Oh, minha musa.

Roxo como a roupa.

Uma pincelada, duas, três. Enquanto lhe via com Shikamaru encostada na árvore que divide janela comigo, pintava suas curvas, minha musa. A paisagem, já usada em minha obra Amigos*, era mais perfeita ainda com sua gargalhada e sua mania de ajeitar os fios louros que te emolduravam a face.

Amarelo como o cabelo.

Minha musa, você definitivamente devia parar de discutir com a feia da Sakura. Seus cabelos presos e esvoaçantes jamais deveriam ser comparados com qualquer outra coisa. A mão que antes lhe retratava agora quer tocar suas mechas, como posso matar essa vontade?

Rosa como os lábios.

Tão finos, tão tentadores. Deixei que minha imaginação criasse linhas que remontassem meu desejo mais carnal com eles, na vã esperança de um dia poder aniquilar a sede que me dominava. Ah, musa, por quê?

Lilás como os olhos.

Orbes tão nobres, tão cristalinas. Acreditar em um mundo melhor quando seu brilho me era dirigido parecia certo, possível. Um mundo com você por perto, abençoando cada um de meus quadros.

(...)

Branco como o sorriso.

Sorriso este que recebi quando humildemente levei a obra completa para sua floricultura. Vi com prazer os músculos de sua barriga contraírem com a surpresa – um sorriso seria suficiente para compensar todas essas sensações, minha musa? Pela sua expressão, a resposta seria um grandioso não. Então só havia uma única saída.

Vermelho como o beijo.