Scandal!

— Prologue One: Baby Baby


"This silence is louder than noises in the world."

1 de Fevereiro de 2014.

A pior parte de ainda dividir apartamento com alguém era que, no fim, Changmin sempre acabava sendo responsável pela limpeza do local. Ok, conhecia Seung há uma vida e já estava até acostumado em conviver com o ex-dançarino (e sua bagunça), mas lavar louças definitivamente não era sua especialidade. Se Yixing estivesse ali, teria dito que ele era uma "péssima mãe e dona de casa", com aquele tom de voz de criança mimada e birrenta que sempre fazia quando o mais velho começava a reclamar de algo. Changmin sentia falta dele. E de todos os outros membros do antigo e extinto SCANDAL!.

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Acordou cedo naquele dia e, no momento, estava organizando a pia para fazer o café da manhã, como fazia todos os dias há dois longos anos. Seu colega de quarto provavelmente acordaria mais tarde do que o costume, visto que era sábado, o que deixava Boo Changmin condenado ao marasmo por cinco horas. Desde que se desligara do mundo do entretenimento, o ex-vocalista criou uma espécie de raiva de finais de semana; descanso o irritava. E ficar sozinho o incomodava ainda mais.

Após o fim do grupo, em 2012, Seung (ou Chaplin, como era conhecido nos palcos) fora o único com quem Changmin (ou Taeyang) havia conseguido manter contato. Yixing foi para o Exército, Joshua e Ramona voltaram para a América do Norte, Minah e Yongguk permaneciam ocupados com suas respectivas carreiras, Areum estava terminando seu mestrado em Física nos cafundós do mundo, Liyuan desaparecera sem aviso no ano anterior, Daniel e Haneul estavam viajando pelo globo, Lydia provavelmente ainda estava ensinando coisas na SM Entertainment e Jonghyun...

Balançou a cabeça, largando o último prato na pia e escorando-se na mesma, pensativo. É óbvio que a culpa não era exatamente sua — a ideia do conceito era de Minji —, mas, desde aquele dia, Boo vivia cercado de questionamentos. E se tivesse dito "não"? E se ninguém tivesse descobrido os segredos de cada um? E se...? "Talvez coisas ruins precisem acontecer para que as boas venham", Haneul havia lhe dito, anos antes. Mas o que de bom havia acontecido em todos esses anos? Tinha perdido contato com todos os seus amigos, perdera seu emprego e quase todo seu dinheiro, com seu irmão de dezesseis anos pagando sua parte no aluguel porque não tinha condições, trabalhava como professor substituto cujo salário mal dava para pagar a conta de luz e ainda por cima dividia o apartamento com seu melhor amigo. E tinha perdido Jonghyun.

22 anos de idade, fracassado.

Resolveu fazer panquecas com mel e maçã naquele dia.

Talvez isso melhorasse um pouco seu humor.

***

— Já faz um tempo que não saímos juntos, hyung. — Seung comentou discretamente, expondo seu característico sorriso de gato para o mais velho. Changmin deu de ombros e continuou bebendo seu cappucinno gelado no caminho para o parque de Namsan, onde costumavam passear com a matilha de Yongguk (tarefa que Changmin odiava e amava; odiava porque tinha medo de cachorros e amava porque era um dos poucos momentos de sossego que tinha com seus colegas). E o que o ex-dançarino havia dito era verdade, infelizmente; Min estava sempre ocupado na Millennium e Boo, preso em alguma "aula chata de química", como o primeiro reclamava nos primeiros anos. Agora, pelo menos, ele havia parado de chamá-lo de "Heisenberg hyung".

— Sim, tem razão. Como vão as coisas na academia? — Perguntou. Ultimamente, ele e seu dongsaeng não tinham muito assunto. Ou envolvia o trabalho de Min na academia de dança ou as contas que precisavam ser pagas. Changmin e Seung se viam prendidos numa interminável rotina. Anos antes, pareciam ser capazes de falar de tudo, até da brisa do vento.

— Boas. Encontrei com Gang ontem. — Se estivessem em um desenho animado, definitivamente os olhos de Boo estariam voando pelas órbitas ao ouvir o apelido de Gangjeon Yongguk escapar dos lábios do mais novo. Do nada, foi como se todo o ar em seu peito houvesse evaporado. — Ele disse que estava bem. Lançou um mini álbum solo ano passado, sabe? E, veja só, está namorando com uma das noonas do Brown Eyed Girls.

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— Ele ainda tem contato com alguém?

— Não. Pensei que ainda estava tentando algo com a Minah, mas aí ele me disse que ela vai se casar com o Soohyuk. Ok, ok, ela gosta dele e tal, mas eu prefiro o Gang; ele é mais simpático, sei lá.

— Também prefiro o Gang. — Murmurou casualmente ao tomar um gole de seu gelado, sem interromper o discurso do mais novo.

— Eu também pesquisei um pouco sobre os outros, mas não encontrei muita coisa. Nam está em Paris e parece que a Ramona e o Joshua continuam juntos.

— Todo mundo está incomunicável esses tempos.

— Parece que somos o único casal de velhos apaixonados que se manteve firme e forte todos esses anos, Minnie~ — Seung enrolou a língua, apenas para receber um revirar de olhos de seu hyung, o que arrancou-lhe uma risada gostosa. Não demorou muito para chegarem ao bristô que Seung trabalhava aos finais de semana e, após despedir-se do mais novo (com aquele tipo abraço apertado e aquela encenação dramática de "não se esqueça de mim"), Changmin seguiu seu caminho até chegar na estação de metrô. Provavelmente passaria o dia no mercado, visto que a comida estava acabando.

Comprou sua passagem, mas perdeu o primeiro trem e se viu obrigado a pacientemente aguardar a chegada do próximo, indo até as cadeiras do local. Porém, acabou parando na metade do caminho ao ver uma pequena criança aparentando estar perdida, e rapidamente se aproximou para oferecer auxílio. Não era perfeito, mas não conseguia resistir ao ímpeto de ajudar alguém — talvez houvesse "herdado" isso de Haneul, após tantos anos de convivência.

— Olá! Você está perdido? — O menininho se virou de supetão, assustado ao ouvir o mais velho. Changmin sorriu para exalar segurança, o que acabou funcionado após ver a estrutura da criança relaxar.

— Sim... Me perdi da minha irmã. — Respondeu, tímido e desconfiado.

— Qual o seu nome? Vou chamar aquele segurança ali e vamos achar a sua irmã, ok? Não se preocupe. — Talvez perdesse o trem procurando pela irmã do menininho, mas pelo menos não o deixaria sozinho e indefeso num lugar tão cheio de gente. Ha! Novamente, estava pensando e agindo como Park Haneul.

— Han Dongwan. Minha irmã se chama Han Liyuan.

Foi então que, para Boo Changmin, o mundo desabou.