um tempo. – Ele respirou fundo, parecendo estar se controlando.

— Eu entendo. – Andou em direção a porta, parando para olha-la mais uma vez, e saiu.

Quando a porta bateu, Lucy deixou as lágrimas caírem e sentou no chão onde estava.

~●~

O que o levou de volta para o apartamento dela foi a certeza. A certeza de que ela ainda o amava. Depois de toda aquela conversa, mesmo que ela evitasse admitir, ele podia dizer com toda a certeza que havia nele que ela o amava.

Mesmo que Lucy houvesse pedido um tempo, mesmo que Yamori e Gina o tivessem aconselhado a realmente dar um tempo, ele não poderia mais.

Bateu na porta e depois de quase um minuto foi aberta. Ele notou seus olhos vermelhos e a surpresa neles. Antes que ela pudesse dizer algo, segurou-a pela cintura e a beijou. Como sentira falta daqueles lábios. Ela, em resposta, puxou-o mais para perto e o correspondeu. Ele fechou a porta atrás de si e, ainda a beijando, levou-a para a cama. Quando caíram sobre ela, Lucy pareceu perceber o que estavam fazendo.

— Espera. – Conseguiu dizer entre um beijo e outro.

— Não. – Ele a encarou seriamente. – Eu esperei de mais, Lucy. Amanhã você pode me expulsar, pedir o tempo que quiser, mas hoje não finja que não me ama e me deixe tê-la de novo. Só hoje. - Desejava isso assim como ele. Queria esquecer tudo que havia acontecido e somente beija-lo como se não houvesse amanhã.

Então o fez. E Atsushi decidiu que se aquela fosse a última chance de ama-la, não iria se segurar.

~●~

Os dois estavam abraçados enquanto o céu clareava, anunciando a chegada do dia. Lucy suspirou e Atsushi a olhou.

— Logo vou ter que te expulsar daqui e fingir que essa noite nunca aconteceu.

— Ou você pode não fazer isso e mais tarde nós saímos para tomar sorvete. – Ele a apertou mais forte em seus braços. – Ou podemos nem ao menos sair daqui. – Ela sorriu em resposta.

— Não seja tão mimado.

— Eu só quero aproveitar o máximo de tempo que tenho com você. – Lucy permaneceu calada por um tempo, escolhendo bem suas palavras.

— Talvez, e eu estou dizendo só talvez, tudo isso não tenha que acabar. – Ele então soltou e olhou fundo em seus olhos. – Não me olhe assim!

— Você está dizendo que ainda temos uma chance?

— Nunca disse que não tínhamos. Só que precisava de um tempo, o que eu ainda preciso. – Ele deu um sorriso pequeno. - É só que você tem razão. Eu não posso fingir que não te amo, assim como você também. – Ela se sentou e ele só permaneceu a olhando. – Claro que há essa diferença de idade...

— Só sete anos.

— E a sua filha.

— Que já te ama pelas histórias que Gina e Maru contavam.

— E a distância.

— Trens, carroças... – Lucy riu.

— Tem uma resposta para tudo, né? – Ele acariciou suas costas nuas e Lucy decidiu apreciar o toque.

— Só estou disposto a lutar para ficar com a mulher que amo. – Ela o encarou. – Eu passei sete anos achando que nunca mais te veria e nem que eu tenha que lutar até contra esse seu pessimismo, eu vou te ter ao meu lado.

—.... Tudo bem. – Ele sorriu. – Vamos tentar.

~●~

— Eu volto daqui uma semana. – Ele acariciava seu rosto. – Até lá não mude de ideia, por favor. – Recebeu um leve tapa dela e sorriu.

— Não me trate como se fosse tão volúvel, idiota.

— Vocês vão ficar aí me provocando vômito ou vamos embora? – Atsushi mandou um aviso pelo olhar para Yamori, que sorriu malicioso.

— Onee-chan, vou sentir saudades. – Lucy pegou Sachiko no colo e apertou suas bochechas.

— E eu vou sentir a sua, meu amorzinho. – Sachiko abraçou seu pescoço. Uma semana se passara e foi somente preciso isso para que Lucy se apaixonasse pela menina. A loira segredou que seu único receio era que a menina a odiasse, o que se comprovou tolice. O sentimento era claramente mútuo, o que deixou Atsushi com um peso a menos para se preocupar.

— Eu disse que nenhuma criança resiste a Lucy. – Gina sussurrou ao seu lado. Ele somente sorriu de volta, ainda apreciando as duas se despedindo.

— Onee-chan! Eu também quero um abraço. – Ryû reclamou e Lucy teve que largar Sachiko para poder pega-lo. A menina ficou emburrada e jurou nunca o perdoar por tentar roubar Lucy de si.

— Bom, hora de ir. O trem já vai sair. – Gina abraçou Lucy apertado e então pegou Ryu no colo. – Onde está Cora? – A menina surgiu correndo com Maru andando um pouco atrás. As duas estavam sujas de sorvete. – Mas que merda é essa?

— Só estávamos tomando sorvete. – Maru respondeu com uma expressão marota que não agradou a Gina. – Era só meu presente de despedida.

— Não vá causar problemas a Lucy. – Maru revirou os olhos. – E não me trate como uma tia chata só porque Lucy está de volta, palhaça.

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As duas se abraçaram e o trem apitou anunciando a partida. O grupo entrou e somente ficaram Lucy e Maru na estação. Quando o trem sumiu as duas decidiram ir a Fairy Tail.

— Como vocês ficaram?

— Bem. Não é como se ele fosse simplesmente desistir, não é? – As duas riram.

— Realmente, ele não vai desistir mesmo. E eu espero que você tome cuidado, porque a convivência com Sachiko o deixou muito ciumento.

— Sério? – Lucy se lembrou de quão intenso ele já era, imagina agora.

— O foguinho rosa que se cuide!

Lucy riu e a puxou para perto. Andaram abraçadas até a guilda, onde uma bagunça se instalara e mesas voavam de um lado para o outro.

Talvez agora tudo ficasse bem, era no que queria acreditar.

— Ei Luce! Okaeri. – Natsu gritou enquanto pulava em Gray que já estava sem roupas. Os dois caíram sobre o bolo de morango de Erza, que invocou sua arma para mata-los.

— Tadaima.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.