Moments

XVII


— Eu não consigo parar de pensar nela, Nico. – Percy passou a mão pelo cabelo bagunçado. Estavam no S&C e Nico não acreditava que o café ficava cheio mesmo àquela hora. Talvez por ser o único por perto, mas isso ainda não justificava quase não ter mesa vazia cinco horas da manhã. – Eu sei que eu deveria ter seguido em frente, mas eu não consigo.

— Só faz um ano e meio, Percy. – Nico falava enquanto corrigia os erros do roteiro final no papel. – Além disso, você não está se ajudando. Annabeth é, provavelmente, a única pessoa depois de Rachel que te aturaria e você a dispensou!

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Você poderia parar de trabalhar para me ouvir por alguns minutos? – Suspirou, apoiando sua cabeça em uma das mãos. – Não é atraente um cara que só trabalha. Ou que não dorme. Você está parecendo um panda!

— Pelo menos pandas são fofinhos. – Resmungou, ignorando o pedido do primo. Além de o musical estar muito perto, Nico tinha aprendido há muito que, quanto mais focasse atenção à história de Rachel e Percy, mais deprimido o outro ficava.

— Não foi isso que eu quis dizer! – Percy tinha uma voz manhosa e um biquinho e o italiano soube que ele estava melhor. – É estranho não é? Todos nós de novo aqui, onde tudo começou.

— Não estamos todos aqui. – Nico finalmente desviou os olhos do papel. – Mas é meio estranho mesmo! Naquela época não era assim que eu me imaginava no futuro.

— Você se imaginava casado com Thalia? – Foi só uma provocação, mas o moreno riu quando o primo murmurou um “tipo isso”. – Éramos tão novos, tanta coisa aconteceu desde então! – riu ao olhar para o outro. – Não faça essa cara!

— Não fale coisas assim, então! – Retrucou. – Você é o que? Um idoso jogando poker num asilo?

— Eu sou um idoso legal, pelo menos! – Percy fez outro bico. – Você é um daqueles rabugentos!

E Nico resmungou algo sobre não ser ele quem estava divagando sobre o passado e voltou sua atenção para as folhas, enquanto o primo só sabia rir.

~^~

Travis sentiu um calor gostoso no peito quando chegou em casa e encontrou Megan e Connor jogando vídeo game na sala. Os dois gritavam um com o outro, mas riam muito também, e se empurravam como duas crianças fariam. E talvez eles fossem duas crianças. Quando mesmo que ele tinha parado de ser daquele jeito?

— Hey Trav! – Connor gritou sem olhar para trás, mas sabendo que era o irmão mais velho. – Venha jogar com a gente!

O mais velho andou até eles e assistiu rindo enquanto a partida acabava. Megan o entregou um controle e foi mais para o lado, para que ele pudesse sentar também. Uma nova partida começou e logo ele se juntou a eles na gritaria e gargalhadas.

— Você anda sumido Trav! – Megan comentou sem tirar os olhos da tela. – Quase não te vi desde que voltei!

— Eu tenho estado ocupado com o trabalho e as coisas do casamento! – Explicou suspirando. – Katie está eufórica e fica me fazendo decidir entre creme e bege como se tivessem diferença!

Os outros dois riram. Travis soltou um xingamento para Connor logo depois, por causa do jogo.

— Nós poderíamos sair qualquer dia desses! – O mais novo sugeriu. – Tenho certeza de que você não seria despedido se faltasse um dia no trabalho Trav!

— E a Katie pode escolher entre Creme e Bege sozinha por um dia! – Megan completou. – Vamos hoje!

— Certo. – Travis sorriu. – Mas antes eu vou ganhar de vocês nesse jogo!

— Até parece! – Connor riu, sendo acompanhado pelos outros dois.

~^~

Leo sorriu ao ouvir a voz do amigo. É claro que tinham conversado por ligação antes, afinal, já tinha quase dois meses desde a partida do italiano, mas era bom mesmo assim, fazia parecer que nada ia mudar, embora o latino soubesse que ia mudar sim. Por mais que fossem bons amigos, ele tinha certeza que a ligação de Nico com os antigos era mais forte.

