Os enteados

Cinderela


– Essa louca tá procurando sarna pra se coçar - Saito comentou enquanto olhava de longe sua irmã mais velha conversar com três garotos do terceiro ano, provavelmente os que a convidaram para a tal festa.

- O que foi, Saito ? - Naomi questionou. A menina ficava grudada com Saito o tempo todo, principalmente na hora do intervalo.

- Nada não - Balançou a cabeça em sinal negativo - Eu só pensei alto. Não é nada.

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Ele estava preocupado com Saya, sabia que ela podia quebrar a cara, mas também sabia que não adiantava de nada tentar abrir os olhos dela.

Deveria abrir o jogo com Sakura para que ela não deixasse a garota ir para a tal festa ?

- Saito, o que você tem ? - A loira perguntou assim que o rapazinho, que estava meio estranho desde a primeira aula, escorou a cabeça em seu ombro.

- Minha cabeça tá doendo muito - Resmungou.

Naomi levou a mão até a testa do garoto e se espantou ao perceber que sua temperatura estava muito alta.

- Saito, você tá com febre ! - Falou - Vem comigo - Ela se levantou do banco onde os dois estavam sentados e puxou o garoto pela mão - Vamos lá na coordenação pedir pra ligarem para a sua mãe.

- Madrasta - Corrigiu.

- Tá, vamos pedir pra ligarem para a sua madrasta do cabelo rosa.

Ambos foram juntos até a coordenação, onde ligaram para Sakura ir buscar o enteado, uma vez que o garoto estava ardendo em febre e não tinha condições de ficar na sala de aula.

[...]

- O Saito tá com febre - Sakura falou assim que desligou o celular - Putz, hoje de manhã ele estava tão bem.

- Mais essa agora - Ino comentou enquanto colocava uma colher com açúcar em seu café. Sakura e Ino estavam aproveitando o intervalo entre as consultas para tomarem um café juntas e baterem um papo - Você, definitivamente, ganhou dois filhos de brinde.

- O que eu posso fazer ? - Deu de ombros - Mas, sabe, às vezes eu preferia que os dois fossem pequenos.

De fato seria mais fácil, pois é melhor passar a criar duas crianças pequenas e educá-las do que passar a criar dois adolescentes cheios de manias e costumes.

- Tanto faz - Ino tomou um pouco do seu café - Eu não teria coragem de casar com um homem que já tem filhos justamente por isso.

- Ino, o que o Sasuke viveu com a Karin antes de me conhecer não me interessa.

- É, mas agora você está aguentando o resultado disso, afinal, os filhotinhos de cruz credo estão morando de baixo do mesmo teto que você.

- Eles não têm culpa de nada - Disse a rosada - E eu não vou me separar do Sasuke por causa deles !

- Amiga, não estou mandando você se separar do Sasuke por causa dos bebês de Rosimary - Explicou - Só estou expondo o meu ponto de vista. Euzinha, Ino Yamanaka, jamais me casaria com um homem que já tem filhos.

- Eu não me importo com isso, pois amo o Sasuke.

- Pois é, quis o galo, então queira os pintos - A loira começou a rir - Ah, Sakura, eu nem sei o que faria se estivesse no seu lugar tendo que lidar com esses dois monstrinhos.

- Eu vou conseguir domar eles, você vai ver só - Sakura pegou sua bolsa e se levantou - Agora eu preciso me ausentar por uns minutinhos, tenho um enteado doente pra buscar.

- Amiga, traz o monstrinho pra cá. Qualquer coisa a gente leva ele pra psiquiatria e manda colocar uma camisa de força ou dar um sossega leão pra ele dormir por uns três dias - Brincou, fazendo Sakura rir.

Sakura ainda tinha alguns minutos antes da próxima consulta, dava pra ir tranquilamente até a escola das crianças, buscar o garoto, levar em casa e voltar para o trabalho. Por sorte a escola ficava bem perto do hospital.

