Droga. Eu não estou no grupo de laboratório Gabriel.

É complicado para mim. Sou excluído às vezes por não fazer parte dessa idiotice de “Srs”. Acabei num grupo médio. Tem o Tumbert, que é meio safado mas gosta de esportes, a Saori, minha melhor amiga, o Luni, igual ao Tumbert só que um pouco menos safado. Ah, e a Luana.

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Não gosto da Luana. Ela é um pouco bonita, admito, mas ela é chata demais. Não sei de onde o Henrique e o Gabriel inventaram que eu gosto dela.

Na verdade, acham que eu gosto de quase todo mundo. Varia entre a Lia, a Luana, a Saori (tipo, ela nem pode ser considerada do sexo feminino), depende do humor geral da classe.

Nem tive muito tempo para ficar chateado com o negócio dos grupos do laboratório. O sinal bateu e o barulho se transferiu para a quadra. Tirei meu jaleco rapidamente e corri para jogar.

Outra coisa que me exclui dos Srs é minha habilidade nos esportes. Não sei direito a razão, mas eles odeiam esportes e fazem de tudo para não jogar. Observei o grupo entrar lentamente, tirando os jalecos calmamente.

— Sério? Vamos ser obrigados a jogar queimada nesse calor de 27 graus? — Lia reclamou.

— Meio irônico, não? — Gabriel disse, e me viu. Acenou discretamente e sorriu.

— Ei, vão escolher os times. — Henrique falou.

O nosso professor de Educação Física sempre deixa os melhores escolherem os times. Felizmente, eu sou um dos melhores. Escolhi Gabriel. Não que ele seja um dos melhores, muito pelo contrário, mas gosto dele perto de mim.

Também escolhi Lia. Quer dizer, ela sobrou, mas ela é minha amiga de qualquer jeito.

O jogo começou. Minha sala é meio selvagem na Educação Física. A quadra vira uma selva: os leões versus as gazelas.

Felizmente para mim, eu sou um leão. Infelizmente para o Gabriel, ele é uma gazela.

Em minutos, metade da sala havia sido queimada. Meu time estava perdendo. Quando percebi, apenas eu e Gabriel, impressionantemente, sobramos.

De repente, uma bola na velocidade da luz, fatal, voou na direção do Gabriel.

Como eu disse, ele é uma gazela. Ia morrer ali.

Não sei bem como aconteceu, mas de repente eu estava na sua frente, recebendo aquela bola, que fez um baque seco.

Também não lembro muito bem o que houve, mas eu estava deitado no chão, com todos ao meu redor. Gabriel estava me encarando, preocupado. Quase deixei uma lágrima escapar, mas Saori estava gritando “Levanta logo, vadia!”, me fitando com seus olhos puxados. Ela me xinga muito, mas nem liguei.

Me forcei a me sentar.

— Ei, está vivo? — Lia perguntou.

— Não, acabei de virar um zumbi.

Ela riu, e vi no canto do olho Gabriel sorrir. Não sei porquê, mas ele nunca ri. Apenas sorri.

Eu não sei muitas coisas sobre ele. Mesmo assim, tomei essa bolada no peito por ele.

Esfreguei os olhos sob os óculos e levantei.

Lia já estava sussurrando e rindo com Stephanie, apontando para mim. Provavelmente me shippando com o Gabriel. Não liguei. Ele é meu melhor amigo. O que elas esperavam? Além do mais, eu não sou gay. Já gostei de algumas meninas.

O Gabriel é....apenas meu....amigo.