E, bem, sem Nico ele não tinha nenhum amigo. É claro, ele tinha Reyna e Phoebe, mas não era a mesma coisa. Reyna era sua namorada, não sua amiga, tinha certa diferença entre os dois. E Phoebe... bem, ele tinha algumas limitações de conversas com ela.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

E, pelo o que elas lhe falaram do pouco tempo que ficaram em Nova Iorque, ele estava mais do que certo. Nico já tinha reencontrado seus amigos, seu primeiro amor, sua antiga vida. Logo, sua vida na Inglaterra seria apenas uma lembrança.

Como você está?— O italiano perguntou. – Eu não pude conversar direito com você desde o acidente, tudo o que sei é que não morreu, estou procupado!

— Ah, um pouco dolorido, sabe como é né? Bater em um caminhão não faz muito bem para as costelas! – Riu junto com o amigo. – Mas eu estou bem. E como você ‘tá?

Ah, se lembra de que eu encontrei a garota que eu gostava?— Perguntou e Leo murmurou que sim. – Nós meio que nos beijamos.

— Pelo seu tom não foi uma coisa boa. – Leo colocou o telefone no viva voz e o apoiou na cama. – Ela não tinha um namorado?

Esse é o problema.— Suspirou. – Ela me disse que nada mudou, que foi só levada pelo momento sabe?

— E você? – Perguntou. Os dois pareciam duas garotinhas fazendo fofoca, mas ele não se importava.

Eu não sei.— Nico suspirou de novo. – Mas, pelo menos, daqui a dois dias eu estou ai!

— Sim, mal posso esperar! – Abriu um sorriso. – Mesmo porque, preciso que você me ajude a segurar a fera que minha namorada é! Ainda não sei se ela quer me matar por ter sofrido um acidente e me recusar a descansar, ou se ela está feliz por eu não ter morrido!

Não se preocupe, eu vou te ajudar!— Os dois riram. – Ah, eu vou levar uma amiga comigo, e Bianca vai levar um amigo.

— Algo me diz que sua amiga é tanto quanto o garoto é amigo de Bianca! – Riu, levando o outro consigo. – Tudo bem, contanto que eles sejam legais!

Eles são.— Ficaram em silêncio por alguns segundos. – Estou com saudades, cara! Só... tem tanta coisa acontecendo, eu queria que você estivesse aqui me ajudando a passar por isso.

— Eu estou aqui, mas ainda posso te ajudar, se isso te faz sentir melhor! – Abriu um sorriso doloroso. – Só... não me esqueça tá? Quero dizer, você tem todos esses amigos aí...

Leo, eu não te trocaria por ninguém!— Cortou o outro. – Eu não me importo com quantos amigos eu tive aqui, ou em qualquer lugar, você é insubstituível!

— Estou começando a me apaixonar, Nico! – Os dois riram de novo. – Estou brincando, se Reyna me ouve dizer isso estou morto!

Eu preciso ir agora.— Parou de rir um pouco. – Nos vemos daqui a dois dias!

— Até! – Desligou o telefone.

~^~

Deixou que sua bagagem de mão caísse no chão e levantou os braços, se espreguiçando. Realmente, talvez não tivesse sido uma boa ideia jogar aquele amistoso antes de uma viagem assim, seu corpo estava todo dolorido e ele sentia que precisava dormir por uma semana.

Voltou a andar, atraindo muitos olhares para si. É claro que seu agasalho da UCLA o fazia parecer exibido e indicava que ele não era dali, mas o que ele poderia fazer se não deu tempo de se trocar antes de correr da universidade até o aeroporto? O amistoso demorou mais tempo do que o esperado. Pelo menos eles tinham vencido.

Entrou no táxi, entregando o endereço do hotel. Avisaria que chegou só no dia seguinte, no momento precisava de um bom banho e uma cama quentinha.