Chegando lá, a rosada foi até a coordenação, onde Saito estava deitado no sofá e com a cabeça no colo de Naomi enquanto a loira fazia carinho nos cabelos negros dele.

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A rosada já ficou com uma pulga atrás da orelha. Primeiro ela vê os dois saindo juntinhos da sala de aula e agora os vê na maior intimidade, Saito deitado no colo da Naomi e ela fazendo carinho nele... Aí tem coisa...

- Saito - Sakura chamou e o garoto se sentou assim que a viu - Meu bem, o que você está sentindo ?

- Eu tô quente e minha cabeça tá doendo.

Ela tocou na testa do pequeno Uchiha e percebeu que a febre estava bem alta. Se bem que só de ver o garoto com as bochechas avermelhadas já dava pra perceber que ele estava com febre.

- Ele tá estranho desde a primeira aula, tia - Disse Naomi.

- Saito, você está passando mal desde que horas ? - Indagou a rosada.

- Eu já amanheci com dor de cabeça - Admitiu já com medo de levar uma bronca, pois o garoto sabia que deveria ter contado para Sakura logo de manhã que não estava se sentindo bem.

- Por que você não me disse isso ?

- Porque eu pensei que fosse passar - Ele abaixou a cabeça - Desculpa.

- Tudo bem - Passou a mão pelos cabelos do rapazinho - Pega a sua mochila, vamos embora.

- Não, Sakura ! - Protestou - Eu tenho duas aulas de ciências depois do intervalo e não posso faltar. Tá difícil pra acompanhar o conteúdo.

- Saito, você tá com muita febre, é melhor você melhorar, depois você corre atrás da matéria - Disse Naomi, visivelmente preocupada com o amigo.

- Sua amiga tem razão - Sakura pegou a mochila do garoto e a segurou pelas alças num braço só - Vamos esperar você melhorar pra poder voltar pra escola. Depois você pode pedir ajuda pra Saya, pro seu pai ou pra mim.

- Tá bom - Rendido, Saito concordou em ir embora, mesmo que estivesse com medo de ficar de recuperação.

Naomi acompanhou o garoto até o portão da escola, só voltou para dentro quando ele foi embora com Sakura. Estava óbvio que a amizade dos dois era bem forte.

Saito entrou no carro com a madrasta e ela deu partida para levá-lo em casa.

- Vou ter que voltar pro trabalho - Disse a rosada - Tudo bem se você ficar sozinho com a Guren ?

- Tudo bem - Respondeu após afivelar o cinto de segurança e escorou a cabeça no vidro.

Sakura subiu com Saito até a cobertura para lhe dar um remédio para febre e dor no corpo, o garoto ligaria para a madrasta caso piorasse.

Com o pequeno Uchiha devidamente medicado, Sakura voltou para o hospital mais tranquila. Claro que ela pediu para que Guren verificasse a febre dele, pois Sakura tinha certeza de que, se acontecesse alguma coisa, ele não ligaria como disse que faria, uma vez que estava passando mal na escola e não queria ir embora.

Saito tomou um banho, vestiu um pijama bem confortável e foi assistir um filme na sala; se jogou de bruços no sofá e não demorou para pegar no sono.

[...]

Sakura foi buscar as meninas na escola quando foi liberada para o almoço, Saya já estava pensando em como pediria para ir à festa que já seria no outro dia.

Chegaram no apartamento e almoçaram todos juntos após a rosada verificar a temperatura de Saito, ficando feliz ao ver que estava mais baixa, mas o garoto continuava febril.

- Sakura, preciso conversar com você - A ruiva entrou no quarto do casal assim que sua madrasta entrou para descansar após o almoço.

- Nossa, o que é ? - Questionou preocupada enquanto se sentava na beirada da cama, pois Saya parecia bem séria e não conversaria com Sakura à toa.

- Meus amigos vão numa festa amanhã, eu posso ir também ?

- Saya...

- Por favor - Uniu as mãos - Por favor, eu nunca te pedi nada.

- Vamos fazer o seguinte, liga para o seu pai, se ele deixar eu te levo - Sugeriu.

