​Behind Blue Eyes

Só é difícil acreditar em alguém depois que todo mundo te abandona.

– Lass Isolet.

Irmão, eu só queria que você soubesse que eu me importo.

– Lupus Wild.

Quanto tempo fazia que estava ali, preso naquele mar de sombras e sussurros indistinguíveis? Um dia? Um mês? E por que isso importava tanto?

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Não era como se alguém fosse sentir sua falta. Então por que tinha alguma esperança de abrir os olhos e não se ver mais naquela escuridão? Por que se sentia tão triste e vazio quando desejava nunca ter de sair dali?

Alguém sentia sua falta? Talvez, mas eles não tinham direito a isso depois de terem o usado e largado, como um boneco que cansaram de brincar.

Fechando os olhos e abraçando as pernas, o adolescente apenas ignorou a voz do irmão que destacava-se entre tantos sussurros fracos e desesperados. O rapaz de cabelos albinos apenas desejava, do fundo de seu coração solitário, poder desaparecer, pois acreditava profundamente que apenas isso sanaria aquela dor que se espalhava por seu corpo, mente e alma.

Ele ignorou todas aquelas vozes que mais e mais se tornavam indistinguíveis. Ignorou o calor que se espalhava sob sua pele causando-lhe sensações as quais julgou agradável, mas nada que o fizesse querer mais. E ele estava já tão cansado de tudo aquilo, que por mais confortável e quente que se sentisse, o adolescente já não se via mais naquele mórbido mundo de pessoas fáceis e transparentes, pessoas que amam e abandonam com a mesma facilidade. Pessoas que não se esforçam para enxergar o que está bem diante dos seus olhos, as mesmas pessoas que se esforçam para salvar alguém que já não vê valor na própria miserável existência. Pessoas que não enxergam a dor e a tristeza, a amargura e a culpa, que se escondem por trás de um belo par de olhos azuis.