- Sakura... - Falou com desânimo - O papai não vai deixar.

- Ora, quem tem que deixar é ele - Falou como se fosse óbvio, pois ela não queria criar confusão com seu marido e nem ser responsável por alguma besteira que pudesse vir a acontecer.

- Você é esposa dele, não é ? - Arqueou a sobrancelha - Sakura, você já teve a minha idade e deve saber como os pais são.

- Sim, e é justamente por já ter tido a sua idade que eu sei muito bem o que rola nessas festas - Piscou um olho para Saya, o que a irritou mais ainda - Você só vai se o Sasuke deixar.

- Você já teve a minha idade, sabe o que rola nas festas e está viva até hoje - Bufou - Qual é, o pessoal vai e só eu vou ficar de fora... - O semblante da mocinha ficou triste, ela estava realmente chateada de não poder ia à festa - Agora que eu tô começando a me enturmar com eles...

Sakura tinha quase cem por cento de certeza de que aquilo não passava de um teatro, mas também podia não ser.

A rosada sabia como era mudar de escola e querer se enturmar com as pessoas; talvez ela devesse ajudar sua enteada, uma vez que Sasuke com certeza não a deixaria ir para a tal festa, mas que mal tem ? Saya é adolescente e tem que aproveitar essa fase gostosa, ir numa festa não iria matá-la.

- Você vai ser responsável, nada de gracinha, não vai voltar pra casa com o dia amanhecendo e seu pai não pode saber - Sakura falou seriamente, olhando nos olhos negros da menina - Essas são as condições, se você discordar não tem acordo.

- Obrigada - Empolgada, Saya abraçou a rosada, mas fez uma expressão de confusão quando afastou-se dela - Espera aí, até que horas eu posso ficar na festa ?

- Até meia noite, Cinderela, nada mais

que isso - Decretou - Depois da meia noite a magia cessará, e tudo que era antes voltará; ou seja, para todos os efeitos, você não foi para a festa.

- Que ótimo, fada madrinha - Ironizou cruzando os braços em frente ao corpo - Pelo menos é melhor do que nada.

- E outra, você não vai com nenhuma amiga, eu te levo e te busco.

- Sério que não rola transformar uma abóbora em carruagem ? - Bufou. Sakura não conseguiu conter a risada, de madrasta cruel ela virou fada madrinha.

- Claro, e o pó mágico vai ser o talco que você colocou no meu secador - A voz doce e ao mesmo tempo irônica de Sakura só fez com que Saya se irritasse mais ainda. Não há dúvidas de que a rosada estava com a vantagem nessa guerra, então era melhor concordar com tudo calada ao invés de contestar.

Quase mordendo a língua para não dar uma resposta grosseira, Saya se retirou do quarto e Sakura sorriu vitoriosa assim que a ruiva virou as costas. Pelos menos, até o dia da festa, Saya seria um doce de menina.

- Eu realmente me sinto a gata borralheira depois dessa humilhação - A mocinha murmurava enquanto ia andando a passos firmes para o quarto - Calma, é só até a festa... Só até a festa...

- Falando sozinha, Saya ? - Saito perguntou assim que sua irmã mais velha entrou no quarto. O garoto estava ajudando a pequena Sarada a montar um quebra cabeça.

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- É, às vezes eu sinto a necessidade de conversar com uma pessoa inteligente - Respondeu de forma grosseira e só não bateu a porta com força porque Sakura estava em casa.

- Ué, então por que estava conversando consigo mesma ? - Saito questionou com a cara mais sonsa do mundo e Saya só ficou mais irritada ainda.

- Idiota ! - A ruiva jogou um urso de pelúcia em seu irmão após deitar-se na cama e pegar o celular.

- Saya, não faça isso com o Frederico - Sarada fez beicinho e, profundamente chateada com Saya, abraçou seu ursinho com todas as suas forças - Ele não fez nada pra você...

- E você, Saito, qual foi a desculpa pra fugir da aula ? - Perguntou, ignorando sua irmãzinha que só ficou mais furiosa. Depois dessa, Sarada nunca mais deixaria seu ursinho a mercê de Saya.

- Não foi desculpa - O moreno respondeu enquanto procurava uma peça específica no meio de quase trinta pecinhas daquele quebra cabeça - Eu passei mal e a Sakura precisou ir me buscar. Na verdade eu ainda estou meio febril, mas pelo menos a dor de cabeça passou.

- Nossa, como você é sensível... - Respondeu, sem sequer tirar os olhos da tela do celular.

- O que tem de tão interessante nesse celular ? - Ele ficou curioso após ver a ruiva rir feito uma boba apaixonada.

- Saito, vai chupar prego pra ver se vira parafuso - Respondeu enquanto digitava alguma coisa no seu iPhone - Não é da sua conta.

- Eu heim... - Falou desconfiado - Sei não, parece que está falando com um príncipe encantado ou alguma frescura do tipo.

- A Saya conhece um príncipe encantado ? - Os olhinhos de Sarada brilharam - Ele tem um cavalo branco ?

- Quem me dera se um príncipe encantado me tirasse desse lugar horrível como no filme da Cinderela... - Bloqueou a tela do celular antes de colocá-lo sobre o criado mudo e suspirou enquanto fitava o teto.

- Saya, do jeito que você é delicada, é bem capaz de quebrar o sapatinho na cabeça dele - Saito levou uma travesseirada após dizer isso - Qual é, eu tô doente ! Tenha mais consideração.

- Tanto faz - Deu de ombros - Pelo menos eu vou na festa ! - A ruiva não escondia sua empolgação e Saito balançou a cabeça negativamente, deixando clara sua desaprovação - Vou ficar só até meia noite, mas pelo menos eu vou.

- Quem deixou ? - Saito arqueou uma sobrancelha.

- Minha querida madrasta - Saya respondeu com um sorriso debochado nos lábios.

- Ou você é uma excelente atriz ou a Sakura não está com o juízo perfeito - Falou baixinho para que Sarada não ouvisse, pois ela não entenderia, faria milhões de perguntas e poderia ferrar com tudo como fez quando Saya fez aquela ameaça para Saito. Se bem que a pequenina estava tão concentrada no quebra cabeça que, mesmo se ele tivesse berrado para o mundo inteiro ouvir, ainda assim poderia ser que Sarada nem ouvisse.

- Não me importo, o importante é que eu vou, mas já vou avisando que o papai não pode saber - Alertou a ruiva.

- O que o papai não pode saber ? - Sarada entrou na conversa e Saya gelou.

- Explica pra ela agora - Saito sorriu de canto, o que só deixou sua irmã mais velha ainda mais furiosa.

- Não é nada, Sarada - Pela primeira vez na vida, Saya falava com a pequena Sarada de forma doce. A menina até estranhou - Esquece o que eu disse, tá ?!

- Você tá aprontando - A pequena Uchiha acusou e Saito não conteve o riso.

- Ora essa, nossa irmãzinha é esperta - Disse ele.

- O que você quer pra fechar o bico ? - Saya indagou com raiva.

- Muitos doces - Sarada sorriu vitoriosa - Me dá doces e eu não digo nada pro papai.

- Você nem sabe do que se trata, pirralha !

Saya estava incrivelmente furiosa, sem falar que não se conformava em ter que ceder às chantagens de uma pirralha de cinco anos que mal saiu das fraldas.

- Ouvi você falando de uma tal festa - Ela falou na maior inocência do mundo - É isso ?

- Parece que alguém te passou a perna, Saya - Saito estava amando assistir a discussão de camarote. Saya ser passada pra trás por Sarada, isso realmente não tem preço.

- Eu te dou os malditos doces, Sarada, mas você vai ficar quietinha !

- Fechado ! - Ela estendeu a mãozinha para Saya.

- Fechado.

Com um aperto de mãos, as irmãs fecharam um acordo com Saito como testemunha.